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Seven Brides for Seven Brothers

Ano: 1954

Realizador: Stanley Donen

Actores principais: Howard Keel, Jeff Richards, Russ Tamblyn

Duração: 102 min

Crítica: O filme ‘Seven Brides for Seven Brothers’ (‘Sete noivas para sete irmãos’ em português, numa invulgar tradução à letra!) pertence a uma das mais espectaculares épocas de ouro que os filmes ditos ‘musicais’ viveram: Hollywood nos anos 1950. Neste período de grande produtividade, entre as extravagâncias musicais dos anos 1930 e 1940 (que introduziram Fred e Ginger, Kelly ou Sinatra ao mundo) e as adaptações épicas de musicais da Broadway dos anos 1960 (My Fair Lady, The Sound of Music), estes filmes viram-se enriquecidos pelo magnífico uso do formato alargado Cinemascope, das cores garridas do Technicolor, de belíssimos cenários estilizados (sempre, ou quase sempre, em estúdio) e claro, de muita boa disposição. Esta fórmula está totalmente presente em ‘Seven Brides for Seven Brothers’, que contém, para além de inúmeros números de dança e inúmeras canções, uma masculinidade exageradamente cliché, muitas cenas de pancadaria dançante e humorística, e claramente falsos, mas belos, cenários montanhosos. É um filme que funciona perfeitamente como entretenimento musical, num ‘bom velho estilo’, e tem todo o carisma do seu realizador, Stanly Donen, um homem que pouco antes tinha feito ‘Singing in the Rain’ (1952), o musical definitivo com Gene Kelly, e pouco depois faria ‘Funny Face’ (1957), o delicioso musical com Audrey Hepburn e Fred Astaire passado em Paris.

Howard Keel (que 30 anos mais tarde ganharia uma enorme fama na série ‘Dallas’) é um de 7 irmãos que vivem isolados num chalé na montanha. Caçadores/agricultores, todos eles são homens desmazelados e de barba rija (e longa!), que há muito desconhecem as boas maneiras e a etiqueta. Numa enorme manifestação de machismo, Keel um dia decide ir à grande cidade ‘arranjar uma mulher’. E não é que o consegue mesmo, de uma forma incrivelmente rápida (2 cenas)?! Esta é protagonizada pela actriz Jane Powell, que acompanha Keel de novo montanha acima. Uma mulher no meio de 7 homens, Powell começa a ensinar-lhes boas maneiras, e logo os 6 restantes irmãos começam a ser preparados para poderem, eles próprios, arranjar as suas mulheres. A melhor cena do filme é claramente a do dia das festividades na cidade, em que os 6 irmãos encontram 6 raparigas e tentam conquistar o seu amor contra outros 6 homens, numa fantástica sequência de dança entre estas 18 pessoas, que dura quase 10 minutos. Claro, no final, há mais uma mítica e inesquecível cena de pancadaria.

Os rapazes acabam por ‘raptar’ estas 6 donzelas e levam-nas montanha acima até à cabana. Coincidentemente, é também a última noite em que conseguem passar, pois a neve no Inverno bloqueia a estrada até à Primavera seguinte. Não há muito mistério sobre o que irá acontecer. Durante o Inverno, as 7 mulheres e os 7 homens vão começar separados e chateados, mas à medida que o tempo passa estes desentendimentos acabam por se derreter em paixão, através de cenas engraçadas que aliam a canção à dança e à simplicidade da conquista amorosa cinematográfica.



O argumento, obviamente, é pouco ou nada profundo, e contém uma série de eventos e diálogos que podem ser considerados, pelos padrões de hoje, levemente (digamos assim) ofensivos para as mulheres. Mesmo assim muitos dos estereótipos negativos sobre o ‘papel da mulher em casa’ são combatidos através da personagem emancipada protagonizada por Powell, como se o filme desejasse criar um contraponto para a sua própria concepção sexista. Claro que no final tudo acaba bem, e os 7 casais ficam juntos, mas isso não é, na realidade, a verdadeira essência do filme. As cenas de dança são fabulosas, e a coreografia de muitas outras (como por exemplo a cena em que cortam lenha) representam um trabalho de mestre, e estabeleceram certamente o padrão para todas as sequências de filmes posteriores em que lenhadores robustos de roupas quentes e coloridas andam pela floresta e têm um chalé. As canções são, por seu lado, menos conseguidas, mas as vozes de canto são magníficas. Estas são obviamente dobradas (ou seja não são as dos actores), pois estávamos num tempo em que a qualidade estava acima do ‘bonito’ de ver um actor famoso a cantar, por tão mal que isso seja (como agora). Somando a tudo isto, apesar do orçamento mais baixo e dos cenários de estúdio, há uma enorme sensação de espaço aberto, de ar fresco, que está muito bem captada e que prevalece por todo o filme. Eram outros tempos e havia outra qualidade associada ao ‘fazer um filme em estúdio’… 

‘Seven Brides for Seven Brothers’ é um filme leve de enorme entretenimento. O objectivo é o espectador ser deixado levar por uma explosão de dança e technicolor, de suprema qualidade, e esquecer a história mais fraquinha e pouco credível. Este filme é, como disse no início, um dos expoentes de uma época de produções musicais fantasiosas, que valem a pena porque são protagonizadas por dançarinos e cantores muito talentosos e porque delas brota um enorme prazer e uma enorme satisfação. E, neste género, ver um trabalho de Donen é ver um trabalho de um dos maiores mestres. Considero ‘Seven Brides for Seven Brothers’ pior que os dois musicais de Donen que mencionei, ‘Singing in the Rain’ (1952) e ‘Funny Face’ (1957), e também pior que outro grande musical de Donen ‘On the Town’ (1949). Mas é, mesmo assim, um bom musical. Não é por acaso que este filme tão simples foi nomeado para 5 Óscares, incluindo Melhor Filme. Tem uma força intrínseca que é dada pelo seu ritmo dançante. Mas no ano de ‘On the Waterfront’ nunca ganharia o Óscar de Melhor Filme. Mas o Óscar para a Melhor Banda Sonora, o único que conquistou, foi mais que justo.


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Miguel. Portuense. Nasceu quando era novo e isso só lhe fez bem aos ossos. Agora, com 31 anos, ainda está para as curvas. O primeiro filme que viu no cinema foi A Pequena Sereia, quando tinha 5 anos, o que explica muita coisa. Desde aí, olhou sempre para trás e a história do cinema tornou-se a sua história. Pode ser que um dia consiga fazer disto vida, mas até lá, está aqui para se divertir, e partilhar com o insuspeito leitor aquilo que sente e é, quando vê Cinema.

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