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The Wild Geese

Ano: 1978

Realizador: Andrew V. McLaglen

Actores principais: Richard Burton, Roger Moore, Richard Harris

Duração: 134 min

Crítica: ‘The Wild Geese’ é um filme de guerra de um tipo muito peculiar, que só existiu nos anos 1960 e 1970. Será talvez um dos últimos, senão o último do seu género. Uma missão praticamente suicida, um grupo selecto de homens, interpretados por um ensemble cast masculino, e acção animada, explosiva, e sem excessiva violência. ‘The Wild Geese’ tenta ser ‘Guns from Navarone’, ‘Dirty Dozen’, ‘Kelly’s Heroes’ ou ‘Where Eagles Dare’, todos eles expoentes do género nos anos 1960. Feito em 1978, parece já um bocado desgarrado desta natureza cinematográfica, mas mesmo assim consegue ainda funcionar bem (para o género), e é um nostálgico olhar sobre uma forma de fazer cinema que morreu com o blockbuster de acção dos anos 1980.

Richard Burton retorna ao seu eu de ‘Where Eagles Dare’ (1968), interpretando mais um militar ao qual é dada mais uma missão suicida. Burton está já muito velho para ser credível no papel de um militar (vê-se as cenas em que ele corre pelo mato – é um milagre as balas não o apanharem), mas o que peca em destreza corporal, compensa em destreza verbal. O seu modo incisivo de falar está acutilante como nunca e é uma presença dominadora em todas as cenas.

Ao contrário de todos os filmes acima citados, a acção já não é a Segunda Guerra Mundial. Aqui o cenário é África. O objectivo é libertar um governante africano emprisionado. O governo inglês espera assim derrubar o actual ditador e fazer contratos de exploração das minas de cobre com o novo governo. Burton entra em cena por motivos absolutamente mercenários, e recruta Roger Moore (violento e viril como nunca foi como Bond) e Richard Harris (que luta pela causa e não pelo dinheiro). Juntos treinam um pequeno grupo militar (as clássicas cenas de treino, incluindo o sargento berrão), e pouco depois já estão a saltar de pára-quedas no meio de África.

As semelhanças com ‘Where Eagles Dare’ não se limitam a Burton e ao salto de pára-quedas. Em ambos os filmes, ao fim da primeira hora, a missão está completa. Em ambos os filmes, algo corre mal no regresso, o que leva ao verdadeiro objectivo da história; não a missão, mas como improvisar e sobreviver em climas hostis. Burton, Moore e Harris, e os restantes homens, presos na savana Africana, traídos e perseguidos, têm de conseguir salvar o ditador, salvar-se a si próprios e regressar a casa. E é aí que verdadeiramente a acção começa…

O realizador (mais conhecido por westerns) Andrew V. McLaglen gosta de nos mostrar que filmou realmente em África, e os seus zooms e pans revelam-nos os cuidadosos estratagemas militares ensaiados na savana. Para os parâmetros de hoje, a acção é ‘levezinha’ mas termina com o mesmo sabor amargo de ‘Dirty Dozen’ (1967) ou ‘Great Escape’ (1963). A história é direita como uma recta, e tem poucas ramificações. Estas procuram ser dadas na primeira meia hora, na construção de cada uma das três personagens principais, numa tentativa desesperada (por vezes conseguida) de lhes dar uma vertente humana. A insistência na relação entre Harris com o seu filho é um prenúncio pouco disfarçado do que vai acabar por acontecer… Por outro lado durante toda a sequência ‘da missão’ a vertente humana é dada através da relação do governante negro salvo e do militar Boer, membro da missão de salvamento, encarregado de o proteger; um micro-cosmos que representa o que está por detrás dos conflitos raciais do país. Este estratagema por vezes resulta, por vezes não, mas adiciona algumas camadas, mesmo que finas, que só ficam bem ao filme.

No fundo, isto é um filme de homens (aliás, só há 2 papéis femininos com falas, e diz-nos o imdb que perfazem menos de 10 frases). Deve muito aos seus antecessores dos anos 1960 e, para quem está familiarizado com o género, é mais do mesmo, sem ser melhor. Contudo, e apesar de apresentar uma forma leve de encarar a guerra (como se fazia antes de ‘Deer Hunter’, 1978, e ‘Apocalypse Now’, 1979), tem 3 performances centrais muito boas, tem sequências interessantes, e no fim parece ter uma profundidade escondida que o início não deixava antever. Feito na época errada talvez, mas uma grande adição à fórmula 'filme-de-guerra-missão-suicida-pequeno-grupo-durão-grandes-estrelas-masculinas'. ‘Saving Private Ryan’ (1998), por exemplo, é realista e profundo, uma obra prima. ‘Wild Geese’, tal como os seus predecessores, poderá não o ser. Mas é entretenimento. Do bom.

Teve uma sequela menor, de 1985, sem nenhum dos actores do primeiro filme e sem o mesmo realizador. Este, por sua vez, realizou em 1979 outro filme com a mesma fórmula, 'North Sea Hijack' com um 'male cast' também liderado por um, neste caso, absolutamente extraordinário Roger Moore.

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Miguel. Portuense. Nasceu quando era novo e isso só lhe fez bem aos ossos. Agora, com 31 anos, ainda está para as curvas. O primeiro filme que viu no cinema foi A Pequena Sereia, quando tinha 5 anos, o que explica muita coisa. Desde aí, olhou sempre para trás e a história do cinema tornou-se a sua história. Pode ser que um dia consiga fazer disto vida, mas até lá, está aqui para se divertir, e partilhar com o insuspeito leitor aquilo que sente e é, quando vê Cinema.

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