John. Elton John. Para alguns, o baixinho que outrora se vestia de forma espampanante e tinha inúmeros pares de óculos aberrantes para, incarnando o kistch da década de 1980, interpretar baladas pop como 'Nikita'. Para outros, a extrovertida celebridade que quebrou barreiras para a aceitação da homossexualidade, um socialite que já foi visto na companhia de tudo o que é gente desde a Princesa Diana a David Beckham e que de vez em quando vai cantando uns êxito como a banda sonora de 'Rei Leão' ou 'Candle in the Wind'. Para outros ainda, um dos maiores génios da música moderna, cuja genialidade é de certa forma abafada pela sua prolifera produtividade (lançou um CD por ano durante quase trinta anos), e portanto encheu a sua carreira de êxitos (é o quinto músico com mais discos vendidos de sempre) mas também muitos fillers, ou pelo menos a sua versão de fillers.
Talvez o traço maior do seu génio é que facilmente Elton John é todas estas coisas em conjunto. Para mim o Elton John dos anos 1980 vale por alguns álbuns geniais, e o dos anos 1990 apenas por algumas músicas geniais. De 2000 em diante, John principalmente produziu em piloto automático, mantendo o seu standard de qualidade, é certo, mas não inovando nem transcendendo em absolutamente nada a sua música. Portanto para mim o maior Elton John de todos, o Elton John que é esse tal génio da música, é o do início dos anos 1970; esse Elton John que fez a ponte entre o folk e o pop rock e tomou o mundo da música de assalto com obra prima atrás de obra prima como 'Tumbleweed Connection' (1970, o meu álbum preferido dele), 'Madman Across the Water' (1971) ou 'Goodbye Yellow Brick Road' (1973). É esse o Elton John que eu sempre vou apreciar e recordar.
Ao contrário de muitos músicos, John nunca esteve muito interessado na sétima arte. Inúmeros filmes usaram a sua música, obviamente, e também vai aparecendo como ele próprio em cameos num ou noutro filme, mas contributos artísticos originais para bandas sonoras há poucos, divididos entre canções e uma única partitura instrumental (um dos seus 'segredos' mais bem guardados). Mesmo assim, a paixão cinematográfica está presente no seu trabalho, como se nota principalmente no seu álbum mais famoso 'Goodbye Yellow Brick Road' (1973). Fica aqui a minha lista comentada do namoro artístico mais ou menos directo de Elton John com o cinema, em doze momentos entre 1971 e 2011.
Talvez o traço maior do seu génio é que facilmente Elton John é todas estas coisas em conjunto. Para mim o Elton John dos anos 1980 vale por alguns álbuns geniais, e o dos anos 1990 apenas por algumas músicas geniais. De 2000 em diante, John principalmente produziu em piloto automático, mantendo o seu standard de qualidade, é certo, mas não inovando nem transcendendo em absolutamente nada a sua música. Portanto para mim o maior Elton John de todos, o Elton John que é esse tal génio da música, é o do início dos anos 1970; esse Elton John que fez a ponte entre o folk e o pop rock e tomou o mundo da música de assalto com obra prima atrás de obra prima como 'Tumbleweed Connection' (1970, o meu álbum preferido dele), 'Madman Across the Water' (1971) ou 'Goodbye Yellow Brick Road' (1973). É esse o Elton John que eu sempre vou apreciar e recordar.
Ao contrário de muitos músicos, John nunca esteve muito interessado na sétima arte. Inúmeros filmes usaram a sua música, obviamente, e também vai aparecendo como ele próprio em cameos num ou noutro filme, mas contributos artísticos originais para bandas sonoras há poucos, divididos entre canções e uma única partitura instrumental (um dos seus 'segredos' mais bem guardados). Mesmo assim, a paixão cinematográfica está presente no seu trabalho, como se nota principalmente no seu álbum mais famoso 'Goodbye Yellow Brick Road' (1973). Fica aqui a minha lista comentada do namoro artístico mais ou menos directo de Elton John com o cinema, em doze momentos entre 1971 e 2011.
1971 - Banda Sonora do filme 'Friends' (1971)
Música e Interpretação: Elton John | Letras: Bernie Taupin
Depois de três álbuns em apenas dois anos, o quarto da carreira de Elton John foi a banda sonora deste esquecido filme de Lewis Gilbert (o realizador de três filmes de James Bond) que eu nunca vi. Mas se o filme foi um notório fiasco de bilheteira, fica a banda sonora - essa sim que já ouvi mais do que uma vez - num estilo entre o folk e o pop rock que tão bem caracterizava o início da carreira de John. Coincidindo com a sua chegada ao mercado americano, esta banda sonora foi o seu terceiro disco de ouro noutros tantos meses, e valeu-lhe uma nomeação para um Grammy. Fica o tema de Michelle, a personagem de Anicée Alvina.
1973 - Álbum 'Goodbye Yellow Brick Road'
Música e Interpretação: Elton John | Letras: Bernie Taupin
A mais aclamada obra da carreira de Elton John tem inúmeras referências à sétima arte, a começar pelas metáforas presentes no tema principal e em 'I've Seen That Movie Too', e continuando com homenagens mais directas. Nomeadamente, a sentida despedida a Marilyn Monroe em 'Candle in the Wind' (que ao contrário do que ainda hoje se diz não foi escrita aquando da sua morte - ela morreu uma década antes!), e a carta de amor a Roy Rodgers, o mítico cowboy de filmes de série B das décadas de 1930 e 1940, e cuja série televisiva dos anos 1950 terá sido vista e adorada pelos pequenos Elton e Bernie. Ficam ambas as músicas.
1975 - Actor e músico no filme 'Tommy'
Música e Letra: Pete Townshend | Interpretação: Elton John
O mítico musical de culto 'Tommy' dos The Who, transformado em filme em 1975, constitui a única aparição até hoje de Elton John como actor num filme, isto é, sem ser a interpretar-se a si próprio num cameo (diz-se que terá um papel no próximo 'Kingsman: The Golden Circle', 2017). Num filme em que também entram Eric Clapton ou Tina Turner, para além dos membros dos The Who, John faz da personagem de The Pinball Wizard, que basicamente entra para cantar a canção com esse nome, enquanto batalha com Tommy (Roger Daltrey) num torneio de Pinball, ou melhor, na visão do realizador Ken Russell de um torneio de Pinball...
Música e Letra: Pete Townshend | Interpretação: Elton John
O mítico musical de culto 'Tommy' dos The Who, transformado em filme em 1975, constitui a única aparição até hoje de Elton John como actor num filme, isto é, sem ser a interpretar-se a si próprio num cameo (diz-se que terá um papel no próximo 'Kingsman: The Golden Circle', 2017). Num filme em que também entram Eric Clapton ou Tina Turner, para além dos membros dos The Who, John faz da personagem de The Pinball Wizard, que basicamente entra para cantar a canção com esse nome, enquanto batalha com Tommy (Roger Daltrey) num torneio de Pinball, ou melhor, na visão do realizador Ken Russell de um torneio de Pinball...
1988 - Canção "Goodbye Marlon Brando"
Música e Interpretação: Elton John | Letra: Bernie Taupin
No seu álbum de 1988, 'Reg Strikes Back', John e Taupin fazem uma referência directa a um dos grandes da sétima arte, Marlon Brando. Não é um 'Goodbye' como a Norma Jean ou à Princesa Diana porque Brando só morreria mais de uma década depois, mas é um adeus a inúmeras coisas, personalidades e idiossincrasias da cultura e da sociedade contemporânea, numa tentativa de regresso à pureza, à solidão, ao ventre da mãe. De Marlon Brando aos peitos de Dolly Parton, destaque para a frase em que John diz "goodbye to Rocky Five, Six, Seven and Eight". Bem, não seria bem assim, pois não, Elton?
1990 - Canção "The Measure of a Man" do filme 'Rocky V'
Música e Letra: Alan Menken | Interpretação: Elton John
Apesar de ter dito adeus ao 'Rocky V' na sua canção 'Goodbye Marlon Brando', a verdade é que John acabaria por fazer parte precisamente da história deste filme e desta saga. Numa manobra raríssima, John canta uma canção que não escreveu. Esse trabalho ficou a cargo do génio de Alan Menken, que nestes anos vivia o pico da sua criatividade, que o levaria a vencer 8 Óscares entre 1989 e 1995 pelos seus trabalhos para a Disney. E esta canção espelha bem a genialidade desse período. Aparecendo no genérico final, é um tributo vibrante e sentido ao legado de Rocky, e um final condigno para o que parecia ser o último filme da saga. Mas curiosamente, está quase sempre ausente das colectâneas de músicas da saga. Porque será?!
1990 - Canção "You Gotta Love Someone" do filme 'Days of Thunder'
Música e Interpretação: Elton John | Letra: Bernie Taupin
'You Gotta Love Someone', uma típica balada pop ao estilo de John, exactamente igual a muitas outras que produziu, é uma das músicas originais de um CD de 'Best Of' que lançou no início da década de 1990. Concomitantemente, a música foi parar à banda sonora de 'Days of Thunder' de Tony Scott, numa época em que as bandas sonoras dos blockbusters viviam de juntar temas de cantores famosos que só se ouviam ao de leve, ou nem sequer se ouviam de todo, nos respectivos filmes. Esta associação de John a 'Days of Thunder' é mais um casamento de conveniência do que outra coisa, pelo que só nos resta ouvir a música e desfrutar.
1994 - Banda sonora do filme 'The Lion King'
Música e Interpretação: Elton John | Letra: Tim Rice
É curioso notar a associação anterior de Elton John a Alan Menken quando nos apercebemos que poucos anos depois, perante a indisponibilidade de Menken (estava a trabalhar em 'Pocahontas') a Disney tenha escolhido precisamente John para compor as músicas de 'The Lion King'. Coincidência? Pela primeira e única vez na sua carreira, Elton John foi nomeado para os Óscares, e logo a triplicar; pelo expansivo e excitante 'Circle of Live', pela divertidamente viciante 'Hakuna Matata' e pela balada 'Can You Feel the Love Tonight', que lhe valeu o galardão. Deitando a casa abaixo com a sua pura simplicidade, delicadeza e alegre esperança, este single foi um massivo sucesso e é ainda hoje uma das suas músicas mais populares.
1999 - Musical 'Aida'
Música e Interpretação: Elton John | Letra: Tim Rice
Tecnicamente não deveria ter incluído 'Aida' nesta lista, pois é a banda sonora não de um filme, mas de um espectáculo da Broadway, composto por John e Rice. O espectáculo foi um sucesso, com quase duas mil interpretações e tendo vencendo quatro Tonys, incluindo Melhor Banda Sonora. Foram lançados dois CDs, um do 'original cast recording' e outro em que, muito inteligentemente, John se une a vários nomes da música (Shania Twain, Spice Girls, Sting, Tina Turner) para cantar cada uma das músicas do espectáculo. O single desse segundo CD, 'Written in the Stars', uma balada em dueto com LeAnn Rimes, foi um sucesso e distingue-se por ser o último single de Elton John, até hoje, a estar no Top 40 da tabela da Billboard. Com tanto filme adaptado de musicais que se fez nos anos 2000, falta mesmo uma versão de 'Aida'. Ainda por cima o espectáculo foi produzido pela Disney. Provavelmente, ainda vai acontecer.
1999 - Banda sonora do filme 'The Muse'
Música e Interpretação: Elton John | Letra: Bernie Taupin
A banda sonora do filme 'The Muse', realizado por Albert Brooks, é um trabalho totalmente invulgar na carreira de Elton John. Já havia composto a banda sonora para dois filmes, 'Friends' e 'Lion King', mas ambas eram maioritariamente constituídas por canções. Para 'The Muse' John compõe toda uma partitura instrumental - a sua única até hoje - com excepção do single, composto obviamente com letra de Bernie Taupin. Nem música nem banda sonora orquestral, num estilo vitoriano que me fez lembrar as partituras para filmes de época de Patrick Doyle, ficaram muito para a posteridade. Mas valeu o esforço, reflectido num CD interessante de ouvir.
2000 - Banda sonora do filme 'The Road to El Dorado'
Música e Interpretação: Elton John | Letra: Tim Rice
'The Road to El Dorado' ficou para a história pelas piores razões. É ainda até hoje o único filme da Dreamworks que não deu lucro e foi decisivo, nas vésperas de 'Shrek' (2001) - um gigantesco sucesso de bilheteira - para determinar o encerramento do departamento de animação 'tradicional' do estúdio. Contudo, nunca o achei propriamente um mau filme, e para isso muito contribui também a sua fabulosa banda sonora. A Dreamworks não teve pudor em copiar a Disney e contratar precisamente a mesma tripla que havia transformado 'The Lion King' num fenómeno: Hans Zimmer para a banda sonora instrumental e Elton John e Tim Rice para as canções. Um Elton John animado apareceria no videoclip da balada 'Someday Out of the Blue', mas esta está longe de ser a melhor música. 'The Trail We Blaze' é engraçada e dinâmica, 'Friends Never Say Goodbye' lírica mas 'Without Question' é uma verdadeira obra prima em toda a sua simplicidade.
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2006 - Musical 'Billy Elliot'
Música: Elton John | Letra: Lee Hall
Sete anos depois de 'Aida', John voltou aos palcos do teatro musical. O filme 'Billy Elliot' (2000) havia sido um inesperado sucesso crítico e comercial e pouco depois o seu argumentista, Lee Hall, decidiu que era tempo de transformar a obra numa peça musical, escrevendo ele as letras e oferecendo o lugar de compositor, nada mais nada menos que a Elton John. Não é todos os dias que se tem essa sorte. E sem surpresas, o musical tornou-se mais um massivo sucesso crítico e comercial, arrecadando dez Tony. Vi o filme mas nunca ouvi o musical. Por isso coloco aqui a primeira música que me apareceu no youtube quando pesquisei 'Billy Elliot - The Musical'!
2011 - Banda sonora do filme 'Gnomeo & Juliet' (2011)
Música e Interpretação: Elton John | Letra: Bernie Taupin
Obviamente, muitos filmes ao longo da história usaram as músicas de Elton John. É difícil haver um filme de astronautas sem 'Rocket Man', inúmeros romances usaram 'Your Song' (incluindo a famosa versão de Ewan McGregor em 'Moulin Rouge!', 2001) e assim por diante. Mas para o filme de animação 'Gnomeo & Juliet', os próprios Elton e Bernie coordenaram o uso das músicas, gravando novas versões de clássicos como 'Crocodile Rock' (que teve direito a dueto com Nelly Furtado), 'Tiny Dancer' ou o seminal 'Rocket Man'. Como não podia deixar de ser, também compuseram uma música original (nomeada para um Globo de Ouro de Melhor Canção); o simpático 'Hello Hello', em dueto com Lady Gaga.
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