Realizador: Mel Brooks
Actores principais: Leslie Nielsen, Mel Brooks, Peter MacNicol
Duração: 88 min
Crítica: Extraída de uma crónica sobre a carreira de Mel Brooks que pode ser consultada aqui.
Por fim, quase 30 anos depois do seu primeiro filme, surge o último de Brooks. ‘Dracula: Dead and Loving it’ é provavelmente o pior filme de Brooks, e não passa de uma comédia um pouco acima do banal dos anos 1990. Isto comprova-se facilmente dizendo simplesmente que o actor principal é Leslie Nielsen, e este filme pouco se afasta do tom que o actor deu aos seus filmes ao longo de toda a década. Tal como em Robin Hood, Brooks tem duas inspirações principais, uma moderna, o filme de Coppola que acabara de ser feito três anos antes, e uma antiga, o original ‘Dracula’ da Universal de 1931, que por sua vez são muito influenciados por ‘Nosferatu’ (1922). Aqui seria uma tarefa impossível para Brooks ir pegar em elementos da obra-prima do cinema mudo, já que o seu tom gótico e de terror não se adequa a comédia, portanto em vez disso mantém-se sempre em terreno seguro e conhecido. A história da lenda de Dracula (cujo cliches são tão familiares do público em geral) é reproduzida fielmente, com os lugares comuns apenas esticados até ao ponto do ridículo.
Após enlouquecer o agente imobiliário Renfield (Peter MacNicol) e comprar a Cairfax Abbey, o Dracula de Leslie Nielsen viaja para Londres, onde entra na vida de Jonathan Harker (Steven Weber), Mina (de novo Amy Yasbeck) e Lucy (Lysette Anthony). Depois de transformar Lucy em vampira vai atrás de Mina, e é ai que Van Helsing (quem mais, Mel Brooks) é chamado em cena para matar o vampiro.
O filme vai tendo piada mas é sempre algo xôxo. A verdade é que o público sabe já quase todas as piadas que há a fazer com vampiros e os conceitos foram sendo tão estereotipados ao longo dos últimos 80 anos que é difícil olhar para eles de um refrescante ponto de vista cómico. Mesmo assim Brooks ainda consegue espremer sequências interessantes, como o apunhalar de Lucy (litros e litros… e litros de sangue), a aula de anatomia que introduz a personagem de Van Helsing, ou a dança de Dracula com Mina, na qual ele não está reflectido no espelho. Mas o filme tem diálogos tão maus como ‘He’s Nosferatu!’ que tem como resposta a pergunta incrédula ‘He’s Italian?!’…
A verdade é que um filme com Nielson nunca poderia ser inteligente. Poderá ter piada. Mas nunca será profundo. Para o material apresentado, Nielson é a escolha perfeita para Dracula, mas isso não poderá dizer muito sobre o material apresentado. Talvez Brooks estivesse a perder qualidades. Ou talvez não tivesse escolha. O padrão das comédias desceu tão baixo nos anos 1990, que talvez Brooks apenas estivesse a seguir a corrente. Na verdade, nos anos 1990, o público procurava comédias destas. Mas, por muito que Brooks ainda conseguisse introduzir as suas peculiaridades especiais, a sua magia já não está em ‘Dracula’. Felizmente, há uma série de filmes anteriores que tornam o seu nome imortal nos anais da comédia. E ainda bem que assim é.
0 comentários:
Enviar um comentário
Porque todos somos cinema, está na altura de dizer o que vos vai na gana (mas com jeitinho).