Realizador: Charles Chaplin
Actores principais: Charles Chaplin, Edna Purviance, Dave Anderson
Duração: 33 min
Crítica: (Esta é a segunda crítica de um ciclo sobre as 10 curtas-metragens que Charles Chaplin realizou durante o seu período com a distribuidora First National (1918-1923). Pode ler a introdução a este ciclo na minha crónica “Chaplin na First National (1918-1923) - Introdução para um ciclo de críticas” (link aqui), bem como ter acesso aos links para as restantes críticas à medida que forem publicadas.)
A primeira curta de comédia de Chaplin para a First National (antes de começarem os seus problemas conjugais) é uma curta com um excelente ritmo e que demonstra um Chaplin totalmente seguro de si próprio e a dominar em pleno a sua arte. O Vagabundo está extremamente evoluído, muito perto da sua forma definitiva, e a curta, algo longa (30 minutos) circunda temáticas clássicas da personagem. Talvez por isso, a história não é muito transcendente (o Vagabundo pobre que procura a próxima refeição de formas cada vez mais inventivas – e engraçadas – apaixona-se por uma empregada de bar e tenta por isso dar uma volta à sua vida e arranjar um emprego), mas a cada passo Chaplin retira da cartola piadas absolutamente magníficas que vão sustendo o nosso riso do início ao fim.
Contudo há mais. Primeiro Chaplin faz-se acompanhar, na maior parte da aventura, por um pequeno cãozinho, um preâmbulo sentimental para a sua parceria com Jackie Coogan em ‘The Kid’ (1921). E depois, no final, há um vislumbre de felicidade, longe da cidade, então invulgar nas suas curtas e na sua personagem. ‘A Dog’s Life’ não é talvez a curta mais memorável de Chaplin, mas dá imenso gosto de ver, pelo ritmo da sua inventividade cómica, mas também pela mudança no Vagabundo. Pode ainda não estar trágico nem artístico. Mas está humano, sempre humano, e este é o maior trunfo desta curta, para além de ser um enorme prenúncio do que estava para vir…
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