Realizador: Olivier Megaton
Actores principais: Zoe Saldana, Michael Vartan, Callum Blue
Duração: 108 min
Crítica: Na categoria de filmes de 'assassinos profissionais', 'Colombiana' é, sem dúvida, uma das melhores entradas recentes. Isto não será certamente por acaso, já que o argumento é assinado por Luc Besson, que sozinho praticamente inventou o formato moderno deste género com 'Nikita' (1990) e 'Leon' (1994). Talvez não escolhendo os melhores dos seus argumentos para realizar ('Artur e os Minimeus'?!), Besson tem produzido nos últimos anos argumento atrás de argumento de acção, apesar de muito inconstante (é só comparar 'Bandidas' de 2006 com 'Taken' de 2008). E 'Columbiana' não tem escrúpulos nenhuns em retirar influências claras das melhores destas entradas.
A surpresa de 'Colombiana' no entanto, não está nas suas cenas de acção. Tirando o final climático de bailado balístico e explosivo, há muitas poucas cenas de acção nua e cura dignas de registo ou que já não foram feitas antes. Por outro lado, a assassina, Cataleya, interpretada com um quase profundo instinto felino por uma deslumbrante Zoe Saldana, não tem a impetuosidade nem a dedicação de outras personagens de Besson, como Liam Neeson em 'Taken'. Mas 'Colombiana' tem uma (quase) credível história base, uma profundidade emocional claramente superior a outras entradas do género, e as acções da 'assassina' bem como o desenrolar das cenas não são gratuitas, mas perfeitamente justificáveis. Para além do mais, é dos poucos filmes do género em que as causas e as consequências dos actos da 'assassina', dos polícias que a perseguem e dos mauzões são ponderadas e reflectidas no ecrã.
A história é uma de vingança. Cataleya viu os seus pais (da mafia colombiana) serem mortos à sua frente. Consegue fugir e ir ter com o tio na América (embora seja pouco credível como é que uma miúda de 10 anos consegue escapar a 50 capangas com metralhadores pelas ruas de Bogotá!). Treina como assassina e, 15 anos mais tarde, deixa um rasto grande de cadáveres, à medida que aperta o cerco aos assassinos de seus pais. Por um lado, O FBI persegue-a, por outro, o contrabalanço emocional é dado pela relação fugaz que mantém com Michael Vartan, que desconhece a sua verdadeira identidade. São estas cenas que tornam a personagem credível, já que os seus feitos como assassina não o fazem assim tanto. Contudo, o argumento de Besson é sempre inventivo. O filme tem mais interesse na forma como Cataleya entra e sai dos locais bem guardados (uma prisão, uma mansão ultra-vigiada) onde as suas vítimas estão, do que propriamente nas cenas de luta em si.
'Colombiana' convence como um bom filme de acção de sábado à tarde. Apresenta convincentemente os motivos que levam a assassina profissional a agir (tal como 'Leon' o fizera), mas falta-lhe uma pitada de adrenalina, e não consegue fazer com que o público tenha uma grande ligação emocional à personagem central. O público sabe que Cataleya vai vingar os pais, e torce por ela quando desfila pelas cenas de acção. Mas não está a berrar para o ecrã como estava em 'Taken', nem a sentir cada passo atrás como se fosse um golpe na sua própria cara. O realizador Olivier Megaton convence como um realizador de acção (realizaria ‘Taken 2’ em 2012), e não se esquece das cenas mais pessoais, que, sinceramente, estão muito acima das clássicas chapas 5 que pontilham os filmes de acção. Um espectador que espera muita acção não vai tê-la. Mas terá entretenimento com (alguma) substância, no estilo clássico (não para todos) de Besson, e um desfilar sexy da esguia e felina Saldana por cenas de acção; a assassina profissional mais sedutora deste Nikita. Ah, e já ninguém usava tantas condutas de ar para escapar desde os Aliens e do John MacLaine.
0 comentários:
Enviar um comentário
Porque todos somos cinema, está na altura de dizer o que vos vai na gana (mas com jeitinho).