Realizador: George Lucas
Actores principais: Hayden Christensen, Natalie Portman, Ewan McGregor
Duração: 140 min
Crítica: Como é que se critica a mais bem-amada saga da história do cinema? O que é que se escreve sobre os filmes que já toda a gente viu, inúmeros adoram incondicionalmente, e outros tantos têm memorizado, cena a cena, frame a frame? O que se pode acrescentar a um universo que é muito mais do que um evento cinematográfico, é uma filosofia de vida para todos os fãs que se renderam ao universo de fantasia galáctica que George Lucas concebeu na década de 1970? A resposta a todas estas questões é: não é possível.
‘Star Wars’ (‘A Guerra das Estrelas’) é um mundo infinito e nada que o crítico possa dizer surgirá como uma revelação. Já tudo se escreveu e reescreveu sobre Star Wars. Já tudo se sentiu, já tudo se amou ou detestou; a herança mitológica, a nostálgica aventura, a magia do entretenimento, a exuberância da fantasia, os inovadores efeitos especiais, a soberba banda sonora de John Williams. Portanto a única coisa que se pode acrescentar, realmente, é mais uma visão pessoal sobre a saga. É precisamente isso que me proponho a fazer. Saltar tudo o que já foi sobejamente debatido nas últimas décadas para me centrar de novo nos filmes em si, em seis reflexões (nem lhes vou chamar críticas) inspiradas pelo facto de, como um bom fã nerd, nas últimas seis sextas-feiras ter revisto cada um dos seis filmes da saga, ou não estivesse a estreia de ‘Star Wars Episode VII: The Force Awakens’ a aproximar-se a passos largos!
O que se segue são as minhas sensações e reacções instintivas a cada um dos filmes, rabiscadas agora, tantos anos e tantas visualizações depois, com a plena consciência de que os sei de cor, de trás para a frente e da frente para trás até ao mais ínfimo pormenor (eu avisei… nerd!), mas ao mesmo tempo a tentar ter algum distanciamento (tarefa quase impossível num conjunto de filmes que diz tanto a nível pessoal) para procurar analisar objectivamente a lógica do todo. Depois de ‘Ep. I: The Phantom Menace’ e ‘Ep. II: Attack of the Clones’ agora o filme que fecha a trilogia das prequelas: ‘Ep. III: Revenge of the Sith’. Que a força esteja convosco!
E então, finalmente, chegamos a 2005 e a ‘Revenge of the Sith’. E então, finalmente, todas as expectativas que tinha para as prequelas, ou melhor, todas as expectativas que ainda tinha para as prequelas, depois de ‘The Phantom Menace’ e ‘Attack of the Clones’, foram finalmente saciadas. Por um breve momento no tempo, principalmente quando se aproxima do final, ‘Ep. III: Revenge of the Sith’ é puro Star Wars. E isso é uma bênção e ajuda Ep. III a tornar-se, de longe, a melhor das prequelas.
Ep. I havia sido um choque para os fãs da trilogia original, mas nunca foi tão mau quanto o pintam (ainda hoje). Lucas estava a apontar para um público mais jovem e a usar os então inovadores efeitos especiais nesse sentido. A aventura quiçá infantil, mas animada e colorida, adequava-se à despreocupação do cinema dos anos 1990 e, se nos deixarmos levar, facilmente sentiremos a magia de Star Wars a rodear-nos, mesmo se não formos crianças. Já em Ep. II não. Criança ou adulto, não sei bem quem é que poderá gostar deste filme, se pudermos cometer o sacrilégio de nos esquecer por momentos que faz parte do universo da Guerra das Estrelas. Vítima de um péssimo argumento (aqueles diálogos entre Anakin e Padmé ainda hoje me atormentam) e de um uso quase acéfalo de exageradíssimos efeitos especiais, ‘Attack of the Clones’ é preguiçoso, moroso e deixa poucas saudades. Portanto o público (o vosso crítico incluído) estava algo inseguro em 2005. Seguiria Ep. III esta onda? Afinal, o dinheiro tinha jorrado aos magotes no primeiro filme (Ep. I, na altura do seu lançamento, tornou-se um dos filmes mais rentáveis de sempre), e também, embora em menor quantidade, no segundo. Mas Lucas sempre esteve igualmente atento aos críticos e nunca se importou de alterar o rumo dos acontecimentos para os satisfazer (como por exemplo o corte de Jar Jar Binks, que em Ep. III mal se vê). Da mesma forma, Lucas parecia ter estado a ensaiar diversos tons, sempre a tentar regressar à aura da trilogia original, mas sem o conseguir. Precisamente, digo eu, porque essa aura não foi obtida forçadamente. Lucas conscientemente tentou moldar (com sucesso) Ep. I numa aventura espacial infantil e Ep. II foi claramente o filme em que, após a viragem do milénio, decidiu mostrar à comunidade cinematográfica e ao público mundial tudo o que a sua equipa da ILM conseguia produzir em termos de efeitos especiais. Até aí tudo bem, mas nunca foi suficiente. Para fazer isso, parece ter deixado a escrita do argumento para segundo plano, ou quanto muito deixou-o a cargo do pequeno Jake Lloyd (o miúdo que fez de Anakin em Ep. I…).
Realmente, chegados a 2005, com os fãs todos a aguardar impacientemente, e com uma última oportunidade de fazer uma prequela antes da história engatar com os eventos do filme original, só havia um único caminho que faltava a Lucas percorrer. E, para meu e nosso grande alívio, foi precisamente isso que ele fez. Aleluia, aleluia! Reitero o que disse: Ep. III é sem dúvida alguma a melhor das prequelas. Porquê? A resposta é bem simples. Back to basics. Só isso. Afinal, era esse também o interesse do filme original, um regressar às aventuras de ‘sábado de manhã’ com que Lucas, Spielberg e tantos outros haviam crescido a assistir na TV nos anos 1950. Após a satisfação do comercialismo, após a exibição das potencialidades dos efeitos computadorizados, parece que há uma pressão que se liberta em Ep. III e o filme, certo e seguro, pode contar a sua história com confiança. Confiança no rumo, porque o destino final da película já foi traçado há trinta anos e não há ninguém que o conheça tão bem como George Lucas. Confiança no visual, a usar a tecnologia em favor da história, como sempre foi suposto, e não vice-versa.
Só o mero contraste com o filme anterior, nos diálogos, no tom, no conteúdo, já sacia. Mas Ep. III oferece muito mais que isso. A partir do segundo em que o filme começa sabemos que é especial. A sequência de abertura, logo após as letras que nos enquadram na história, coloca-nos imediatamente no meio de uma batalha galáctica, enquanto os Jedi e os Clones combatem o exército da Federação que raptou (supostamente) o Chancellor Palpatine. Num plano único sem cortes que dura largos minutos, e inundados pela espectacular banda sonora de John Williams (a melhor das prequelas, em toda a sua esplendorosa glória), Lucas coloca-nos no interior da batalha, uma opulenta e visualmente rica sequência que nos prova que a aventura está de volta. Tem excessivos efeitos especiais? Tem sim, mas são inevitáveis e têm, felizmente, um tom mais agastado, mais realista, ao contrário do ambiente artificial de Ep. II. Claro que Lucas ainda se permite algumas liberdades ao longo do filme; aquele bicharoco que Obi-Wan cavalga em Utapau, ou então o próprio o vilão General Grievous (um robô com tosse?! para isso não precisava de ter pulmões?!), mas tudo é feito com naturalidade e inteligência, e nunca se sobrepõe à história. Na batalha final em Mustafar, por exemplo, os efeitos especiais da montanha de lava apenas dão um forte sentido épico à luta. Se Obi-Wan e Anakin estivessem a lutar dentro de uma garagem, pelo menos eu sentiria a mesma tensão entre ambos.
Esta acção inteligente tem como contraponto um argumento mais poupado em termos de diálogos, e ainda bem. O pior de Ep. III é precisamente aquilo que herda dos anteriores, nomeadamente os diálogos mais pessoais (que são de novo terríveis) e principalmente a sua pastosa história de amor. Enquanto resgatam o Chancellor, Anakin e Obi-Wan ainda trocam daqueles diálogos semi-engraçados (ou a tentar, pelo menos) vintage Lucas que não caem nada bem no ouvido. Mas esquecemos tudo isso quando o Chancellor mostra os seus primeiros sinais de animalidade (Ian McDiarmid de novo absolutamente soberbo, não há palavras para descrever o seu génio como Imperador). Da mesma forma, de vez em quando surgem frases inacreditáveis como “wild Bantha chase”. Ok, percebemos, substituíram ‘goose’ por ‘bantha’. São uns génios da comédia. Em ‘Cars 2’ fazem a mesma coisa; Big Bentley em vez de Big Ben, e as crianças deliram. Mas irão delirar aqui? Já dizia Roger Ebert, o trocadilho forçado é a forma mais pobre de humor. Mas mais uma vez perdoamos, porque os actores engolem em seco, dizem a frase sem convicção e seguem em frente para uma qualquer cena de acção star-warsiana muito mais interessante e que faz esquecer a barbaridade anterior.
Mas o que não há pachorra, nem em Ep. II e muito menos aqui, são as cenas entre Anakin e Padmé. A partir do momento em que regressa da sua missão e depois de matar Count Dooku a mando de Palpatine, Anakin encontra uma agora grávida Padmé em Courscant, e o filme entra na sua pior fase. Por momentos a epicidade dos acontecimentos que estão a destruir a República é eclipsada por uma tentativa de recapturar a chama do filme anterior e justificar a viragem para o lado negro de Anakin no seu medo de perder Padmé. Mas não se pode capturar a chama de algo que nunca ardeu. A química entre ambos continua a ser zero. Hayden Christensen continua a ser um péssimo actor. E a personagem de Padmé continua a ser para mim, ainda hoje, um mistério incompreensível. De poderosa e influente senadora, Padmé está reduzida a um papel estereotipado, e extremamente machista, da indefesa mulher grávida. Ridículo. Em Ep. III Padmé praticamente não sai do seu apartamento, onde se penteia à janela e diz umas banalidades sobre o berço da criança. Onde está a mulher de armas que salvou um planeta com a sua coragem? Foi-se, porque agora é mãe...
Durante a primeira hora, Ep. III gera estas sensações contraditórias. Por um lado a história cativa, porque sentimos o nervosinho dos eventos que sabemos que estão para vir (a extinção dos Jedi, a ascensão de Palpatine a Imperador, a batalha entre Anakin e Obi Wan, donde sairá Darth Vader). O facto de haver este objectivo final, que nem Ep. I nem Ep. II tinham, é o grande trunfo da película, e sem dúvida uma grande ajuda para Lucas, a tal ajuda que faltava nos filmes anteriores. Mas o próprio Lucas melhora uma situação já favorável com a forma como decide conduzir o filme. Ep. III é muito mais ritmado que Ep. II e a sua montagem energética não é tão telegráfica como a de Ep. I. Ep. III não tem necessariamente pressa em avançar (embora nas cenas românticas, se o tivesse feito, até seria bom), mas está constantemente no fio da navalha. E nos estamos ali, à espera que tudo descambe na galáxia. Para além do mais, Lucas abandona as garridas cores de Ep. I e a artificialidade de Ep. II, para construir ‘Revenge of the Sith’ sobre ambientes mais negros e estilizados (a própria indumentária negra de Anakin é significativa, embora algo estranha para um Jedi aprendiz), que lentamente nos transportam para o universo original. Como nunca na trilogia das prequelas, começamos a ver inúmeras pequenas referências nas naves, nas salas de controlo, nos uniformes, e até nalgumas caras e nomes estranhamente familiares, que os fãs mais dedicados certamente reconhecerão. Onde estava isto nos filmes anteriores? Não estava. Mas aqui retornam e fazem parte da riqueza intrínseca do filme.
Mas apesar destas vantagens, a gestão da emoção parece fora de sintonia com aquilo que estaríamos à espera e que o filme promete com o seu ritmo e o seu ambiente. Enquanto os Jedi se distribuem pela galáxia numa última tentativa de salvação da República (Obi-Wan vai a Utapau matar Griveous, Yoda vai a Kasyyyk, o planeta dos Wookies – uma forçada, mas bem vinda aparição de Chewbacca), Anakin fica em Coruscant a amuar como de costume e sem grande propósito a não ser ser seduzido pelo Imperador. E mais uma vez, como todas as coisas referentes à sua psicologia, há uma completa e total falta de credibilidade na sua viragem para o lado negro. A cena na Ópera é exemplificativa. O visual é fantástico (aquela dança das bolhas), o argumento é banal (a história de Darth Plagueis), Christensen revira os olhos a fingir que esta a actuar e toda a coisa apenas se sustem graças ao fabuloso sibilar de McDiarmid. Alias, é McDiarmid sozinho que salva este momento tão importante na saga Star Wars e pelo qual os fãs aguardavam há décadas. É tão poderoso e tão intenso que esquecemos as parvoíces habituais de Lucas (“You shall be known as… Darth Vader” só porque sim) e a má actuação de Christensen. É tão poderoso que a partir da cena crucial em que fica desfigurado depois de matar Mace Windu (Samuel L. Jackson) e Anakin virar, o filme ganha um completo novo tom. Hitchcock dizia que quanto melhor o vilão, melhor o filme. Aqui, não é o Darth Vader de Christensen, pelo menos para mim, que é um grande vilão. Admitamos, não é. Nem é o General Griveous que aparece do nada, sem qualquer tipo de background, e desaparece do mesmo modo (e por isso tem muito menos impacto). Já o Imperador é um dos melhores vilões de que há memória no cinema, e aqui está muito mais hipnotizante do que até em ‘Return of the Jedi’.
Portanto este é o momento crucial do filme. A partir desta cena, Ep. III encontra a sua passada mais perfeita e não mais a abandona. Tem o seu tom estabelecido, tem o seu vilão formado (o Imperador, não Anakin) e tem o seu propósito – contextualizar o ‘Star Wars’ de 1977. E não é preciso mais para agarrar o espectador e o prender à cadeira numa segunda hora que passa como se fossem 10 minutos e que sentimos vontade de ver e rever e rever. Como nunca nas prequelas, chegamos ao ponto de rebuçado, chegamos ao Star Wars puro, chegamos àquilo que todos os fãs esperavam que os três filmes tivessem sido, mas que não foram. Numa sucessão de sequências icónicas, ricas em efeitos especiais, é certo, mas com a enorme magia da fantasia e o enorme fascínio do universo (do verdadeiro e o original universo) que amamos, Ep. III torna-se totalmente épico. O lirismo da sequência da ‘Ordem 66’ (a mais artística sequência das prequelas), a intensidade do ataque de Darth Vader ao templo Jedi (já sabemos que quando Christensen não abre a boca as coisas correm muito melhor), e o clímax a dois tempos; o confronto Obi-Wan vs. Darth Vader em Mustafar e o confronto Yoda vs. Imperador no Senado, constituem o melhor Star Wars que vimos desde os filmes originais. De longe. E adoramos.
Claro que nem tudo é um mar de rosas. Nunca percebemos muito bem, ainda hoje, a história patética do ‘high ground’ que leva à vitória de Obi-Wan (seriously?!). Nunca percebemos muito bem porque é que Obi-Wan deixa Anakin vivo. Por muito que o custasse matá-lo, estaria a agir para o bem da galáxia. Não se percebe muito bem porque é que Lucas acedeu aos pedidos de Christensen e deixou que fosse ele a estar dentro do fato de Darth Vader, quando este finalmente aparece na sua forma definitiva. Quase estraga a aura que o filme teve tanto cuidado a estabelecer. Onde já se viu um Darth Vader atarracado e raquítico como este? Não se percebe muito bem porque é que Padmé morre (desgosto amoroso?!), e claramente Lucas nunca viu uma criança a nascer. E voltando atrás, nunca se percebe bem como é que Anakin não questiona todas as incongruências do discurso do Imperador, nomeadamente os segredos para manter Padmé viva (que não mantém – o Imperador afinal ensinou-lhe alguma coisa?!), nem se percebe como, se a sentiu viva em Mustafar, se sentiu a mãe a sofrer na outra ponta da galáxia, não conseguiu sentir também que Padmé morreu? Em vez de fazer perguntas, lança um daqueles ‘Noooooooos’ que perduram para a cena seguinte…
Mas perdoamos tudo isto. Aliás, até certo ponto, perdoamos todas as falhas das prequelas, perdoamos todas as promessas não cumpridas, os argumentos fracos, as incongruências. E perdoamos porque há um enorme fosso entre a forma como Ep. III começa e acaba. Perdoamos porque quando Anakin vira para o lado negro, o filme (e toda a trilogia das prequelas) finalmente vira para o lado bom. Na sua segunda metade, Ep. III torna-se um fabuloso filme de acção, torna-se uma espectacular aventura, delicia-nos com o seu visual e o poder da sua história, mas mais importante do que isso, finalmente (oh finalmente) torna-se ‘A Guerra das Estrelas’ em todo o seu esplendor. Não creio que haja fã algum da Saga que não se comova com as sequências finais. Yoda dirige-se para Dagobah. Organa adopta Leia. Obi-Wan leva Luke para as moisture farms de Tatooine. O Imperador pode ter ganho esta ronda, Darth Vader está ao seu lado, mas há muitas histórias para contar, muitas aventuras para viver na galáxia. E nós conhecemo-las todas. E este final, contido, lírico e nostálgico, com a música de John Williams a retomar todos os temas da Saga, é um convite para mergulharmos de novo nessa aventura, um convite para revermos de novo a trilogia original, um convite para as nossas emoções e memórias de infância aflorarem de novo ao nosso coração e recordarmos, mais uma vez, porque é que Star Wars é especial, porque é que não há nada que se lhe equipare.
E quando os Lars seguram o bebé Luke nos braços, com o dual pôr-do-Sol de Tatooine no horizonte, é como se regressássemos à primeira vez que vimos ‘Star Wars’, o original. Por isso, Ep. III é único no seio das prequelas. Por isso é que o fui ver duas vezes ao cinema. Por isso é que o filme foi muito mais aceite pela crítica e pelo público que Ep. II. Porque é muito mais que um filme ou uma aventura. É um sentimento. Termina com um sentimento que transcende o próprio filme, transcende as prequelas e transcende as décadas. Um sentimento que surgiu em 1977 ou em qualquer outro ano depois disso em que, em VHS, na televisão, ou até em DVD ou na internet (para as gerações mais recentes), assistimos pela primeira vez ao universo dos Skywalkers e da Força e de Darth Vader e do Imperador e dos Rebeldes. E por ter esse sentimento, Ep. III nunca poderá ser descartado como facilmente podem ser Ep. II ou até de certa forma Ep. I. Os críticos podem dizer que, devido à necessidade de encaixar a história, não havia maneira de Lucas se enganar. Mas havia! Ep. II é prova disso. O maior legado das prequelas é precisamente Lucas não se ter enganado neste momento da verdade. Pode ter andado meio perdido nos filmes anteriores, pode ter-se deixado levar pela facilidade dos efeitos especiais, e pode ter feito más escolhas de casting e más escolhas argumentais. Mas Ep. III é a sua redenção e assim faz as pazes com o seu público, com os fãs e consigo mesmo.
Em Ep. III Lucas respirou fundo e voltou a mergulhar neste universo, no seu universo, nas estrelas. E nós respiramos fundo e mergulhamos com ele. É este o dom que ele nos oferece. Uma viagem para aquele lugar sagrado que estimula a nossa imaginação e faz transbordar a nossa infância infinita. Aquele lugar onde os valores clássicos e as técnicas de cinema moderno formam um perfeito equilíbrio. Aquele lugar onde redescobrimos de novo porque somos fãs de Star Wars. Aquele lugar numa galáxia muito, muito distante, onde as nossas fantasias têm a sua representação mais perfeita. Aquele lugar onde reencontramos um velho amigo, um velho sentimento, e esboçamos um sorriso. As prequelas, Ep. III incluído, podem ter muita coisa para esquecer. Mas este sentimento ao terminar Ep. III nunca esqueceremos. É esse o poder do bom cinema, mesmo que seja um poder, como é neste caso, herdado. Mas porque sabemos isso, nada mais fácil. É só chegar a casa e pôr o DVD ou o blu-ray de ‘Star Wars’ no leitor. E é precisamente isso que fazemos. Parafraseando Tiny Tim: “May the Force be with us… everyone”.
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