Realizador: Mimi Leder
Actores principais: Robert Duvall, Téa Leoni, Elijah Wood
Duração: 120 min
Crítica: Quando um filme é um sucesso, há sempre um conjunto de imitações menores que aparecem. Mas de quando em quando há uma moda qualquer e dois grandes estúdios competem ao mesmo tempo com filmes relativamente similares. Ainda este ano tivemos dois filmes de ataque à Casa Branca, ‘White House Down’ e ‘Olympus Has Fallen’. Geralmente há um filme que fica a perder, especialmente se aparecer em segundo lugar. Em 1992, no aniversário dos 500 anos da descoberta da América, apareceram dois filmes sobre a viagem de Colombo, ‘1942: Conquest of Paradise’, de Ridley Scott, com Gerard Depardieu e música de Vangelis – um sucesso – e ‘Christopher Columbus: the Discovery’ de John Glen com Marlon Brando e uma novíssima Catherine Zeta-Jones, que nunca ninguém ouviu falar. Em 2004, alguém foi mais inteligente. Quando o ‘Alexander’ de Oliver Stone entrou em produção, o outro filme sobre a vida de Alexandre o Grande que também estava a ser preparado foi cancelado. Se alguém tivesse tido o discernimento de cancelar ‘Deep Impact’ (em português 'Impacto Profundo') teria feito um gigantesco favor ao Cinema.
Isto porque com o aproximar do milénio, a moda do cataclismo que destruiria a Terra estava no auge. E o que pode destruir a Terra? Pois claro, um asteróide, que aliás nem é uma ideia original no Cinema (ver ‘The Green Slime’, já criticado nestas paginas). Mas por favor, um ‘Armageddon’ em 1998 já tinha sido suficiente, agora dois? Sim, eu sei que ‘Deep Impact’ foi lançado no início do ano, enquanto ‘Armageddon’ só saiu no Verão, portanto, para todos os efeitos, saiu primeiro, mas sinceramente devia haver uma lei em que num ano em que o público já tem que digerir as más qualidades de actuação de Ben Affleck, não pode sair um filme parecido. Especialmente se for pior, ou pelo menos, pior a tentar ser melhor. Porque ‘Armageddon’ sabe perfeitamente aquilo que é. ‘Deep Impact’ almeja ser algo muito mais digno, e está convencido que o atinge, embora na realidade falhe redondamente…
‘Deep Impact’ é, para todos os efeitos, um filme bem mais completo emocionalmente que ‘Armageddon’, mas a triste verdade é que o seu conteúdo dramático tem mais buracos que um queijo suíço. É um filme que começa bem, se torna mau devido pura e simplesmente à forma como a história foi escrita, e termina, pelos mesmos motivos, e pela incapacidade da realização de os superar, em completa estupidez. A realizadora deste filme é Mimi Leader, que por esta altura tinha acabado de fazer ‘The Peacemaker’, um blockbusterzinho menor com dois actores então igualmente menores, Nicole Kidman e George Clooney, e que desde então pouco mais fez (‘Pay it Forward’, 2000), tendo regressado às origens, à televisão. Neste filme, a realizadora opta pela pior abordagem possível. Já é suficientemente mau estarmos a ver um filme heróico sobre um asteróide que irá destruir a Terra. Se tiver efeitos visuais e acção, acção, acção, então ainda pode ser que se safe. Agora se é sobre o drama das pessoas que estão na Terra à espera da morte certa… bem, é original, sem dúvida, e o elenco estelar poderia ter transformado isto no grande drama apocalíptico da história do cinema, mas não é isso que acontece. E a razão é simplicíssima. O filme falha redondamente porque não há um único espectador que preste atenção ao drama pois está mais concentrado em rir-se desalmadamente das largas inconsistências do argumento e das situações emocionais forçadas e coladas a cuspo. Para além do mais, o filme segue a velha divisa de que todas as pragas, invasões de extra-terrestres e quedas de meteoritos só ocorrem nos Estados Unidos, o que só dá mais ênfase à falta de rigor que o filme possui. Acreditamos piamente nisto e queremos lá saber do resto do Mundo (com excepção da clássica cena da Torre Eiffel a ser destruída) se estivermos a ver algo como ‘Mars Attacks’ (1996). Mas não quando estamos a ver um drama que se auto-intitula de sério e universal.
Como disse, o filme não começa assim tão mal quanto isso e eu até estava a desfrutar da experiência, no sentido de um blockbuster ligeiro mas bem construído. Começamos por conhecer dois jovens, estudantes de astronomia, interpretados por Elijah Wood e Leelee Sobieski (toda a gente sabe o destino cinematográfico de Wood, mas onde foi parar Sobieski?). Numa noite a contemplar o céu, estes dois miúdos descobrem, ou pensam que descobrem, uma nova estrela. Mandam a sua informação para o Observatório local e nunca mais pensam no assunto (há um estúpido acidente com um cientista mas ninguém se importa com isso). Um ano passa. A minha questão é óbvia. Num ano inteiro nenhum outro astrónomo, estudante, amador ou cientista, da América ou do resto do Mundo, viu a tal ‘estrela’? Que os americanos abafem e trabalhem em segredo eu ainda percebo, e descobre-se pouco depois que é isso realmente que acontece. Mas nenhum outro amador deu o sinal de alarme, como deram os miúdos? E os próprios miúdos? Descobriram uma estrela e prontos? Descartam assim o assunto tão facilmente? Coisa pouco credível nº 1. Infelizmente o filme tem mais umas 2.374 coisas pouco credíveis a acrescentar a esta.
Agora conhecemos a personagem de Tea Leoni (uma actriz que até nem desgosto), uma jornalista que esta a investigar um escândalo sexual. Da forma mais forçada de sempre ela descobre, ‘por acaso’, este encobrimento relativo à estrela que afinal não é uma estrela; é um asteróide que está em rota de colisão com a Terra! Oh não! E quando todos os outros antes ou encobriam ou não fizeram caso, Leoni, boa jornalista que é, mete logo a noticia nas primeiras páginas de todo o Mundo. Pânico. Entra Morgan Freeman. Calmeirão como sempre, Freeman é o presidente dos Estados Unidos mais pacato da História. Só faz discursos. Aparentemente não só para a América, mas para todo o Mundo. Ele é solene. Ele é assertivo. Sim, o mundo vai acabar. Mas juntos vamos ter fé. E relaxem, nós temos os nosso próprios Armageddons para resolver a questão. Força aí. Estamos com vocês. Boa noite e boa sorte.
Mas Freeman não acalma ninguém, pois o pânico e o caos mundial, ou pelo menos o americano, proliferam. Mesmo assim, esta primeira parte é a melhor e tem as melhores cenas. Obviamente, o filme parte-se em mosaicos e vamos seguindo as várias personagens interpretadas pelo elenco de luxo e o seu drama humano à medida como cada uma lida com a realidade de uma morte iminente. Destas, destaca-se o trabalho dos senhores da velha guarda, Maximilian Schell (falecido este fim de semana com 83 anos de idade) e Vanessa Redgrave, que conseguem transcender o argumento fraco que lhes é dado com excelentes interpretações. As restantes personagens, por os actores não serem tão magníficos, fazem com que a atenção do público se parta entre a sua interpretação e o argumento, e tudo o que faça o público prestar atenção ao argumento é mau, é muito mau.
Como se lida com um asteróide que está em rota de colisão com a Terra? Exacto, manda-se uma equipa de astronautas com umas bombas para o destruir. Em ‘Armageddon’ fazem-no. Em ‘Deep Impact’ também. E eis que chega a oportunidade de introduzir mais um actor da velha guarda. Robert Duvall interpreta o idoso astronauta que é chamado de volta ao activo porque é o único que não sei que não sei que mais (desculpa estúpida) e portanto tem de ser ele a liderar a missão. Em filmes como ‘Space Cowboys’ de Clint Eastwood, apesar de fantasiosos, há sempre uma razão minimamente credível para a ala geriátrica ir para o espaço. Em filmes como ‘Deep Impact’ qualquer desculpa serve e é usada por mais fina que seja, porque a personagem já foi definida em pré-produção e tem que entrar seja de que maneira for. Mesmo assim todo este trabalho, quer do próprio filme, quer das personagens, parece em vão, porque após aquilo que parece ser meia hora de filme (não sei se o é ao certo, provavelmente é menos), os heróis astronautas falham a sua missão, e o máximo que conseguem é partir o asteróide em dois, com ambos os pedaços ainda a dirigir-se para a Terra. Ups.
Freeman entra em cena para mais um discurso. Aparentemente, os Estados Unidos estiveram a construir em segredo, durante o ano que passou (quando tudo estava a ser encoberto), uma espécie de Arcar de Noé subterrânea. Mas o número de pessoas que lá cabem é, obviamente, limitado. O que se faz então? Uma lotaria nacional. Não só é o conceito estúpido, como daria azo a centenas de implicações que o filme nem se lembra; aldrabice, falcatruas, violência e claro, a tentativa desesperada dos estrangeiros de lá chegarem. Isto porque a lotaria é apenas para cidadãos americanos, e o filme parece esquecer-se que o resto do Mundo também está prestes a morrer. Estou seguro que se alguém em França cheio de dinheiro soubesse que na América havia um abrigo que o permitiria sobreviver ao armagedão, então certamente iria para lá a correr de armas e bagagens, na tentativa de subornar toda a gente para conseguir entrar nele. E os mafiosos, não matariam toda a gente que se atravessasse no seu caminho para entrarem no abrigo? Toda a gente se resigna com a lotaria?! O pânico que se gera e os engarrafamentos épicos que o filme mostra são uma ninharia quando comparados com aquilo que a imaginação menos fértil conseguiria conceber para um cenário apocalíptico como este. Mas adiante.
O sorteio e a ida dos escolhidos para o abrigo gera inúmeras sequências dramáticas, em que despedidas são feitas, escolhas altruístas embelezam ecrã, pessoas são deixadas para trás com a câmara a afastar-se e a música a inchar, e frases excessivamente sentimentais como ‘eu amo-te e nunca te vou esquecer’, ‘eu não vou para o abrigo, prefiro ficar contigo’ ou ‘vai tu em vez de mim’ poderão eventualmente gerar uma ou outra lágrima. A quem? Não sei. Mas poderão gerar. Permitam-me só que saliente a sequência em que Elijah Wood, um dos vencedores da lotaria, entra no autocarro do governo, protegido por soldados, para ir para o abrigo algures no meio da América. Após muita choradeira e depois um longo percurso (parecem ser, pelo menos, dois dias) Wood sai do autocarro, olha para o abrigo, olha para as pessoas à sua volta, olha para os seus pais e diz que tem que voltar, porque não quer entrar no abrigo (ou seja não quer viver), sem a personagem de Sobieski. E então lá vai ele, sozinho (?!), fazendo todo o caminho de volta, chegando à cidade de onde partiu no mesmo dia (?!), e encontrando Sobieski quase imediatamente (?!) no carro dos pais dela no meio de um desses engarrafamentos épicos que o filme tanto gosta de mostrar (talvez algum dos produtores seja fã do filme ‘Weekend’, 1967, de Godard). Mais uma vez, é tudo muito credível. Wood já devia ter o anel para descobrir Sobieski tão depressa no meio de milhares de pessoas. Ou isso ou tinha GPS no telemóvel… em 1998.
Mas se acha que o filme tinha inconsistências até agora, caro leitor, espere até que ele chegue ao seu clímax (vou continuar a contar a historia do filme se não se importa. Se se importa é melhor não continuarem a ler….)
Com disse, e como Tea Leoni vai reportando fielmente no seu telejornal, neste momento estamos com dois asteróides rumando na direcção da Terra. Supostamente o mais pequeno irá cair no Oceano Atlântico causando ‘apenas’ um tsunami de proporções gigantescas que destruirá todas as cidades costeiras. O filme não diz mas se é esse o facto então deduzo que serão as cidades da costa oriental americana e da costa ocidental europeia e africana (registe este facto caro leitor que será útil mais tarde). Por seu lado, o asteróide maior será muito mais devastador. Criará uma nuvem de fumo e poeiras que cobrirá a Terra e bloqueará a luz solar durante dois anos, e é para se salvarem desse cenário que os americanos construíram o tal abrigo. Mas quando os astronautas cometem um heróico suicídio na hora H, atirando a sua nave contra o asteróide maior destruindo-o (o momento Bruce Willis do filme), a humanidade, pelo menos na minha perspectiva, está salva. Ou estarei errado? O asteróide mais pequenino 'apenas' vai destruir as cidades da costa Atlântica. Certo?
Talvez sim, talvez não. Certamente, algo me está a escapar, porque o filme interpreta algo completamente diferente daquilo que eu interpretei. Quanto o pequeno asteróide embate no mar, as cidades costeiras permanecem carregadinhas de gente (já se teriam evacuado tanto quanto possível, não?!) e o filme mostra, com uma epicidade trágica, o tsunami a formar-se e a encaminhar-se para destruir completamente Nova Iorque, Washington e muitas outras cidades americanas (embora Washington não seja bem bem na costa mas prontos…). No final, Freeman faz o seu discurso à porta de uma semi-destruída Casa Branca (que mais parece que levou com o meteorito em cima em vez de uma carrada de água). Diz numa frase rápida “A Europa e a África também foram atingidas” (pudera, também têm costas no Atlântico!) mas depois fala durante longos minutos sobre a forma como a humanidade se manteve unida, suportou este cataclismo e está pronta para recomeçar e renascer, numa nova era, bla bla bla…
E agora eu não me consigo conter. Mas que palermice é esta? Freeman está mesmo a falar a sério? Mesmo? Como é possível que o filme ache que o público vai engolir este monte de patacoadas? Então vamos por partes. Houve um tsunami no Atlântico. Ok. A costa Este dos Estados Unidos foi atingida, como o filme nos mostra. E o espectador com noções mais avançadas de geografia poderá deduzir que países como Brasil, Portugal, o Reino Unido ou a França também fora aniquilados do mapa e encontram-se agora debaixo de água. Mas então e os restantes? Então e a Austrália, e a China e a Índia e o Japão e Madagáscar? Então e toda a Ásia, toda a América Latina virada para o Pacífico? Então e a Hungria, e a Ucrânia e a Finlândia? Então e Los Angeles e São Francisco bem como todo o resto da Califórnia? Então e o Alaska e o Montana e o Arizona e todos os estados dos Estados Unidos do Centro, Sul e Oeste? Estes não foram atingidos! Nem pelo asteróide grandalhão nem pelo tsunami causado pelo asteróide mais pequenino. Então afinal que treta é esta acerca do renascimento da humanidade? Que humanidade foi destruída? Meia dúzia de cidades da costa de meia dúzia de países? Ou como Nova Iorque ficou debaixo de água isso significa que todo o Mundo foi pelo cano abaixo? Não entendo.
Mais coisas estúpidas. A onda do tsunami é suficientemente grande para destruir os arranha-céus de Manhattan mas quando Wood e Sobieski sobem (a pé!) a um pequeno monte, a água não os atinge. Ficam ali, agarradinhos no cume, com a água lá em baixo. Afinal é esta a vantagem do ‘high ground’ de que fala Obi-Wan Kenobi. Mas há mais. A personagem de Tea Leoni cede, muito heroicamente, o seu lugar no abrigo a um colega de trabalho e mete-se num carro para ir ter com o seu pai, que é nenhum outro senão a personagem de Maximilian Schell, para se reconciliar com ele antes do fim. Ele junta-se a ela no carro e, em mais um twist dramático, vão os dois para a praia conversar e esperar a morte, enfrentando a onda gigante juntos. Agora a minha questão é. Eu sei que Washington não é nas margens do Oceano Atlântico, estritamente falando. O mar mais próximo é a cerca de 40 km em Chesapeake Bay. Portanto, se estavam em Chesapeake Bay ou noutro sítio qualquer nas margens do Atlântico, como chegaram lá? Saltaram por cima dos engarrafamentos épicos num carro voador? E se tiveram esse trabalho, de viajar esses quilómetros, porque é que não guiaram na direcção oposta, para fugir do mar? E a lista destas idiotices continua, e continua, e continua, e eu sinceramente já não tenho mais pachorra para as descrever.
Todos nós sabemos como foram os épicos de desastre dos anos 1990. Acrescentaram à fórmula de filmes como 'The Towering Inferno' (1974) ou 'Airport' (1970), a espectacularidade dos filmes de acção da década de 1980, bem como a nova capacidade de criação de efeitos visuais. Contudo, a maior parte esqueceu-se do pequeno pormenor do argumento. Nenhum de nós percebeu bem, por exemplo, o que Pierce Brosnan andava a fazer de um lado para o outro em ‘Dante’s Peak’ (1997), mas nada, absolutamente nada (nem mesmo o ‘Hard Rain’, 1997) bate ‘Deep Impact’ em termos de desperdício completo e total de efeitos e acção em prol de um drama péssimo e mal gerido. A verdade é que o filme até chega a ter algum drama emocional bem desenvolvido (o suicídio da personagem de Vanessa Redgrave, por exemplo, é belíssimo cinematograficamente), mas tudo o resto é apenas um heroísmo fingido e artificial para as câmaras, ostensivamente coreografado e com significado a roçar o nulo. ‘Independence Day’ (1996) ou ‘Mars Attack’, por exemplo, têm esse heroísmo muito mais bem trabalhado, apesar de exagerado e levado ao extremo cómico. ‘Deep Impact’ mostra ainda cenas chocantes de destruição e morte completamente descontextualizadas e discursos de ‘nós vamos sobreviver’ que não fazem sentido nenhum face aos eventos que o público sabe que realmente acontecem. E depois claro, há a total incongruência do argumento.
‘Deep Impact’ foi um blockbuster ambicioso. Demasiado ambicioso. Quis elevar-se acima de filmes como ‘Independence Day’ ou ‘Armageddon’ para ser um drama sério sobre um conjunto de pessoas, que revelam os seus sentimentos verdadeiros e conflituosos perante a iminência da morte. Mas falhou completamente porque tentou adicionar teatralidades banais de blockbuster, atirando areia para os olhos do público, e tentou usar isso para encobrir toda e qualquer falta de qualidade da escrita do guião e os lugares comuns na concepção de personagens, cenas e discursos. Quando chega (finalmente!) ao fim, ‘Deep Impact’ não foi nada, não deu nada. Foi um fiasco completo. Foi o próprio filme que foi atingido por um asteróide. Nem a actual produção do canal Sy-Fy consegue, na maior parte das vezes, chegar tão baixo.
Nunca na vida pensei que estas palavras iriam sair da minha boca, mas perante ‘Deep Impact’, só posso dizer, muito honestamente, ‘Volta Armageddon, estás perdoado’.
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