Realizador: Guillermo del Toro
Actores principais: Sally Hawkins, Octavia Spencer, Michael Shannon
Duração: 123 min
Crítica: Geralmente não me interesso por filmes de Guillermo del Toro. Admito que até tem jeito para adaptações de banda desenhada (‘Blade II’, 2002, e os dois ‘Hellboy’, 2004 e 2008) mas os seus filmes deixam sempre algo a desejar. Não propriamente porque não são bons filmes num nível técnico. Pelo contrário, nestes departamentos são geralmente imaculados, já que del Toro sempre se soube rodear de grandes artistas de fotografia, guarda-roupa ou design de produção. Mas os seus argumentos prometem muito e dão pouco, e a sua realização segue o mesmo caminho, quedando-se pela superficialidade, apesar da mestria, destas camadas técnicas, e tendo grande dificuldade em aprofundar as alegorias que concebe.
Nos seus filmes mais artísticos, digamos assim, como ‘El laberinto del fauno’ (2006), a força das imagens e da história consegue facilmente disfarçar estas falhas (é de facto o seu melhor filme), mas quando aborda o género mais oco dos blockbusters obviamente não. A última vez que tinha ido ver um filme de del Toro ao cinema foi em 2013 e foi um desastre. ‘Pacific Rim’ foi literalmente um dos piores filmes do ano, e um dos piores blockbusters que eu já vi em toda a minha vida. Só fachada sem substância. Só efeitos especiais sem conteúdo. Só ambição artística sem uma pinga de expressividade. Pode culpar-me o leitor por não ter ido ver o seu filme seguinte: ‘Crimson Peak’ (2015)?
"É o cinema que fica a perder quando se dá um prémio a um filme de menor qualidade só para demarcar uma posição social (...) ‘The Shape of Water’ é um filme morno em termos de realização, o design de produção está bem trabalhado mas não tem vida, a fotografia é rotineira, a dimensão alegórica é inacreditavelmente superficial e as suas homenagens à história do cinema são bastante preguiçosas. Mas ganhou. Dá que pensar."
Pois bem, como o leitor bem sabe chegamos à actual época de prémios e o novo filme de del Toro, ‘The Shape of Water’, começou a arrecadar galardões, principalmente ao nível da realização. Vê-lo tornou-se uma inevitabilidade de quem segue, cada vez com maior desdém, estas coisas e assim o fiz no passado sábado à tarde. Fiquei extremamente desapontado. Estava à espera das habituais falhas de del Toro, mas pelo menos algo do calibre de ‘El laberinto del fauno’ (2006). Não foi o caso. E por isso ainda mais surpreendido fiquei quando no passado domingo bateu ‘Three Billboards Outside Ebbing, Missouri’ para se tornar o grande vencedor da 90º cerimónia dos Óscares, com quatro estatuetas: Melhor Filme, Realizador, Design de Produção e Banda Sonora. Para mim, muito sinceramente, foi a maior parvoíce desde que deram o galardão a ‘The King's Speech’.
Todos sabemos que os Óscares se tornaram uma cerimónia que mistura interesses económicos (por isso só filmes de géneros populistas podem ganhar) com interesses sociais (é preciso apaziguar as minorias e abordar temas sociais da moda) e que está mais preocupado com a sua própria popularidade e a popularidade dos seus boys do que com o verdadeiro cinema. Podemos dar exemplos daqui até depois de amanhã de como isto funciona assim. Não vale a pena. Todos sabemos isso. Tal como todos sabemos que um filme da Disney/Pixar vai sempre ganhar Melhor Filme de Animação e Melhor Música seja ou não seja o melhor (como aconteceu este ano com ‘Coco’). Mas é o cinema que fica a perder.
O maior problema para mim é precisamente esse. É o cinema que fica a perder quando se perpetua a mediocridade cinematográfica, ou seja, quando se dá um prémio a um filme de menor qualidade só para demarcar uma posição social. Os Óscares são prémios de CINEMA, não são prémios humanitários. E é o cinema que fica a perder quando se tenta evitar um preconceito para promover outro. A integração e a qualidade cinematográfica podem andar de mão dada, claro. Mas uma não pode ser obtida às custas da outra. Não se podem descriminar grandes filmes ou grandes interpretações só porque não correspondem à causa que nesse particular ano os Óscares e a comunicação social estão a defender, porque isso também é uma forma de descriminação. Caros realizadores não precisam de fazer grandes filmes, parece a Academia dizer; nem nos interessa a vossa mestria. Só nos interessa se o tema da vossa obra coincide com o tema social do ano…
"À superfície o filme parece ser “artístico”, na forma pausada como o drama é construído, na suposta subtileza emocional, na diversificada cenografia, na simplicidade alegórica do seu romance. Mas um escrutínio atento revela que isso é apenas fachada. O maior problema que tenho com ‘The Shape of Water’ é precisamente que o filme não tem profundidade. Ela parece lá estar mas não está. (...) É só ambição artística sem uma pinga de expressividade"
Ora bem, ‘The Shape of Water’ cai um bocado nesta esparrela – se não caísse nunca poderia ter ganho o Óscar de Melhor Filme. O ano passado ‘La La Land’ era um filme com uma realização de mestre, um design de produção soberbo, uma fotografia incrível, um trabalho de câmara invejável, uma dimensão alegórica acutilante, para além de ser uma extraordinária homenagem à história do cinema. Não ganhou e o motivo principal foi “porque é um musical”, a desculpa mais patética que eu já ouvi. Já ‘The Shape of Water’ é um filme morno em termos de realização, o design de produção está bem trabalhado mas não tem vida, a fotografia é rotineira, a dimensão alegórica é inacreditavelmente superficial e as suas homenagens à história do cinema são bastante preguiçosas. Mas ganhou. Dá que pensar.
Claro que o cinéfilo dedicado sabe perfeitamente como estas coisas são possíveis. Del Toro é mexicano, e a Academia está a estabelecer relações fortes com o México numa posição contra a Casa Branca. Mas não é só isso. Os Óscares são integradores (nisso concedo) na medida em que os seus grandes vencedores apontam sempre para públicos alargados; esses que não sabem quem foi Jacques Demy e por isso não podem apreciar a beleza de ‘La La Land’ em pleno. Mas podem apreciar perfeitamente este ‘The Shape of Water’, enquanto se iludem que estão a ver arte cinematográfica de topo. Porque à superfície o filme parece ser “artístico”, na forma pausada como o drama é construído, na suposta subtileza emocional, na diversificada cenografia, na simplicidade alegórica do seu romance. Mas um escrutínio atento revela que isso é apenas fachada. O maior problema que tenho com ‘The Shape of Water’ é precisamente que o filme não tem profundidade. Ela parece lá estar mas não está. Retomo as palavras que usei em cima para descrever ‘Pacific Rim’: “Só ambição artística sem uma pinga de expressividade”. Precisamente. Só não vê quem não quer.
‘The Shape of Water’ começa com a cadência de ‘Amelie’ (2001) (que recorde-se não ganhou nenhum dos 5 Óscares para que esteve nomeado). A rotina cinematográfica é a mesma, na montagem, no design de produção, na música, na forma como a personagem principal, Elisa (mais uma latina) é introduzida. Coincidência? Não me parece. Homenagem? Também não. Aliás, o filme mostrará pouca classe (ao contrário de ‘La La Land’) na forma como inserirá as suas referências cinematográficas. Idem para as referências de época (os anos 1960) embora neste caso não me importe muito porque del Toro constrói uma espécie de realidade alternativa ilusória (típica dele) que enfatiza a alegoria. O facto de Elisa morar em cima de um cinema supostamente também contribuiria para isso, mas tal infelizmente não acontece, porque nunca se sente a relação dela com a sétima arte, nem esta verte no arco das suas emoções.
"A questão que imediatamente se coloca e que põe em causa a integridade do filme é porque é que uma base ultra-secreta do governo tem umas empregadas de limpeza absolutamente normais? Não podiam uns soldados raso tratar disso? E estas empregadas não estão sujeitas a nenhum tipo de controlo à entrada e à saída? Não assinaram nenhum protocolo de confidencialidade? É tudo demasiado, oh demasiado, conveniente."
Interpretada com subtileza pela talentosa Sally Hawkins (embora o realizador pouco consiga captar, mais uma vez, para além da fachada), Elisa é uma empregada da limpeza muda que faz o turno da noite numa base secreta do governo. As primeiras cenas estabelecem a sua rotina solitária em casa; o acordar, o momento de auto-prazer na banheira (totalmente desnecessário para a personagem mas hey, é uma desculpa para nudez e o sexo – haverão outras), e a visita ao seu vizinho também solitário Giles, um pintor homossexual interpretado por Richard Jenkins (o melhor actor do filme). Depois, Elisa desloca-se para o trabalho, que partilha com Zelda (Octavia Spencer), uma mulher que tem palavreado suficiente para as duas. Noite após noite limpam o chão das instalações, e têm acesso livre e não controlado aos seus mais secretos recônditos.
A questão que imediatamente se coloca e que põe em causa a integridade do filme é porque é que uma base ultra-secreta do governo tem umas empregadas de limpeza absolutamente normais? Não podiam uns soldados raso tratar disso? E estas empregadas não estão sujeitas a nenhum tipo de controlo à entrada e à saída? Não assinaram nenhum protocolo de confidencialidade? É tudo demasiado, oh demasiado, conveniente. Dessa forma, Elisa e Zelda rapidamente se vão aperceber que há algo de estranho nesta base. Elas estão lá, a limpar o chão de sangue e água e a ouvir tudo perfeitamente quando os agentes e os cientistas discutem assuntos confidenciais entre si. E estão lá quando uma criatura supostamente encontrada num rio da América do Sul (inspirada a 100% no monstro do clássico ‘Creature from the Black Lagoon’, 1954) é introduzida no complexo. Muito calmamente, à frente de todos, sem que ninguém a impeça, Elisa aproxima-se da caixa e vê-a. Depois, em segredo, de novo sem que ninguém a impeça, começa a ser visita frequente no compartimento onde a guardam e começa a interagir com ela. Repito, tudo demasiado, oh demasiado, conveniente.
Mas o filme sabe que a relação entre Elisa e a criatura nunca será suficiente para suster a trama, pelo menos como está retratada, por isso procura uma maior dimensão emocional ao focar-se (em demasia) nas personagens secundárias. Assim, assistimos ao inconformismo de Zelda, uma afro-americana bastante emancipada (para a época). Assim, assistimos à paixão de Giles por um jovem empregado da cafetaria local e ao seu afastamento da agência publicitária onde trabalhava (insinua-se que por ser homossexual, mas nunca é especificado). Uma muda latina, uma afro-americana nos conturbados anos 1960 e um homossexual. O sonho de qualquer Óscar…
"O filme quer-nos fazer querer que (..) através de uma silenciosa compreensão mútua, Elisa e a criatura formam um elo emocional. Mas nós só sabemos isso porque é o que está na sinopse. Não há nada que o filme nos mostre que nos permita acreditar nisso. (...) Em 2 horas, Elisa partilha talvez 10 minutos de cenas com a criatura. Tudo é fugidio sob a máscara da “cena artística” (...) O espectador tem de ter mesmo o coração aberto para acreditar"
E na base governamental seguimos mais dois homens. Strickland (um intenso, viril e multifacetado Michael Shannon) é o agente enviado para supervisionar os procedimentos, algo que ele vê como uma forma de subir na vida. Também temos um vislumbre da sua vida pessoal; o típico homem violento que precisa de um grande carro para mostrar a sua virilidade mas depois só consegue corresponder sexualmente com certos estímulos. Por fim, o Dr. Hoffstetler (típica interpretação de Michael Stuhlbarg), o cientista responsável pela criatura, é mais dedicado ao seu trabalho mas também ele esconde um segredo que supostamente adiciona uma camada de tensão embora, muito sinceramente, o filme não faça grande alarido sobre isso.
Strickland existe por um propósito claro: representar a violência e a ignorância do sistema contra o desconhecido. Vemo-lo a maltratar a criatura apenas para contrastar com a ligação que se estabelece entre esta e Elisa. O filme quer-nos dizer que ninguém mostrou compaixão pela criatura até Elisa aparecer, mas está a enganar tolos. Apesar de haver várias cenas da criatura a sofrer maus tratos de Strickland, não há uma única cena (uma única!) da criatura com o dr. Hoffstetler, que supostamente cuida bem dele (o seu interesse é científico). Obviamente, mostrar isso seria tirar poder às cenas em que Elisa surge como a salvadora compreensiva de uma criatura discriminada só porque é diferente (o sonho de qualquer Óscar…). E o filme está tão preocupado a estabelecer isso que nem se apercebe que a presença da criatura ali nunca é explicada. Que pretendem os cientistas americanos? Trouxeram-no de um rio da América do Sul apenas para a maltratar? Estilo ‘Hostel’?! Parece.
Mas note-se também outra coisa. A evolução da relação entre Elisa e a criatura está pessimamente gerida. O filme quer-nos fazer querer que primeiro através da comida, depois da música, e sempre através de uma silenciosa compreensão mútua, Elisa e a criatura formam um elo emocional, quiçá de amor. Mas nós, espectadores, só sabemos isso porque é o que está na sinopse. Não há nada, absolutamente nada, que o filme nos mostre que nos permita acreditar nisso. Essa é a sua principal falha, não só emocional, como em termos de obra de ficção artística. Num filme de duas horas, Elisa partilha talvez dez minutos de cenas com a criatura (não contei, posso estar enganado, mas é o que parece). Tudo é fugidio sob a máscara da “cena artística”; um leve olhar através do vidro, duas mãos que se tocam, uma dança fantasiosa a preto e branco que recorda Fred & Ginger, e mais tarde um encontro íntimo. Realmente, mais tempo é perdido na relação platónica de Giles com o empregado do café. O espectador tem de ter mesmo o coração aberto para acreditar neste conto de fadas, porque o filme, por si, não nos leva lá, o que é uma gigantesca decepção.
"No final a mesma falta de emoções permanece, embora o filme finja que não. As consequências emocionais nas outras personagens (...) são, paradoxalmente, mais trabalhadas do que o arco de Elisa, que se mantém monocórdica do início ao fim, ou da criatura que é apenas uma presença sem vida, uma desculpa, embora não se saiba bem uma desculpa para quê. Como tudo o resto neste filme só podemos supor."
Desta forma, Elisa decide resgatar a criatura das maléficas garras do governo americano. Então engendra um plano que terá, de forma planeada ou não planeada, a ajuda preciosa dos seus amigos Giles e Zelda mas também do Dr. Hoffstetler que tem as suas próprias razões. E se algumas vez achou, caro leitor, que no cinema os assaltos ou as fugas de prisão parecem sempre demasiado fáceis, espere até ver como duas empregadas da limpeza conseguem resgatar um extra-terrestre de uma base de alta segurança. Lindo.
A partir daqui esperar-se-ia que a relação de Elisa com a criatura se tornasse mais profunda, mas não é o caso. A mesma falta de emoções permanece, embora o filme finja que não. As consequências emocionais nas outras personagens; a aceitação de Giles da sua condição; a redenção de Hoffstetler ou a sede vingativa de Strickland são, paradoxalmente, mais trabalhadas do que o arco de Elisa, que se mantém monocórdica do início ao fim, ou da criatura que é apenas uma presença sem vida, uma desculpa, embora não se saiba bem uma desculpa para quê. Como tudo o resto neste filme só podemos supor. Supomos que seja um paralelismo para a tolerância, para a compreensão humana, para a simplicidade do amor. Isso é o significado óbvio que entendemos que o filme supostamente deveria ter. E por ser tão óbvio supomos, quiçá até assumimos, que tem. Mas na realidade não tem. E este é que é o verdadeiro paradoxo aqui.
Isto leva-nos ao terceiro acto: a fuga, a redenção, a busca de felicidade e da liberdade (de novo sabemos bem que liberdade é essa… mas o filme não!), que se constroem sem grande dinâmica até ao seu final de conto de fadas. Como o resto, o final soa bem; o plano é belo e idílico, a voz off complacente, a fotografia favorável e a oscarizada banda sonora de Alexander Desplat (não o seu melhor trabalho) adequa-se ao tom que o filme pretende estabelecer. Mas é apenas isso: algo que soa bem. Ou pelo menos, é assim que eu o entendo. Acho que é preciso uma enorme fé para “acreditar” neste filme. Acreditar no conto de fadas. Acreditar na força desta história de amor. Acreditar que estes brevíssimos eventos que interligam as personagens, fracamente explorados, são suficientes para as redimir. Talvez seja um velho do Restelo. Talvez não tenha fé suficiente. Mas não consigo acreditar, não consigo ligar-me a esta simplória alegoria. Para mim até filmes de Disney com texturas semelhantes têm mais substância.
"'The Shape of Water’ não é um mau filme, mas não é, nem de perto nem de longe, um grande filme. É um filme de cinéfilos feito para quem não é realmente um cinéfilo. Bem-intencionado e feito com coração, é certo. Mas emocionalmente banal, estruturalmente previsível e sem chama (... ) É um daqueles filmes que daqui a muitos anos alguém encontrará num caixote e perguntará incrédulo: “Isto ganhou o Óscar de Melhor Filme? Como foi possível…”
Por isso de certa forma até invejo os espectadores que conseguem ter essa fé, essa abertura de espírito para abraçarem um filme destes. É condição absolutamente necessária para o conseguir desfrutar. Nesse sentido, lembrou-me muito ‘Hugo’ de Scorsese, um filme muito aclamado que critiquei da mesma forma. Ambos os filmes partilham uma simplicidade estrutural que é tão superficial que parecem feitos de crianças para crianças. Isto não é propriamente mau, e ‘The Shape of Water’ não é, para todos os efeitos, um mau filme, mas não é, nem de perto nem de longe, um grande filme. É um filme de cinéfilos feito para quem não é realmente um cinéfilo. Bem-intencionado, é certo. Feito com coração, é certo. Mas emocionalmente banal, estruturalmente previsível e sem chama.
Os críticos geralmente são severos para os blockbusters somente porque são blockbusters. Idem para os musicais, somente porque são musicais. Mas um drama romântico com leves referências cinematográficas não é imediatamente um bom filme só porque é um drama romântico com leves referências cinematográficas. E aqui está o busílis da questão. Del Toro mencionou Douglas Sirk no seu discurso nos Óscares. Pois, Sirk também fazia telenovelas cinematográficas, alegorias românticas sobre a tolerância, tal como ‘The Shape of Water’ pretende ser. Mas se os filmes de Sirk tivessem este nível de superficialidade emocional não se tinham tornado os objectos de culto que são hoje. Pelo contrário, ‘The Shape of Water’ dificilmente passará para a posteridade. Daqui a três meses será recordado porque sairá o DVD/Blu-ray com o autocolante “Vencedor do Óscar de Melhor Filme”. Daqui a seis meses já toda a gente se esqueceu dele. Daqui a um ano será apenas uma memória distante, se é que será uma memória.
‘The Shape of Water’ constitui um sucesso típico destes fugidios tempos modernos. É como um post no facebook, é como um discurso nos Óscares. Soa bem porque aborda os temas em voga com uma camada de ostensivamente sentida dignidade e uma sonoridade esperançosa. O suficiente para ter muitos likes, o suficiente para ter muitos aplausos, o suficiente para ter muitos prémios. No momento, isto é. Daqui a nada será substituído pela “próxima nova coisa”, pela “próxima nova causa”. Ficará perdido num mural, numa lista. Não será recordado até ao fim dos tempos como obras-primas primas vencedoras do Óscar como ‘Ben-Hur’, ‘Casablanca’, ‘Braveheart’ ou ‘Lawrence of Arabia’. Será um daqueles filmes que daqui a muitos, muitos anos alguém encontrará num caixote e perguntará incrédulo: “Isto ganhou o Óscar de Melhor Filme? A sério?! Como foi possível…”
fandango - The visuals in this movie are exceptionally well crafted and the director went to great lengths to immerse the viewer into that 1960's American society atmosphere. One does feel like they're being taken back in time to this idealised world of the American dream which is being talked about so much these days by people like Trump and his doctrine of MAGA. The movie clearly states the failings of that age, the white antagonist high powered man in a suit who treats women like pieces of meat. He claims he has created in the image of GOD which can only be a white God in his twisted mind. We are also presented with the rampant xenophobia of that age, racism, homophobia, discrimination against the disabled and generally anything considered to be different or outside the societal norm. Of course anyone who is a misfit or has ever been discriminated against, even abused for their identity will be able to identify themselves in one of the characters of this film and have a feeling of comfort or solace from watching it. The two lovers, the disabled female and the transgender freak from the Amazon are in essence an unique type of sexual minority. The movie has enough plot twists keeping the viewer engaged in the storyline and what initially seems to be a drama ends to a happy finale which is a nice bonus for this well rounded film. So a very strong political statement packaged in a fantasy love story in a dystopian age when the happy life was perpetually clouded by the shadows of destruction and the quest for absolute power
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