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Extremely Loud & Incredibly Close

Ano: 2011

Realizador: Stephen Daldry

Actores principais: Thomas Horn, Tom Hanks, Sandra Bullock

Duração: 129 min

Crítica: Extremamente espalhafatoso e incrivelmente chato. Isto deveria ser o título deste filme. Há várias coisas que eu não compreendo. Bem, compreendo-as se reflectir um bocado, mas não sei porque deva ter esse trabalho, porque algum espectador deva ter esse trabalho. E há dois ou três géneros de filme que detesto. ‘Extremely Loud & Incredibly Close’ tem a irritante particularidade e juntar todos esses géneros num único filme. É incompreensível que o realizador Stephen Daldry tenha achado que estava a fazer um bom trabalho quando estava a realizar este filme. Daldry tinha realizado três filmes até então: ‘Billy Elliot’ (2000), ‘The Hours’ (2002) e ‘The Reader’ (2008), todos eles bons, para não dizer muito bons. Então porque diabo é que encaminhou ‘Extremely Loud & Incredibly Close’ (doravante referenciado como EL&IC) nesta direcção. A culpa é do argumentista? Do romance original no qual o filme é baseado? Nunca o li mas bem que poderá ser isso. Pelo menos no filme, fica a impressão de que o material de base não presta, se escarafuncharmos a sua superfície de drama social contemporâneo, mas como o livro vendeu como batatas quentes nenhum produtor de Hollywood quis incutir alguma qualidade extra (provavelmente nem saberiam como).

Eu vi este filme este fim-de-semana porque já estava na minha lista há algum tempo, aliás, desde 2011. Queria vê-lo porque era o único dos 10 filmes nomeados para o Óscar de Melhor Filme nesse ano (que acabou por ser ganho por ‘The Artist’ – crítica aqui) que eu não tinha visto na altura. E não foi por acaso que não o vi. Quando vi o trailer percebi logo que não era filme para mim. Para além do mais, um ‘Hugo’ nesse ano já me bastou (podem ler tudo sobre Hugo aqui), portanto dois era demasiado para a minha cabecinha. E a verdade é que não estava enganado. ‘EL&IC’ é um exercício cinematográfico que ambiciona o artístico e o relevante, mas que acaba praticamente no ridículo, se simplesmente tivermos coragem de retirar o véu que o cobre e o virmos sem o olhar viciado pelo mediatismo e pelo ‘tema social’ que possui.

Como disse, há várias coisas que detesto no cinema. E uma das que detesto mais são filmes que ficam famosos só pelo seu tema. Já falei disto várias vezes nestas páginas. Um filme sobre uma mulher em cadeira de rodas, homossexual, drogada, com o vírus da SIDA, que fez um aborto e cujos pais morreram tragicamente ganhará dezenas de prémios internacionais, porque tem este tema, e não por qualquer qualidade que o filme, como obra cinematográfica, como técnica e arte, possa ter. E isso tira-me do sério. Um filme pode ser genial e falar sobre uma pessoa perfeitamente normal e não prestar e falar sobre um pai que perdeu o filho. Não é o tema do filme, ou a história da personagem, ou o contexto social que faz o filme. É um pouco de tudo isto, claro, mas muito mais. É o filme que faz o filme. ‘EL&IC’ é sobre um miúdo que tenta lidar com a morte do pai que faleceu no 11 de Setembro. Ok, o pai dele morreu no 11 de Setembro. E depois? Esse facto por si, isolado, não pode justificar todo o filme. Mas, aparentemente, justifica. Só o falar sobre o 11 de Setembro já o faz estar num nível à parte e parece que criticá-lo e desconsiderá-lo é crime. O filme pode falar sobre o 11 de Setembro e ser bom, mas pode falar sobre o 11 de Setembro e ser mau. E ‘EL&IC’ é claramente mau, extremamente mau, incrivelmente mau! Mas contudo, esta relevância ‘social’, o ter Sandra Bullock e Tom Hanks no elenco (ambos influentes nos meandros Hollywoodescos) e ter como produtor Scott Rudin fez com que houvesse influência suficiente para o nomear como outlier (o 10º) para o Óscar de Melhor Filme. Ridículo. Não fossem estas novas regras da Academia este filme passaria completamente despercebido.

A segunda coisa que detesto são adaptações preguiçosas de romances. ‘EL&IC’ tem um argumento moroso de Eric Roth, um homem que já chegou à excelência (‘Insider’, 1999) e até já ganhou um Óscar por ‘Forest Gump’ (1994), mas que geralmente escreve argumentos que são, como diz a minha avó, como a espada do general: longos e chatos (‘The Postman’, 1997; ‘Munich’, 2005, ‘The Good Sheppard’, 2006; ‘The Curious Case of Benjamin Button’, 2008). Em ‘EL&IC’ Roth é ainda mais preguiçoso e enche o filme de voz off, como se nem se desse ao trabalho de trabalhar os parágrafos do livro. ‘EL&IC’ é daqueles filmes cuja voz off diz quase tudo, e não há quase um único momento em que a imagem consiga transmitir a emotividade da cena sem que o raio da voz interrompa este elo invisível com o espectador e descreva os sentimentos, tintim por tintim. Ainda por cima, é narrada por um miúdo que não se sabe bem o que ainda ali a fazer.

A terceira coisa que detesto são jovens estrelas sem talento. Comentei com a minha mulher quando estava a ver este filme que há 20 anos fazia-se um casting de milhares de miúdos e chegava-se a Macaulay Culkin. Hoje faz-se um casting de milhares de miúdos e chega-se a um tal de Thomas Horn, que sente a personagem com tanta intensidade que se lhe passassem um buldozer em cima do pé acho que não o sentiria, tão preocupado que está em contrair todos os músculos e demonstrar que tem muitos sentimentos conflituosos dentro dele. Para além do mais, o desgraçado do jovem diz as frases todas com a entoação mais artificial que eu já ouvi. Ultrapassa-me como é que em dezenas de pessoas que estão dentro de um plateau, de realizadores a assistentes a aderecistas a produtores a técnicos de luz, ninguém reparou que o miúdo não sabia actuar.

A quarta coisa que detesto são personagens execráveis que o filme força como heróis porque, enfim, não há outros. A nossa personagem principal tem uma personalidade péssima, egocêntrica, egoísta, irritante. É brusco com as pessoas, é extremamente inconveniente, e, acima de tudo, é mimado. Podemos justificar isto com o facto (mais uma vez) de ter perdido o pai no 11 de Setembro, e portanto ter ficado traumatizado, inadaptado, com dificuldades de relacionamento social. Mas não. Se pensarmos bem, o miúdo já tinha este comportamento antes do dia fatídico! Portanto, que empatia pode o público criar com uma personagem destas? Se cria, é algo completamente artificial, só porque o filme descreve o miúdo com uma construção trágica. Acontece o mesmo dentro do filme. Na sua aventura, ele bate a muitas portas e encontra muitas pessoas, e trata-as da sua forma costumeira, rude e mal-criada. As pessoas reagem inicialmente como o público reage, não percebem porque o miúdo as trata assim. Mas do nada, sem que ninguém lhe pergunte o que seja, o miúdo lá diz a sua frase clássica: “O meu pai morreu no 11 de Setembro”. E prontos. Está garantido. Toda a gente baixa as defesas. Toda a gente o acolhe. O filme já o vê como um herói trágico. Eu dizia-lhe: “O teu pai pode ter morrido no 11 de Setembro, mas és um mal-criado do catano, por isso põe-te a andar”.

A quinta coisa que detesto, na mesma linha da anterior, são argumentos com construções forçadas e artificiais e que tentam obrigar-me a sentir determinada coisa em determinado momento, porque é assim que (supostamente) deve ser. Não, não deve ser. Um filme bem feito leva as pessoas ao choro na altura devida, mas a sua mestria está no facto de não o anunciarem, nem o forçarem. Em filmes como ‘EL&IC’ é suposto haver uma cena para as pessoas chorarem, outra para rirem. E o filme faz questão que todo o público, até o menos versado intelectualmente, entenda isso. Faz a papa toda, e perde inteligência. Pior, o filme contraria toda a lógica que ele próprio cria, pois numa altura ou noutra convém que o filme tome esta ou aquela direcção. Mais uma vez, forçado, artificial, superficial.

A história do filme (recordo-me agora que ainda não a resumi), não é muito diferente da de ‘Hugo’ em termos conceptuais. Há um filho que é muito ligado ao pai (Tom Hanks), por sua vez filho de imigrantes europeus, e que é joalheiro em Nova Iorque, mas cujo sonho sempre foi a exploração, prazer esse que incute ao filho, com ‘caças ao tesouro’ constantes pela cidade. Mas no dia fatídico o senhor morre (só reaparece em flashbaks) e o filho fica perturbado (mantém um ar de serial killer o filme todo diga-se). Algo terá acontecido nesse dia (para além do óbvio) que o filme constantemente insinua, mas que abertamente diz ao público que só o poderá saber no final. Com popa e circunstância anuncia ao público ‘haverá um twist dramático’. Como toda a gente sabe as coisas resultam se não foram anunciadas. Um comediante não diz, “agora vou dizer a punchline. Estão prontos? Vou dizê-la. É esta...”. Não. Simplesmente diz-la e prontos. Não há cá tretas. 

Esses dois eventos traumatizam o miúdo mas não há bem uma reacção normal. Em vez disso, o miúdo encontra no quarto dos pais um envelope, onde está escrito a palavra ‘Black’ e que contém uma chave. Noutro local desse quarto encontra um recorte de jornal que tem sublinhada a frase “nunca deixes de procurar”. Em ‘Hugo’, o miúdo vivia convencido que o pai lhe tinha deixado uma mensagem no autómato, quando toda a gente sabia que isso não era verdade, já que o autómato não era do pai. Contudo, não só o miúdo como o filme acreditavam piamente nisso e tentavam forçar isso no espectador. No final, obviamente, não havia segredo nenhum do pai, e o filme continuava a insistir que sim. Em ‘EL&IC’ passa-se algo de semelhante. Para começar, na linha do que disse no paragrafo anterior, o filme e o miúdo tomam assunções ridículas. Para começar, sem sequer se questionar, o filme e o miúdo assumem primeiro que o envelope é do pai, segundo que o deixou para o filho, terceiro que está associado ao recorte de jornal embora tenham sido encontrados em sítios diferentes, quarto que Black se refere a uma pessoa e quinto que se essa pessoa for encontrada o segredo da chave (o tal segredo que o pai supostamente deixa ao filho) será revelado. Isto tudo porque estava uma chave dentro de um vaso?! Como é possível? Primeiro a chave bem que podia ser da mãe (Sandra Bullock). Em alguma altura o miúdo pergunta à mãe que chave é aquela. Estava no quarto dos pais, por amor de Deus! O mais provável era a mãe saber, não? Podia ser de uma caixa de jóias! Podia ser de um cacifo no banco! Depois há a história do nome. Black pode significar tanta coisa, porque é que há-de ser um nome? E porque é que há-de estar relacionado com a chave? O pai podia ter rabiscado naquele envelope uma vez quando estava ao telefone. Podia ter guardado a chave num envelope velho. Mas o filme não questiona nada disto. Assume que tudo o que o miúdo deduziu é verdade, e força isso no espectador sem nunca reflectir no que está a fazer.

O que nos leva à odisseia do miúdo. Obcecado com o facto desta demanda ser o último grande desafio do pai, o miúdo divide Nova Iorque inteira em quadrantes, pega na lista telefónica e propõe-se a visitar todos os Blacks da cidade, para lhes perguntar se conhecem o pai e se sabem o que é a chave. Aparentemente, “” há 472 Blacks na cidade. Mas caramba, mesmo que o miúdo esteja certo, como é que ele sabe que o Black tem necessariamente de morar em Nova Iorque? Não pode ser em Nova Jersey? Em Queens? Não se poderá ter mudado entretanto para a Califórnia?

E eis que chegamos à sexta coisa que detesto, nomeadamente personagens pouco credíveis, que têm atitudes de argumento, que dão jeito ao filme, e não atitudes humanas. Estamos a falar de um miúdo de 9 anos mas que entra e sai de casa quando lhe apetece, e anda sozinho na rua a seu bel-prazer. “Vou sair” diz ele a uma Bullock que é uma figura de corpo presente. Às vezes nem isso diz. E passa o dia fora de casa. Percorre quilómetros sozinho em Nova Iorque a todas as horas do dia e da noite. Anda no Central Park e no metro à noite. E nunca é assaltado. Nunca é abordado por pedintes, drogados ou ladrões. No 11 de Setembro inclusive ele sai de casa a meio da noite para ir a uma drogaria aberta 24 horas por dia comprar uma coisa, e ninguém liga nenhuma (mais um twist do filme e que, se o esmiuçarmos bem, prova mais uma faceta execrável da personalidade do miúdo já que a sua atitude supostamente altruísta faz a mãe sofrer imenso). Então no dia em que a América é atacada por terroristas e os edifícios mais icónicos da cidade são destruídos um miúdo de 9 anos sai de casa sozinho a meio da noite e vai a uma drogaria? A mãe pode estar muito traumatizada sim senhora, mas ao ponto de ter um filho que sabe-se lá por onde anda, que sai de noite e que passa 10 horas do dia fora de casa? Não pode ser! Inicialmente até parece que o miúdo deixa de ir à escola, já que passa o dia todo na sua busca. Depois, a meio do filme, lá há a breve insinuação que só pesquisa Blacks ao fim de semana, embora não pareça, já que o filme só nos mostra isso. No final, há um pequeno twistezito que anuncia que afinal a mãe poderá não ser tão alheia ao paradeiro do filho nestas andanças, mas mais uma vez é uma manobra artificial do filme, já que a mãe realmente não sabe o que o filho anda a fazer. Só o antecipa, mas nos dias em que ele sai de casa ela verdadeiramente não sabe exactamente onde ele está nem o que está a fazer!

E depois há a questão de todas as pessoas que lhe abrem a porta. Nova Iorque pós 11 de Setembro estava cheia de pessoas, como toda a gente sabe, que não eram desconfiadas e que abriam a porta a todos os estranhos que lhes apareciam à frente, especialmente aqueles com ar de serial killers. Ou é pelo facto de ele ser miúdo, e passados 5 segundos de conhecer os Blacks lhes dizer “o meu pai morreu no 11 de Setembro” que o tornam automaticamente uma pessoa de confiança? Se já é esquisito que quase toda a gente lhe abra a porta e partilhe todas as suas histórias de vida (encontros estes que o filme apresenta como montagens ao som de música), o mais estranho é ele desconsiderar todos os Blacks que não lhe querem abrir a porta. De vez em quando, só para provar um ponto – a dificuldade da odisseia, o filme lá mostra um Black que se recusa a falar com o miúdo, que lhe diz “deixa-me em paz”, ou que não atende a campainha. E o miúdo lá segue o seu caminho. Mas o que me surpreende é nem ele, nem o filme, assumirem alguma vez que esse poderá ser o Black que está à procura! A teoria parece ser, "se não abre a porta, se não está em casa, ou se é mal-criado, então não pode ser amigo do meu pai, não é o tipo que eu estou à procura!"

A sétima coisa que detesto são personagens que aparecem e desaparecem não em prol da historia mas em prol do que dá mais jeito ao argumento. A mãe é um exemplo crasso. Durante mais de 45 minutos ninguém lhe mete a vista em cima. É mau para Bullock, é mau para o filme. Tudo para que possa haver o tal twistezito no final. No início, o miúdo é muito ligado à avó, e partilha com ela as suas aventuras. Depois do pai morrer é com a avó que ele mais se abre. Contudo, um dia a avó recebe um hóspede em casa, um senhor idoso e mudo (Max von Sydow) que tem as palavras ‘Sim’ e ‘Não’ tatuadas em cada palma da mão. Este senhor (claramente o seu avô e que veio para a América para estar com a mulher após o funeral do filho) torna-se o parceiro de aventuras do miúdo, e auxilia-o, física e emocionalmente, na sua pesquisa épica dos Blacks. Isto parece muito bem pois o miúdo ganha um parceiro através do qual poderá exteriorizar o seu conflito interior, e portanto expurgar-se, mas a realidade é que a avó não mais aparece até ao final do filme. O miúdo e o filme simplesmente decidiram trocar de parceiros e a avó bem que pode estar morta que ninguém sabe nem se importa. E a forma como o miúdo se liga ao avô é igualmente extraordinária. Depois de mais de meia hora de filme a entrar em casas de Blacks que nunca viu na vida, agora que um estranho dentro de casa da avó lhe oferece uma bebida na sala ele fica muito desconfiado e diz que não deve falar com estranhos! Mais uma vez, o filme vira a casaca só porque lhe convém.

Perto do final, após 1h30 min à procura do Black certo, o miúdo decide olhar para a parte de trás do recorte de jornal. Sim, estamos a falar de um miúdo obcecado por exploração, que esmiuça toda e qualquer pista e que tira deduções Sherlock Holmescas da coisa mais trivial. E o filme quer-nos convencer que após meses de busca o miúdo ainda não olhou para o verso do papel que o pai, supostamente, lhe deixou?! Inacreditável. E lá está o número de telefone do Black certo, que por acaso até é o primeiro Black de todos a quem bateu à porta. E, por mais incrível que possa parecer (ou não), a chave não tem nada a ver com o pai, mas esta descoberta, e toda a odisseia, permite que o miúdo possa fazer as pazes consigo próprio, com a mãe, e com a humanidade. Que bonito.

Bem, já listei coisas a mais que detesto. Infelizmente ‘EL&IC’ tem todas elas. Em suma, foi um filme que me causou repugnância a ver, porque acaba por ser ofensivo, em vez de inspirador, para as pessoas que realmente foram afectadas por esta grande tragédia. Se tudo isto se passasse num reino fantasioso, uma espécie de conto de fadas dramático para miúdos (como talvez o livro o seja), então ainda se poderia dar um desconto a todas estas incongruências. Se o realizador optasse por um estilo visual estilizado ainda se compreenderia. Mas não. ‘EL&IC’ quer ser realista, dramático, pungente. E por causa disso perde toda a sua razão de ser pois a forma como se constrói e se desenvolve não resiste à análise mais superficial. Desmorona-se, em termos emocionais e de narrativa, ao mais leve sopro. E depois agarra-se desesperadamente à sua verdade artificial ‘estamos a falar da tragédia do 11 de Setembro’. Errado. Estão a falar de um miúdo mimado que enquanto a mãe passa o 11 de Setembro inteiro a telefonar para tudo o que é Hospital e abrigo à procura de notícias do pai e vai sofrendo de uma forma que eu nem consigo imaginar (nem Bullock, claro, já que não convence ninguém), o miúdo, dizia, está no seu quarto a esconder a verdade, ou seja, que o pai já está morto, e o seu próprio sentimento de culpa, porque ‘quer poupar a mãe de sofrimento’. Estamos a falar de um filme que acredita que tudo é fácil e simples e unidimensional, mas que apresenta a sua narrativa como se fosse um grande drama emocional. É essa ambição, em vez de uma humildade sentimental, que o estraga completamente. 

Um ‘Hugo’ num ano já era suficiente, mas ao menos ‘Hugo’ ainda se escondia minimamente por ser fantasioso. A sua grande falha é não saber correctamente a história do cinema e por isso ser um grande ataque a qualquer cinéfilo que se preze. Agora este segundo ‘Hugo’ já é de mais. ‘EL&IC’ é ambicioso e não é humilde, por isso falha. Poderá resultar para as massas que lêem Margarida Rebelo Pinto, mas não para os restantes espectadores.

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Miguel. Portuense. Nasceu quando era novo e isso só lhe fez bem aos ossos. Agora, com 31 anos, ainda está para as curvas. O primeiro filme que viu no cinema foi A Pequena Sereia, quando tinha 5 anos, o que explica muita coisa. Desde aí, olhou sempre para trás e a história do cinema tornou-se a sua história. Pode ser que um dia consiga fazer disto vida, mas até lá, está aqui para se divertir, e partilhar com o insuspeito leitor aquilo que sente e é, quando vê Cinema.

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