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A Day's Pleasure

Ano: 1919

Realizador: Charles Chaplin

Actores principais: Charles Chaplin, Edna Purviance, C. Allen

Duração: 24 min

Crítica: (Esta é a sexta crítica de um ciclo sobre as 10 curtas-metragens que Charles Chaplin realizou durante o seu período com a distribuidora First National (1918-1923). Pode ler a introdução a este ciclo na minha crónica “Chaplin na First National (1918-1923) - Introdução para um ciclo de críticas” (link aqui), bem como ter acesso aos links para as restantes críticas à medida que forem publicadas.)

‘A Day’s Pleasure’ é uma das mais, senão a mais simples curta de Chaplin para a First National. Depois do extenuante e longo processo das filmagens de ‘Sunnyside’, ‘A Day’s Pleasure’, quase como o próprio título parece indicar, é uma espécie de descompressão que Chaplin oferece a si mesmo. É uma curta que claramente foi feita sem grande inspiração e convicção, mas que parece ter perfeita autoconsciência disso. E o mais engraçado é que não se importa. Não se importa nada. E não se importa nada pois a curta pode ter sido feita apenas para Chaplin lançar “qualquer coisa” para satisfazer os seus distribuidores e o seu público (numa altura em que já estava a trabalhar em 'The Kid'), mas mais uma vez está perfeitamente ciente, como Chaplin estava, e como nós, espectadores, estamos também, que o “qualquer coisa” de Chaplin, a mais mera trivialidade que brota do seu génio, já é, definitivamente, alguma coisa. 

‘A Day’s Pleasure’ pode então ser simples e pouco ambiciosa, mas está cheia de pequenas gags engraçadíssimas. Um ano antes de Harold Lloyd o fazer em ‘Get Out and Get Under’ (1920, já criticado em EU SOU CINEMA), Chaplin extrai imensa comédia de um Ford T, enquanto leva (no início da curta) e trás (no final dela) a sua família de um cais. De permeio, há um passeio de barco que constitui o dia de prazer que dá título à peça. Destacam-se, como fabulosas cenas de comédia, a cena no cruzamento (na parte da viagem de carro) e a cena da dança (na parte da viagem de barco). Aliás, é “só” isso que a curta tem para oferecer; comédia. Mas realmente, esta comédia pela comédia seria digna de qualquer outro (seria uma genial curta de comédia de inúmeros cómico do mudo), mas está claramente abaixo daquilo que Chaplin já havia provado que conseguia atingir. Não há nenhum desenvolvimento da história ou, o que é mais desapontante, da sua personagem, que aqui se sente estar, efectivamente, cansada. Nem se pode dizer que este senhor que leva a sua família de carro para um passeio de barco seja o Vagabundo. E porque não é, é provavelmente esse o elemento que falta. E que falta faz! ‘A Day’s Pleasure’ é uma rotineira e engraçada curta de comédia, mas está longe de ser uma boa curta de Chaplin.

De destacar ainda dois pormenores engraçados. Primeiro, no início da curta, quando a família sai de casa (na realidade o escritório de Chaplin no seu novo estúdio) preste-se especial atenção ao fundo à esquerda. Um homem entra no plano e depois, apercebendo-se que estão a filmar, fica extremamente embaraçado e não sabe o que fazer. Um erro de um qualquer funcionário do estúdio que o próprio Chaplin perfeccionista não se apercebeu e que tem ainda piada ver, quase 100 anos depois. E segundo, na cena no barco, atenção ao pequeno rapazinho, interpretado por Jackie Coogan, que faria história, dois anos depois, em ‘The Kid’…



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Miguel. Portuense. Nasceu quando era novo e isso só lhe fez bem aos ossos. Agora, com 31 anos, ainda está para as curvas. O primeiro filme que viu no cinema foi A Pequena Sereia, quando tinha 5 anos, o que explica muita coisa. Desde aí, olhou sempre para trás e a história do cinema tornou-se a sua história. Pode ser que um dia consiga fazer disto vida, mas até lá, está aqui para se divertir, e partilhar com o insuspeito leitor aquilo que sente e é, quando vê Cinema.

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