Realizador: Charles Chaplin
Actores principais: Charles Chaplin, Edna Purviance, Eric Campbell
Duração: 16 min
Crítica: (Esta é a primeira crítica de um ciclo sobre as 10 curtas-metragens que Charles Chaplin realizou durante o seu período com a distribuidora First National (1918-1923). Pode ler a introdução a este ciclo na minha crónica “Chaplin na First National (1918-1923) - Introdução para um ciclo de críticas” (link aqui), bem como ter acesso aos links para as restantes críticas à medida que forem publicadas.)
Como é que Chaplin fazia os seus filmes? Qual era o seu método de trabalho? Este é um dos maiores mistérios da sétima arte, que durante décadas milhares de historiadores, críticos, cinéfilos e artistas cinematográficos tentaram desvendar. Obras como o supracitado livro ‘Chaplin: His Life and Art’ ou séries como ‘Unknown Chaplin’ (cujo DVD ofereci a mim mesmo este Natal!) procuram responder a estas questões, mas é uma luta árdua. Isto porque Chaplin viveu num tempo em que o cinema estava a começar, a sua longevidade não era prevista, e se muitos dos filmes eram destruídos após estarem em exibição (estima-se que se perderam para sempre 70% dos filmes mudos), então os outtakes, as filmagens de bastidores, as cenas cortadas eram rotineira e constantemente destruídas. Portanto há poucos ou nenhuns registos sobre o ‘Chaplin at work’.
Contudo, um dos melhores registos provém do próprio. Intento em exibir o seu novo estúdio e promover a sua nova parceria com a First National, Chaplin criou este pequeníssimo semi-documentário de 15 minutos em que de uma forma engraçada, totalmente característica, nos mostra os bastidores do seu estúdio e dá-nos uns vislumbres dos seus métodos de trabalho e dos processos de produção. Quis o destino que o filme nunca tenha sido lançado (permaneceu esquecido nos cofres de Chaplin durante 40 anos), mas é uma peça pontilhada de momentos de diversão e descontracção, principalmente nos ensaios (comicamente propositados para a câmara claro, mas isso que importa?!) e que ajuda a manter (mais para o público da altura - que infelizmente nunca o viu - do que o de agora) o glamour da ilusão da sétima arte. Passando por vários locais do estúdio e pelas várias fases de desenvolvimento de um filme, o crème de la crème desta curta é a “filmagem” de uma nova cena cómica, num campo de golfe, que só por si daria também um excelente material para uma curta-metragem. Nem de propósito, Chaplin retomaria este cenário em ‘The Idle Class’ (1921). Se para a época este era um documentário absolutamente ímpar (talvez por isso Chaplin desistiu de exibi-lo), em retrospectiva é uma autêntica pérola documental, que o leitor não pode perder.
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