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New York Movie Song Play List


Toda a gente sabe que a meca do cinema americano é Los Angeles. Mas nem toda a gente sabe qual o conjunto de motivos especiais que levaram a que esta cidade florescesse desse modo. Quando o cinema como indústria se começou a conceber na década de 1910, a Califórnia ainda era um território em desenvolvimento, com inúmeras áreas virgens, por urbanizar. Os pioneiros do cinema podiam assim comprar terrenos para construir os seus estúdios a baixo custo. Para além do mais, a Califórnia tem mais de trezentos dias de Sol por ano; crucial para a captação de imagens claras usando as técnicas fotográficas rudimentares então existentes. E para terminar, ao redor de Los Angeles, num raio de menos de uma centena de quilómetros nas várias direcções, os pioneiros do cinema podiam encontrar todo o tipo de paisagens; deserto, florestas, montanhas, praias, o que tornava mais simples e menos dispendiosa as filmagens em "exteriores" para alimentar qualquer género de filme.

Contudo, apesar de se ter desenvolvido em redor da indústria cinematográfica, a cidade dos anjos nunca conseguiu bater a sua rival do Este, Nova Iorque, em termos de apelo glamoroso para os cineastas. Los Angeles pode ser a meca do cinema, mas a meca da cultura sempre foi e sempre continuará a ser Nova Iorque. As paisagens de Los Angeles nunca seduziram os maiores artistas cinematográficos como seduzem os contornos da Big Apple; a sua arquitectura, o seu carisma, os seus monumentos, a vibrância do seu centro, os segredos dos seus bairros. Woody Allen, Scorsese, Spike Lee e tantos outros ajudaram a pintar o retrato desta cidade, das suas gentes, da sua vida, como nenhuma outra cidade foi amada na história do cinema, nem mesmo Paris.

Listar os grandes filmes passados em Nova Iorque já foi feito e refeito. Aqui, e inspirado pelas celebrações de ano novo na "cidade que nunca dorme", achei que seria interessante pensar a cidade em termos musicais. Todos conhecemos os grandes standards da indústria musical, as mais populares cartas de amor a Nova Iorque, como "New York, New York" interpretado por Frank Sinatra, "New York State of Mind" de Billy Joel ou até o rip-off "Empire State Of Mind" de Alicia Keys (que apesar das múltiplas citações, não se digna a citar Joel). Mas talvez conheçamos menos bem os grandes hinos à cidade que foram concebidos para obras de cinema, incluindo um bem conhecido tema cujas origens cinematográficas estão esquecidas. Ficam cinco exemplos musicais para nos inspirar neste novo ano, e quem sabe apadrinhar uma viagem em breve à Big Apple (era bom, não era?!). Se conhecer mais, caro leitor, não hesite em partilhar.


"New York, New York" do filme 'On the Town' (1949)

'On the Town', o mágico musical de Stanley Donen e Gene Kelly, é uma obra-prima do entretenimento. Três marinheiros, Gene Kelly, Frank SinatraJules Munshin, munidos de uma licença de um dia, partem à descoberta de Nova Iorque numa celebração de música, canto, dança, humor e claro, como não podia deixar de ser, amor.  A chegada do trio à cidade é marcada pelo animado tema "New York, New York", composto pelo mítico Leonard Bernstein, com letra de Betty Comden e Adolph Green. Passando em revista todos os grandes marcos da cidade (onde os actores realmente estiveram), a música é um compêndio turístico ilustrado, onde o "Bronx é a norte e a Battery a Sul" e as "pessoas andam num buraco no chão" [de metro]. E se a ideia destes três homens é ver, preferencialmente, as vistas femininas, Nova Iorque não deixa de ser, então e sempre, uma "cidade maravilhosa"!!! Sem dúvida alguma.



"New York, New York" do filme 'New York, New York' (1977)

Apesar de ter cantado um "New York, New York" no filme de 1949, essa não é a canção com esse nome mais popular que Frank Sinatra interpretou. O Ol' Blue Eyes ficaria para sempre associado ao tema "New York, New York" composto por John Kander e Fred Ebb, do filme com o mesmo nome de 1977 realizado por Martin Scorsese. Aliás, poucos sabem que Sinatra apenas o interpretou pela primeira vez em 1979, dois anos depois do filme ter estreado. No filme, esse hino ao poder de Nova Iorque para saciar sonhos, onde todos podem acordar numa "cidade que nunca dorme" e descobrir que estão "no topo", é interpretado por Liza Minnelli. Confesso que não são nada fã deste filme extremamente moroso, mas é inegável que deixou um portentoso legado à história da música, mesmo que esse legado tenha passado maioritariamente despercebido na altura do seu lançamento (nem sequer foi nomeada para o Óscar de Melhor Música!). Talvez devamos culpar a fraqueza do filme por isso, não? Felizmente Sinatra tratou de fazer jus ao tema, para sempre...



"Best That You Can Do (Arthur's Theme)" do filme 'Arthur' (1981)

Curiosamente, Liza Minnelli também estaria associada ao filme que quatro anos depois venceria o Óscar de Melhor Música: 'Arthur'; uma parábola por vezes acutilante mas sempre hilariante passada em Nova Iorque, que conta a história de amor entre um herdeiro rico (Dudley Moore) e uma empregada de restaurante (Minnelli). A música permitiu ao celebrado compositor Burt Bacharach levar para casa ao seu terceiro Óscar (que partilhou com Carole Bayer Sager, Peter Allen e o vocalista Christopher Cross). Se por um lado estrutura-se como uma típica balada dos anos 1980, por outro tem fascinantes factores distintivos. É das poucas músicas a ganhar este prémio em décadas recentes a incidir realmente sobre a história do filme. Neste caso reflecte sobre a personagem de Arthur, sobre a sua personalidade e a sua luta para encontrar um lugar; um lugar que não é apenas físico mas que está intrinsecamente associado à cidade onde vive. É o refrão que melhor o expressa: "Quando estás preso entre a Lua e Nova Iorque, o melhor que tens a fazer é apaixonar-te". Simples.



"Once Upon A Time In New York City" do filme 'Oliver And Company' (1988)

'Oliver And Company' tem a posição algo ingrata de ser o último filme da Disney antes do "renascimento" com a segunda idade de ouro, que começaria logo a seguir com 'The Little Mermaid' (1989), 'Beauty and the Beast' (1991) e 'Aladdin' (1992). Assim, como outros filmes da década de 1970 e 1980 deste mítico estúdio de animação, está injustamente um pouco esquecido excepto por aquela geração que o viu em criança (culpado!). Uma re-imaginação de 'Oliver Twist' com um gatinho, o filme troca a Londres de Dickens pela contemporânea Nova Iorque (embora desenhada com um traço estilizado hoje algo datado) e a banda sonora enche-se de composições que enaltecem o ritmo da cidade, como "Why Should I Worry" interpretada por Billy Joel. Mas é a música de abertura, escrita por Barry Mann e Howard Ashman, e interpretada por Huey Lewis,  que, à semelhança do tema de 'Arthur', entrecruza a história da personagem com a de Nova Iorque. Ou melhor, representa-a como uma das múltiplas histórias de coragem que só numa cidade como esta se podem tornar realidade. Afinal a cidade pode ser "dura" mas é "sempre Era Uma Vez em Nova Iorque". Portanto, Oliver não pode desistir... nem ninguém, aliás. So eighties, mas um grande tema.



"Welcome To New York" do filme 'The Secret Life of Pets' (2016)

'The Secret Life of Pets' foi um grande sucesso para a Illumination, mas o que passou ao lado de quase toda a gente (incluindo eu numa primeira visualização) são as suas estranhas semelhanças com 'Oliver & Company'. Numa segunda visualização de repente tornou-se claro para mim, e a internet confirmou as minhas suspeitas, o que não abona muito a favor da Illumination (pagaram alguma coisa à Disney?!). A estrutura de 'The Secret Life of Pets' é uma cópia do filme da Disney, a começar pela sequência de abertura onde desta vez é um cão, e não um gatinho, que é encontrado abandonado nas ruas da cidade e adoptado por uma rapariga. A diferença é que 'The Secret Life of Pets' actualiza a forma de estar, dos datados e mais nostálgicos anos 1980 para a exuberância de 2010. Assim, a balada poderosa de Huey Lewis que acompanhava a luta esperançada de Oliver é substituída pela oca batida techno-pop de Taylor Swift, que acompanha a alegre despreocupação de Max. Ao seu sabor, o filme dá-nos as boas vinda a Nova Iorque e a cidade ganha vida através de uma soberba animação digital.



BOM ANO, caro leitor...

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Miguel. Portuense. Nasceu quando era novo e isso só lhe fez bem aos ossos. Agora, com 31 anos, ainda está para as curvas. O primeiro filme que viu no cinema foi A Pequena Sereia, quando tinha 5 anos, o que explica muita coisa. Desde aí, olhou sempre para trás e a história do cinema tornou-se a sua história. Pode ser que um dia consiga fazer disto vida, mas até lá, está aqui para se divertir, e partilhar com o insuspeito leitor aquilo que sente e é, quando vê Cinema.

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