Realizador: Allan Dwan
Actores principais: John Wayne, John Agar, Adele Mara
Duração: 109 min
Crítica: O público de hoje está familiarizado com a batalha de Iwo Jima, na Segunda Guerra Mundial, devido aos dois filmes que Clint Eastwood realizou em 2006, ‘Flags of Our Fathers’ e o magnífico ‘Letters from Iwo Jima’. Se o primeiro se foca nos efeitos pós guerra na psicologia do soldado comum, e se perde, especialmente na sua parte final, em sentimentalismos desnecessários, o segundo é uma obra-prima do cinema bélico, porque depende muito mais do indivíduo do que da acção. Mas mesmo nestes filmes, tal como em todos os restantes hoje em dia, independentemente da maneira como escolhem retratar os cenários de guerra, a espectacularidade e o realismo dos horrores da batalha são uma parte integrante da sua constituição. Contudo, no final da década de 1940, quando os primeiros filmes sobre a Segunda Grande Guerra começaram a ser feitos, a acção era muito mais contida e ligeira por dois motivos; primeiro não havia capacidade cinematográfica, segundo a guerra ainda estava bem presente no dia-a-dia americano.
Mas com isto o leitor não pense que os filmes desta altura perdem qualidade. Ao contrário dos filmes da Grande Guerra que apareceram nos anos 1960, espectaculares produções internacionais blockbusterizadas, os filmes da Grande Guerra do final da década de 1940, início da de 1950, foram feitos como um tributo aos soldados, às batalhas, e claro, à eterna glória dos americanos. Não é por acaso que a maior parte destes filmes se foca muito mais nos soldados do que nas batalhas. As fichas técnicas estão cheias de nomes (famosos ou não) de realizadores, actores, argumentistas, técnicos de fotografia, etc, que realmente lutaram nas batalhas que nem meia década depois estavam a filmar. Por isso estes filmes têm um carisma especial, uma sensação de homenagem latente, um acenar aos soldados caídos e a aura de um eterno obrigado e de uma esperança de que melhores dias virão. Esta sensação, claro, impede que a guerra seja um espectáculo cinematográfico, pelo que estes filmes poderão desapontar um espectador moderno habituado a um ‘Saving Private Ryan’ ou a um ‘Hurt Locker’.
Mas com isto o leitor não pense que os filmes desta altura perdem qualidade. Ao contrário dos filmes da Grande Guerra que apareceram nos anos 1960, espectaculares produções internacionais blockbusterizadas, os filmes da Grande Guerra do final da década de 1940, início da de 1950, foram feitos como um tributo aos soldados, às batalhas, e claro, à eterna glória dos americanos. Não é por acaso que a maior parte destes filmes se foca muito mais nos soldados do que nas batalhas. As fichas técnicas estão cheias de nomes (famosos ou não) de realizadores, actores, argumentistas, técnicos de fotografia, etc, que realmente lutaram nas batalhas que nem meia década depois estavam a filmar. Por isso estes filmes têm um carisma especial, uma sensação de homenagem latente, um acenar aos soldados caídos e a aura de um eterno obrigado e de uma esperança de que melhores dias virão. Esta sensação, claro, impede que a guerra seja um espectáculo cinematográfico, pelo que estes filmes poderão desapontar um espectador moderno habituado a um ‘Saving Private Ryan’ ou a um ‘Hurt Locker’.
O restante filme, tal como os outros da época, foca-se no treino e nas licenças, nas intrigas banais e na camaradagem, nas cartas que recebem de casa, nas discussões sobre o que vão enfrentar, e até no casamento de um dos soldados, sempre num estilo que oscila entre o sério e o semi-cómico, especialmente quando os soldados estão ‘em descanso’ ou a gozar de uma folga na cidade mais próxima. Contudo, não há uma única discussão sobre o significado da guerra ou se esta vale a pena. Não há uma única discussão sobre a alma ou a humanidade do inimigo. O japonês é o inimigo. A guerra é a missão e a obrigação de todos. Servir é uma honra. E o filme é uma homenagem aos homens individuais que serviram. Homens que crescem com a guerra e que têm (mesmo que parcos) arcos sentimentais devido a ela. A personagem de Wayne, por exemplo, é apresentada como um durão desde o início, mas ao longo do filme as suas emoções são desfiadas e apercebemo-nos de que a sua natureza é multifacetada e até emotiva, algo que se revela quando ele salva a vida a um soldado que o odeia, ou quando dá todo o seu dinheiro a uma mulher com um bebé na sua última noite na cidade. O Duke poderá não ser o mais versátil dos actores, mas tem aqui um papel talhado à sua imagem cinematográfica que encarna na perfeição.
Nomeado para quatro Óscares (Actor principal, Montagem, Som e Argumento) não ganhou nenhum, mas foi um sucesso de bilheteira. Embora não seja um filme para a eternidade (embora indispensável para os fãs do Duke), no momento do seu lançamento ‘Sands of Iwo Jima’ foi provavelmente a melhor homenagem que podia ser feita aos amigos e companheiros das pessoas que trabalharam no filme, e que pereceram nessa ilha do Pacífico.
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