Realizador: Mel Brooks
Actores principais: Mel Brooks, Dom DeLuise, Madeline Kahn
Duração: 92 min
Crítica: Extraída de uma crónica sobre a carreira de Mel Brooks que pode ser consultada aqui.
O sétimo filme de Brooks chega um ano depois de ‘Airplane’ ter dado um soco baixo na comédia ‘spoof’, tirando-lhe toda a inteligência e substituindo-a por parvoíce. Contudo, Brooks manteve-se fiel ao seu tipo de comédia, embora tornando-se cada vez mais directo na paródia, e evoluindo para os padrões da década consumista dos anos 1980. ‘History of the World: Part I’ é o filme mais épico de Brooks, ‘atacando’ os filmes bíblicos, os filmes ‘swords and sandles’, e os ‘period pieces’. Mas é também o mais desconexo. Não segue uma linha narrativa normal, optando em vez disso por seis vinhetas cómicas, em períodos históricos específicos, desde a idade da pedra até à revolução francesa, narrados pela poderosa voz de Orson Wells (o que ele não fazia para ganhar uns trocos!).
Alguns capítulos (a Idade da pedra, Moisés) demoram 5 minutos e não são mais que uma série de piadas e one-liners, mais dignas do ‘Saturday Night Live’ do que propriamente de uma longa metragem. Permitem uma série de gargalhadas rápidas mas pouco mais. Os dois capítulos principais (na época romana e na revolução francesa) tem durações maiores e já apresentam personagens com as quais se pode criar alguma empatia. Num Brooks é um cómico que não consegue fazer rir Nero (brilhante, hilariante, Don DeLuise) e que para escapar aos leões foge de Roma com Gregory Hines (um escravo) e a belíssima Mary-Margaret Humes, uma aia da imperatriz. O toque de classe cómica deste segmente é dado, de novo, por Madeline Kahn, como mulher de Nero, mais esganiçada do que nunca. Este é o segmento com as melhores piadas, desde os flancos dos guardas (flunk flancs!), aos eunicos (grande estreia de Hines no cinema, que ainda tem tempo de mostrar os seus passos de dança). O segmento acaba na Judeia, onde Brooks conhece Cristo! Na revolução francesa, Brooks é um papalvo que é a cara chapada do Rei, e que ao bom estilo do ‘Man in the Iron Mask’ (versão de 1977 claro), é substituído, para morrer na guilhotina em vez dele. Mas irá fugir, com nova menina, desta vez Pamela Stephenson. Aqui é de salientar as piadas relativas à pobreza (Cloris Leachman incrível) e o extremo oposto, o da riqueza excessiva. A frase clássica de Brooks ‘It’s good to be the king’ é dita muitas vezes, e, como não podia faltar, Korman é o vilão. E depois, claro, há a Inquisição, um segmento de 7 minutos que é um grande videoclip. E o trailer do (nunca feito) ‘History of the World: Part II’, que inclui o segmento ‘Hitler on Ice’!
History of the World é uma comédia. Uma comédia não de situações, mas de piadas. Piadas atrás de piadas, independentemente da história. Este é um exemplo de uma coisa destas bem feita. Talvez o melhor. Com diz Hines no fim, quando os tempos se cruzam, tal como em ‘Blazzing Saddles’: ‘movies is magic’. E Brooks sabe-o. Este não é o melhor filme de Brooks. Mas é o seu maior espectáculo cinematográfico. Representa a paródia àquilo que o cinema pode ser, e muitas vezes é.
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