Ano: 1918
Realizador: Charles Chaplin
Actores principais: Charles Chaplin, Edna Purviance, Albert Austin
Duração: 10 min
Crítica: (Esta é a quarta crítica de um ciclo sobre as 10 curtas-metragens que Charles Chaplin realizou durante o seu período com a distribuidora First National (1918-1923). Pode ler a introdução a este ciclo na minha crónica “Chaplin na First National (1918-1923) - Introdução para um ciclo de críticas” (link aqui), bem como ter acesso aos links para as restantes críticas à medida que forem publicadas.)
‘The Bond’ não é uma curta-metragem no sentido estrito, mas antes um filme promocional propagandista que serviu para acompanhar a famosa ‘war bonds tour’ de Chaplin pela América durante a Primeira Guerra Mundial e, obviamente, incentivar a compra dos ditos bonds (títulos de guerra). E diziam eles que Chaplin era anti-americano?! Patético.
Em quadros simples (não simplórios), muitas vezes nos mesmos cenários de cartão ou em fundo negro, e com um tom didáctico, Chaplin vai brincando com os vários significados da palavra ‘bond’ (ligação) e arranca-nos umas risadas com o seu estilo peculiar. Temos o ‘bond’ da amizade – o Vagabundo é abordado numa paragem por um “amigo” que lhe pede dinheiro. Temos o ‘bond’ do amor e do casamento – Chaplin casa com Edna mas para o fazer tem que desembolsar uma enorme quantidade de dinheiro, pagando ao padre, ao tipo que atira as flores, etc.
Os pequenos quadros que acompanham estes ‘bonds’, separados por intertítulos, são engraçados por si, e Chaplin parece estar a dizer que são males necessários (e dispendiosos também!). E aí está a punchline. Então, porque não investir dinheiro em algo muito mais relevante – o war bond?! Numa cena algo kitsh e datada, o Vagabundo entra num quadro exemplificativo do processo que converte o seu dinheiro numa vitória de guerra (uma aparição do seu irmão Sydney como o Keyser, tal como em ‘Shoulder Arms’). No final, a mensagem é simples (Buy Bonds!) e a curta também. Mas esquecendo a propaganda, as pequenas gags iniciais são puro Chaplin e é isso que sobra para a posteridade.
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