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Puss in Boots

Ano: 2011

Realizador: Chris Miller

Actores principais: Antonio Banderas, Salma Hayek, Zach Galifianakis

Duração: 90 min

Crítica: Quem viu ‘Shrek 2’ (2004) certamente nunca se esqueceu da fantástica entrada da personagem do gato das botas, com os seus olhos fofos e a voz de Zorro. Uma hilariante e fascinante criação (fazendo notar o poder e o realismo que a animação por computador pode atingir), teve desde então um filme próprio em carteira na Dreamworks. Primeiro 'Puss in Boots' foi concebido como directo-para-DVD. Depois foi re-trabalhado para o grande ecrã.

O filme, do mesmo realizador de ‘Shrek, the Third’ (curiosamente o pior da saga), Chris Miller, existe no mesmo universo dos filmes do ogre. O tipo de animação e o desenho das personagens segue os mesmos traços, e o tipo de história segue o mesmo padrão, ou seja, o de re-trabalhar contos de fadas e torná-los modernos e com estilo, embora tomando demasiadas liberdades com as suas origens. O que eu quero dizer é que a piada resulta para quem conhece as histórias originais, mas as crianças de hoje que entram em contacto com estas histórias pela primeira vez não as vão ouvir correctamente. Será isso justo?

"Puss in Boots' é mais um filme de acção/aventura do que propriamente uma comédia. Está nas linhas das sequelas do Shrek, sem o escape cómico do Donkey. Mesmo assim resulta e é uma experiência de animação compensadora. Repito, só as imagens de Puss em pequeno valem o preço do bilhete."

Aqui, três histórias clássicas intersectam-se, a do Gato das Botas, a do Humpty Dumpty e a do pé de feijão e da galinha dos ovos de ouro. A primeira dá-nos o herói e a segunda o vilão, mas é a terceira que consome a maior parte da história, e nos dá a acção e as motivações das personagens,

Puss é-nos apresentado ao mais belo estilo latino (ou a visão que os americanos têm dos latinos); um dançarino, sedutor e lutador, mas que, diga-se em abono da verdade, é também extremamente fofinho! Este Zorro com pêlo permite que o filme tome o ar de um western (o segundo de animação em 2011 depois de ‘Rango’), e as cenas iniciais gozam um pouco com o género. Mas é quando Puss sabe que um casal de capangas (um deles com a extraordinária performance vocal de Billy Bob Thornton) estão na cidade com os três feijões mágicos, que a aventura começa. Puss tenta roubar os feijões (estão de alguma forma ligados ao seu passado), e é no roubo que se depara com Kitty (Selma Hayek), que tenta roubar os mesmos. Ela trabalha para Humpty (voz de Zach Galifianakis), outrora bom tornado mau, e quando Puss descobre isso há um flashback para a infância de Puss e Humpty, quando eram amigos. O mau deste flashback é que é a única parte morosa e com menos piada do filme. O bom deste flashback é que podemos ver um pequeno Puss, que, muito sinceramente, é a coisa mais adorável que alguma vez foi projectada numa tela de cinema.

Puss, Humpty e Kitty partem na busca da galinha dos ovos de ouro; Puss com motivos altruístas (salvar a cidade da sua infância) e os outros com motivos mais financeiros. O resto é fantasia/aventura, com twists clássicos que um espectador mais experienciado vai facilmente detectar de antemão.



"É animação ao mais alto nível, e um reconhecimento de que a animação por computador pode rivalizar com a clássica em termos de qualidade artística, emocional e humana (neste caso felina). Os contornos do filme são previsíveis mas não morosos, os bonecos são adoráveis, Banderas é rei e senhor da voz, e o filme tem ritmo (...)  Não está aqui o vencedor do Óscar de Melhor Filme de Animação, mas está uma experiência leve e por vezes engraçada para um sábado à noite, com um 3D fabuloso"

'Puss in Boots' é mais um filme de acção/aventura do que propriamente uma comédia. Está nas linhas das sequelas do Shrek, sem o escape cómico do Donkey. Mesmo assim resulta e é uma experiência de animação compensadora. Repito, só as imagens de Puss em pequeno valem o preço do bilhete. Mais que fofura, é animação ao mais alto nível, e um reconhecimento de que a animação por computador pode rivalizar com a clássica (à mão) em termos de qualidade artística, emocional e humana (neste caso felina). Os contornos do filme são previsíveis mas não morosos, os bonecos são adoráveis, Banderas é rei e senhor da voz, e o filme (tirando o flashback), tem ritmo, ao som de uma banda sonora cliché de western passado no México. Não está aqui o vencedor do Óscar de Melhor Filme de Animação, mas está uma experiência leve e por vezes engraçada para um sábado à noite, com um 3D fabuloso (o melhor que vi nesse ano), e que está acima da maior parte dos filmes de animação contemporâneos.


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Miguel. Portuense. Nasceu quando era novo e isso só lhe fez bem aos ossos. Agora, com 31 anos, ainda está para as curvas. O primeiro filme que viu no cinema foi A Pequena Sereia, quando tinha 5 anos, o que explica muita coisa. Desde aí, olhou sempre para trás e a história do cinema tornou-se a sua história. Pode ser que um dia consiga fazer disto vida, mas até lá, está aqui para se divertir, e partilhar com o insuspeito leitor aquilo que sente e é, quando vê Cinema.

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