Realizador: Buzz Kulik
Actores principais: Pierce Brosnan, Eric Idle, Peter Ustinov
Duração: 506 min
Crítica: Todos sabemos que os ingleses são bons a fazer séries. Ainda hoje em dia muitas das mais populares séries americanas são remakes (perdão, são inspiradas) em séries britânicas, como ‘The Office’, ‘House of Cards’ ou ‘Shameless’. E ao longo da história os ingleses trilharam o caminho em vários géneros. Nos anos 1960, quando os americanos ainda brincavam com o kitsch do spy-fi, os ingleses estavam a fazer as grandes séries de acção e espionagem, a começar por ‘The Saint’ e ‘The Avengers’. Nos anos 1970 foram os Monty Python e derivados (como o excelente ‘Fawlty Towers’) que redefiniram o conceito de comédia, e nos anos 1980 ‘Allo Allo!’ foi um massivo sucesso. Foram os percursores do drama histórico (‘I Claudius’), do drama de época (‘Upstairs Downstairs’ muito antes de ‘Downton Abbey’) e ninguém melhor que a BBC concebeu mini-séries baseadas nos clássicos como os de Jane Austen. Em suma, os tipos percebem disto.
Portanto, quando no final da década de 1980 uma gigantesca mega produção europeia se propôs a filmar uma nova versão da obra mais popular de Júlio Verne, em formato de mini-série para transmissão original na BBC, seria de esperar mais uma obra de referência que ficaria nos anais da televisão. Principalmente porque, aparentemente não olhando a custos, a produção, tal como Phileas Fogg, viajou pelo mundo (locais de filmagens incluíram a Jugoslávia, Hong Kong, Macau e a Tailândia) e, tal como o filme de 1956 que havia ganho o Óscar de Melhor Filme, aproveitou a deixa para se enriquecer com um mega elenco de luxo, como aliás ostenta, com um indubitável orgulho, o genérico inicial. Mas não é isso que acontece. Infelizmente, é quase paradoxal reconhecer que esta mini-série de 3 episódios (também transmitida ou lançada em DVD num formato de 6 episódios de 45 minutos) é uma obra pobre, desinspirada, pouco digna da classe televisiva a que a BBC nos habituou.
"É quase paradoxal reconhecer que esta mini-série (...) é uma obra pobre, desinspirada, pouco digna da classe televisiva a que a BBC nos habituou. (...) Logo no primeiro episódio há três coisas que imediatamente chamam à atenção pela negativa e infelizmente se repercutem por toda a mini-série: (...) o casting (...) o design de produção (...) e o argumento e a forma como é realizado"
É estranho, muito estranho. É totalmente inexplicável. Eu vi esta série pela primeira vez em miúdo na televisão portuguesa. Na altura, já tinha lido o livro e o fascínio natural da obra; a viagem à volta do Mundo, pontilhada de perigos e excitação, de um gentleman inglês para vencer uma aposta enquanto é perseguido, erroneamente, por ser suspeito de ter assaltado o Banco de Inglaterra; foi o suficiente para fazer com que esta mini-série também me cativasse. Portanto quando, anos mais tarde na adolescência, pedi emprestado a colecção de VHS ao meu avô, lembro-me de ter tido uma certa decepção por a mini-série não ser tão espectacular como me recordava. Mas foi há tanto tempo que não sabia precisar porque havia ficado com essa sensação. Por isso mesmo agora, mais de uma década depois e tendo herdado esses mesmos VHS, decidi rever pela terceira vez esta mini-série, na esperança de estar enganado. Mas não estava. E agora sei muito bem porquê. Logo no primeiro episódio há três coisas que imediatamente chamam à atenção pela negativa e infelizmente se repercutem por toda a mini-série.
A primeira é o casting. Os produtores decidiram dar o papel de Fogg a Pierce Brosnan, o que não parece ter sido uma manobra muito inteligente. Brosnan estava ainda a uns anos de distância de ser James Bond, mas estava no rescaldo da série que o tornara famoso em Inglaterra: ‘Remington Steele’ (1982-1987), onde interpretava um ex-ladrão tornado detective. O charme natural de Brosnan nestes dois papéis (e aliás em praticamente toda a sua carreira) até se poderia adequar a um Fogg, mas não a este Fogg. Portanto, Brosnan passa toda a mini-série como um peixe fora de água, sem saber muito bem como interpretar o gentleman excêntrico e socialmente introvertido. O esforço que faz para propositadamente não ser cativante, hesitando, balbuciando, dividido entre ser excêntrico na individualidade e desajeitado em sociedade, é um pouco inglório. A sua falta de dinamismo – porque se está a conter – afecta, e muito, o ritmo da peça, que já de si o tem pouco.
Outro pedaço bizarro de casting é o de Passpartout, o criado francês que acompanha Fogg na sua aventura. Eric Idle sempre foi o meu Monty Python preferido (verdade!), mas não consigo concordar com esta decisão de pôr um inglês de gema, ainda por cima um cómico excelente, a fazer de francês (o quão difícil era arranjarem um actor francês?!). Perceber-se-ia se isto fosse uma comédia assumida. Mas não é. Com o seu sotaque entre o René de ‘Allo Allo’ e o pythonesco, Idle está também muitas vezes contido e desconfortável, e só realmente brilha nas ocasiões em que a mini-série engata num ritmo semi-cómico (o que acontece muito raramente).
"Brosnan passa toda a mini-série como um peixe fora de água, sem saber muito bem como interpretar o gentleman excêntrico e socialmente introvertido. O esforço que faz para propositadamente não ser cativante (...) é um pouco inglório. A sua falta de dinamismo – porque se está a conter – afecta, e muito, o ritmo da peça, que já de si o tem pouco."
O mesmo se pode dizer das várias estrelas, principalmente inglesas, que vão aparecendo em papéis secundários. Algumas têm intervenções deliciosas (outra coisa não seria de esperar), como os três membros do Reform Club que apostam que Fogg não consegue dar a volta ao Mundo (interpretados pelos grandes Christopher Lee, Patrick Macnee e Simon Ward), ou o director do Banco (Robert Morley) e o seu ajudante (Roddy McDowall) com quem tem uma excelente química. Mas estes papéis são tão breves, e a classe carismática, levemente cómica, que imprimem às suas cenas é tão fugidia que não conseguem deixar a sua marca na obra. E os restantes cameos são mais do estilo “blink it and miss it”. Jill St. John e Robert Wagner, por exemplo, apesar de terem os seus nomes em letras garrafais em todos os genéricos, só aparecem por brevíssimos segundos num único episódio, sem qualquer consequência.
Mas felizmente há uma inspirada contratação que, praticamente sozinha, consegue salvar a mini-série. Peter Ustinov está absolutamente extraordinário como Fix, o detective que se convence que Fogg é o ladrão que procura e que acaba por dar a volta ao mundo com ele, esperando a oportunidade de o prender em solo inglês. Genialmente, Ustinov interpreta-o como uma espécie de irmão gémeo distorcido do Poirot que popularizou em vários filmes da década de 1980. Sem dúvida o melhor Fix da história da sétima arte, é uma delícia vê-lo, episódio após episódio, em todas as cenas em que entra. Muito, mas muito facilmente rouba essas cenas a Brosnan, a Idle e a Julia Nickson, que interpreta com segurança mas discrição o papel de Aouda; a princesa que Fogg e Passapartout salvam nas florestas da Índia e que os acompanha no resto da viagem. Mas, em sua defesa, nem no livro esta personagem tem grande destaque.
A segunda coisa que chama a atenção pela negativa é o design de produção e o enquadramento cénico, visto que têm uma qualidade que deixa muito a desejar. Principalmente nas cenas de interiores, a mini-série tem aqueles silêncios constrangedores quando não há diálogos, típicos das séries inglesas da década de 1970, porque não há gravação de ‘ruído ambiente’. No primeiro episódio nota-se a enorme pobreza de alguns cenários, como a sala de refeições do Reform Club que, muito honestamente, até mete dó. No plano que estabelece o Banco de Inglaterra nota-se claramente quais são os locais na rua onde foram colocadas tábuas de madeira para tapar o pavimento moderno. Inacreditável. Parece que foi tudo retirado ou coberto à pressa para transformar as localizações em cenários credíveis do século XIX. Mas nada foi posto em seu lugar alusivo a essa era para lhes dar mais cor e vida…
"Mas felizmente (...) Peter Ustinov está absolutamente extraordinário como Fix (...) Genialmente, Ustinov interpreta-o como uma espécie de irmão gémeo distorcido do Poirot que popularizou em vários filmes da década de 1980. Sem dúvida o melhor Fix da história da sétima arte, é uma delícia vê-lo, episódio após episódio, em todas as cenas em que entra"
Infelizmente, este é o padrão praticamente de toda a mini-série, com uma ou outra notória excepção. Por exemplo, a chegada de um príncipe oriental ao barco que Fogg utiliza para percorrer o Índico (uma personagem inventada para esta mini-série) é de uma opulência enorme, contrastando com o resto da mini-série. Talvez tenha sido uma tentativa de capitalizar na popularidade do “cinema inglês na Índia” na década de 1980, de filmes como ‘Ghandi’ (1982) ou ‘A Passage to India’ (1984), mas é de pensar que este custo de produção para uma personagem tão secundária bem que podia ter sido relocado para criar interiores de muito melhor qualidade e colmatar outras falhas na produção.
E a terceira coisa que chama à atenção, constantemente, pela negativa, é o argumento e a forma como é realizado. A mini-série é da autoria de Buzz Kulik, um realizador que passou praticamente toda a sua vida na televisão (realizou episódios de ‘Twilight Zone’ e ‘Dr. Kildare’ nos anos 1960) e cujos filmes no grande ecrã contam-se pelos dedos (incluindo ‘Brian’s Song’, 1971, com James Caan, e o último filme de Steve McQueen: ‘The Hunter’, 1980). Neste que é praticamente o último trabalho da sua carreira, Kulik não deixa uma grande imagem para a posteridade.
Esta é uma história que mistura a excitação da viagem e da descoberta das culturas de praticamente todo o mundo, com a tensão da luta contra o tempo. E portanto são precisamente esses os dois elementos que se deveriam entrecruzar para criar uma obra cinematográfica de sucesso. É o que acontece na versão de 1956 mas não é o que acontece aqui. O ritmo das cenas é extremamente pausado e a ênfase nos momentos de tensão é extremamente frouxa, não prendendo nada o espectador. A mini-série segue, e bem, a linha argumental do livro de Verne, mas paradoxalmente não se detém nem a saborear a cor local, nem a fomentar a ânsia do espectador quando Fogg e os seus parceiros se deparam com os vários problemas que os atrasam.
"Nota-se a enorme pobreza de alguns cenários (...) o ritmo das cenas é extremamente pausado e a ênfase nos momentos de tensão é extremamente frouxa, não prendendo nada o espectador. (...) Paradoxalmente a mini-série não se detém nem a saborear a cor local, nem a fomentar a ânsia do espectador quando Fogg e os seus parceiros se deparam com os vários problemas que os atrasam."
Aliás, a passagem do tempo é extremamente mal gerida e desequilibrada. Na maior parte da mini-série nem sabemos bem quantos dias passaram nem quantos dias faltam e, apesar dos atrasos, nunca sentimos realmente qualquer tipo de pressão, como se a aventura fosse um pacífico passeio turístico. Pelo que vemos, parece que estiveram a viajar 100 ou 150 dias, mas todo o tempo perdido é misteriosamente compensado sem que o espectador saiba bem como. No livro e no filme de 1956 Fogg era implacável perante um atraso, com dinamismo gastando toda a sua fortuna para arranjar um meio alternativo para avançar. Aqui o mantra é “Atraso? Não há problema. Compensaremos se formos por aqui em vez de por ali”. Mas compensam mesmo? O espectador tem de ter fé e acreditar.
Logo no primeiro episódio, Fogg e Passpartout demoram mais de 4 dias a passar para além de Paris, e no segundo episódio mais 3 dias são precisos só até conseguirem chegar a Itália, algo que é absolutamente incrível (nem de bicicleta demorariam tanto tempo!). Mas após passar mais de um episódio e meio, e mais de uma semana de tempo fílmico, na travessia da Europa, em menos de dez minutos de mini-série já as personagens estão na Índia e, supõe-se, já compensaram o seu atraso...
Na realidade, a mini-série não está minimamente preocupada com estas incongruências porque se vai enchendo (claramente a imitar o filme de 1956) com apartes e pormenores, não constantes do livro, que tentam ser caricatos mas que na realidade não são muito interessantes, porque pecam por todos os pontos que enumerei em cima. E depois há a parada, inconsequente, de celebridades da época. É a famosa actriz Sarah Bernhardt (Lee Remick) que os atrasa no atravessamento do canal da Mancha. Em Paris dão de caras com Louis Pasteur (Hugo De Vernier), num cenário revolucionário. E até a Rainha Vitória (Anna Massey) irá aparecer. Quando tudo o resto falha, a mini-série parece crente que estas pequenas rábulas são suficientes. Mas pelo menos para mim não são.
"A passagem do tempo é extremamente mal gerida e desequilibrada (...) Nunca sentimos realmente qualquer tipo de pressão, como se a aventura fosse um pacífico passeio turístico (...) e todo o tempo perdido é misteriosamente compensado (...) Mas a mini-série não está minimamente preocupada com estas incongruências porque se vai enchendo (...) com apartes, não constantes do livro, que tentam ser caricatos mas que na realidade não são muito interessantes"
Em três grandes momentos de tensão desta história: quando a linha de ferro no meio da Índia se encontra cortada, no salvamento de Aouda, e quando Passpartout se separa de Fogg a caminho de Iocoama, a mini-série continua com a sua falta de sabor e classe. É totalmente monocórdica e desapaixonada na forma como aborda a iminência do perigo e a tensão que advém da necessidade (que devia haver mas não há) de aproveitar cada segundo. Tudo é facilmente resolvido como se nada fosse. Por exemplo, depois de se separar de Fogg, Fix e Aouda, a mini-série não volta a mostrar Passpartout até que ele desembarca em Iocoama. E logo aí, muito rapidamente, arranja o emprego no circo onde pouco depois Fogg o reencontrará. Mais uma oportunidade perdida para prender o espectador à cadeira. Ritmo zero. Excitação zero.
Entretanto, a mini-série já havia “inventado” uma nova aventura na Birmânia, onde todos são raptados por rebeldes, e depois todos menos Passpartout ainda têm tempo de ir à Cidade Proibida ter um tête-à-tête com o Último Imperador (o filme de Bertolucci tinha acabado de ganhar 9 Óscares). Mais uma ideia engraçadinha, mas pobremente executada. Mais valia terem explorado convenientemente as sequências do livro do que aumentarem o número de aventuras mas darem cada uma delas de forma superficial e sem o mínimo de consequência para a história, emocionalmente ou em termos temporais. De facto, havia mais pormenor e intensidade no filme de 1956, com 3 horas, do que nesta mini-série de 4 horas e meia, que em teoria deveria ter muito mais tempo para se dedicar à camada emocional. Esta existe muito ao de leve, na relação entre Aouda e Fogg, mas os seus diálogos são sempre circulares (basicamente dizem um ao outro a mesma coisa ao longo de três episódios) e há falhas gritantes nos seus arcos emocionais. Por exemplo, depois de terem uma discussão no final do episódio 4, no episódio 5 surgem a conversar como se nada fosse. Faltou filmar qualquer cena, não?
Mas é preciso dizer que nem tudo é mau. Quando atingem os Estados Unidos, a mini-série tem finalmente o humor e o ritmo que deveria ter tido desde o início. Provavelmente isto deve-se ao facto dos ingleses conseguirem fazer mais pouco dos americanos do que qualquer outro povo, e de não terem sentimentos de culpa relativamente a eles como têm relativamente às suas outras ex-colónias a Este. A crítica em jeito de paródia de estereótipos também está presente no livro de Verne, e aqui está bem gerida, ou pelo menos melhor gerida que na restante mini-série. O homem com quem Fogg no livro tem um desentendimento que culmina num duelo é transformado aqui em Jesse James (Stephen Nichols), algo que o espectador desculpa só por ter a oportunidade de ouvir Brosnan a chamá-lo de “James Jesse” – o melhor momento cómico de toda a mini-série. Mas se o ataque dos índios gera os melhores momentos de animação e tensão da mini-série, quando chegam a Nova Iorque a perda do barco é de novo inexplicável. A última vez que os vimos a fazer contas, estavam com tempo de sobra. Porque o perderam então?
"A camada emocional existe muito ao de leve, na relação entre Aouda e Fogg, mas os seus diálogos são sempre circulares (...) e há falhas gritantes nos seus arcos emocionais. (...) Mas é preciso dizer que nem tudo é mau. Quando atingem os EUA, a mini-série tem finalmente o humor e o ritmo que deveria ter tido desde o início (...) A crítica em jeito de paródia de estereótipos (...) está bem gerida"
No último episódio, com a travessia do Atlântico, a prisão de Fogg mal põe os pés em Inglaterra, a descoberta do mal-entendido e a corrida para Londres sem saberem que na realidade estão um dia adiantados (outra coisa que eu sempre achei incredível, até no livro) a mini-série continua com a excitação e a tensão que havia encontrado no episódio anterior, o que é agradável. Outro ponto a favor é que finalmente (!!!) segue à risca o livro, inclusive em todos os pormenores da descoberta do erro e da corrida final até ao Reform Club. Contudo, o realizador volta a provar a sua ineficácia ao terminar da mesma forma frouxa que caracterizou toda a mini-série. Num estilo “anos setenta” termina-se com um freeze frame da cara de Fogg no momento em que entra, exactamente 80 dias depois ao segundo, na sala do Reform Club. Após quase 5 horas de mini-série e uma aventura tão extensa, o realizador nega não só a reacção dos membros do clube, como qualquer tipo de celebração, quer das personagens quer da própria aventura que foi partilhada com o espectador. Ambos, Fogg e o espectador, mereciam alguns momentos de êxtase para terminar em beleza e deixar um sorriso no rosto. Nada disso.
No final, o que se pode dizer? Basicamente repetir o que já fui escrevendo ao longo da crítica. A realização é extremamente desinspirada, passando sem sabor pelas localizações mundiais. O design de produção é incrivelmente fraco. As estrelas estão subaproveitadas e Brosnan passa pela aventura de forma desajeitada com uma personalidade forçada que ao terceiro episódio já enjoa bastante. O humor britânico é monocórdico e demasiado pausado para ser eficaz. A gestão da tensão é telegráfica, a gestão da emoção é superficial, nunca sentimos realmente apreço pelas personagens e pela aventura, nem nunca sentimos o peso da luta contra o tempo. Mas paradoxalmente parece haver sempre tempo para perder com pormenores inconsequentes. E episódio atrás de episódio a mini-série arrasta-se, com o mesmo estilo monocórdico, o mesmo ritmo pausado, os mesmos diálogos em círculo.
"A realização é extremamente desinspirada (...) o design de produção é incrivelmente fraco. As estrelas estão subaproveitadas (...) O humor britânico é monocórdico. A gestão da tensão é telegráfica, a gestão da emoção é superficial, nunca sentimos realmente apreço pelas personagens e pela aventura (...) Um esquecível produto televisivo, que poderá satisfazer os requisitos de uma tarde em família, mas é uma decepção para o cinéfilo."
É pena. Mesmo. Suponho que as crianças gostarão, tal como eu gostei um dia, e suponho que quem nunca tenha lido o livro ou nunca tenha visto outra adaptação cinematográfica desta obra possa apreciar a mini-série pela magia simpática da aventura que conta. Mas no fundo é de lamentar que tantos recursos produtivos tenham sido assim desperdiçados. Em vez de uma série de referência para a posteridade, como recordamos outras icónicas mini-séries dos anos 1980 como ‘Thorn Brids’, temos um esquecível produto televisivo, que poderá satisfazer os requisitos de uma tarde em família passada em frente da televisão, mas é uma profunda decepção para o cinéfilo. Caro leitor, veja esta mini-série com os seus filhos, ou veja-a se é fã de Peter Ustinov. Se procura uma boa adaptação da obra de Júlio Verne, fica muito melhor servido com o filme de 1956, mesmo com todas as suas falhas e “Holllywoodices”. Repito: é pena.
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