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Andy Hardy Gets Spring Fever

Ano: 1939

Realizador: W.S. Van Dyke

Actores principais: Lewis Stone, Mickey Rooney, Cecilia Parker

Duração: 85 min

Crítica: ‘Andy Hardy Gets Spring Fever’ (em português ‘O Novo Amor de Andy Hardy’) é o sétimo dos dezasseis filmes da gloriosa saga de Andy Hardy, o mítico conjunto de filmes produzidos no seio da MGM durante as décadas de 1930 e 1940 e que se tornaram o maior baluarte que Hollywood alguma vez conheceu do cinema como forma de entretenimento familiar e moralista.

Como já escrevi anteriormente, tanto quanto sei EU SOU CINEMA é o único site de cinema português que se dedicou a recordar com nostalgia e paixão esta mítica saga. E assim sendo, para se enquadrar com este filme nº 7, o caro leitor pode ler as críticas dos seis primeiros filmes que fui publicando ao longo dos últimos meses, seguindo os respectivos links: ‘A Family Affair’ (1937)‘You're Only Young Once’ (1937)‘Judge Hardy's Children’ (1938), o fabuloso ‘Love Finds Andy Hardy’ (1938)‘Out West with the Hardys’ (1938) e 'The Hardys Ride High' (1939)

Chegados a 1939, a saga contava com uma estrondosa popularidade. E o curioso é que os filmes não eram grandes produções do estúdio. Pelo contrário, eram produções praticamente de série B, filmadas em poucas semanas com muito baixo orçamento no lote da MGM (o que explica a rapidez com que as sequelas chegavam às salas de cinema). Mas também, para contar as aventuras e desventuras de uma família da pequena cidade de Carvel, principalmente do filho mais novo, Andy (o glorioso Mickey Rooney), não eram precisos muitos recursos. E, certo e seguro, a saga Hardy estava a encher os cofres da MGM. Cada filme era um sucesso de bilheteira maior que o anterior e portanto, aos poucos, a saga afastou-se dos moldes iniciais para se focar nos elementos de maior popularidade. Ou melhor, no elemento; um elemento chamado Mickey Rooney.

"‘Andy Hardy Gets Spring Fever’, o sétimo filme, é um dos mais importantes da saga (...) Rooney caminhava a passos largos para se tornar a mais popular estrela de cinema a nível mundial (...) Assim, muito naturalmente, a saga da família Hardy, que já tendia na sua direcção, tornou-se definitivamente sua; tornou-se, verdadeiramente, a saga de Andy Hardy." 

Como fui descrevendo ao longo das críticas, no final do terceiro filme a fórmula inicial já se havia totalmente esgotado, ou melhor, havia-se repetido tantas vezes que só se podia inovar ou morrer. Mas essa inovação chegou com uma gigantesca classe. O quarto filme, 'Love Finds Andy Hardy’, ainda hoje o mais popular filme da saga, é uma obra-prima em formato comédia romântica adolescente, que esquece praticamente a restante família e a veia moralista e didáctica da saga, para se centrar na mágica energia criativa de Rooney, o definitivo ‘boy next door’.

A enorme popularidade de 'Love Finds Andy Hardy’ definitivamente catapultou Rooney, com uns meros 18 anos, para o topo da sua profissão e embalou o sucesso comercial da saga. Aliás, foi um filme decisivo para a saga se poder continuar a expandir, já que o seguinte, um dos piores, infelizmente reverte para o modelo inicial e comete o enorme pecado de se focar de novo na família e não só em Andy. Mas ninguém podia negar a semente que havia sido plantada. E assim, ‘The Hardys Ride High’, o sexto filme, é, como escrevi “um decisivo filme de charneira, entre a tradição inicial da saga e o mega-espectáculo Mickey Rooney que a saga em breve, muito em breve, se tornaria”. Mantendo os valores pela qual a saga se regia, e continuando a oferecer morais simples e profundas às famílias americanas e aos espectadores jovens, ‘The Hardys Ride High’ não é das entradas mais interessantes da saga, mas é o filme que finalmente reconhece o que todos os espectadores por esta altura já bem sabiam. Que Andy/Rooney não era apenas o genial escape cómico adolescente da saga – esse que havia sido em 'Love Finds Andy Hardy’. Era também, verdadeiramente o seu cerne emocional, o seu dínamo criativo e o motivo do seu magnetismo, graças à capacidade que tinha de ser universal, de conseguir que reconhecêssemos nele a nossa própria adolescência. E é aqui, neste filme, que ele começa a desabrochar e amadurecer, iniciando a sua passagem, que os filmes seguintes seriam exímios a retratar, de inconstante teenager a adulto. Como escrevi “é isso que recordamos: este Andy, este Rooney. O filme não é o melhor, mas ele é, cena após cena após cena”.

E é portanto por estes motivos que, reconhecidamente, ‘Andy Hardy Gets Spring Fever’, o sétimo filme, é um dos mais importantes da saga. Rooney caminhava a passos largos para se tornar a mais popular estrela de cinema a nível mundial, o que acabaria por acontecer neste mítico ano de 1939, o melhor ano da sua carreira. Foi o ano em que fez cinco filmes; três como Andy Hardy, mais ‘The Adventures of Huckleberry Finn’ e o memorável ‘Babes in Arms’ com Judy Garland; o filme da sua consagração definitiva. Foi nomeado para o Óscar de Melhor Actor por essa interpretação e, mesmo não tendo ganho, recebeu da Academia um Óscar Juvenil Honorário. E como se isso não bastasse, o rendimento total na bilheteira destes cinco filmes fizeram-no ultrapassar Shirley Temple como o mais rentável actor à escala mundial, uma posição que ainda manteria no ano seguinte.

"‘The Hardys Ride High’ já havia demonstrado que Andy poderia crescer perante os nossos olhos. Mas é em 'Andy Hardy Gets Spring Fever' que Andy, com 17 anos (Rooney tinha 19) atinge a sua definitiva maturidade, quer dentro, quer fora do ecrã. E isso torna este filme um marco incontornável."

Como tal a MGM passaria a utilizar todas as oportunidades para explorar o seu estrelato. Assim, muito naturalmente, a saga da família Hardy, que já tendia na sua direcção, tornou-se definitivamente sua; tornou-se, verdadeiramente, a saga de Andy Hardy. A partir daqui o nome da sua personagem iria passar a figurar em todos os títulos com uma única excepção (‘Judge Hardy and Son’), embora esteja implícito. A partir daqui, os filmes iriam passar muito menos tempo com os outros membros da família para se centrar nele, dedicando-se quase em exclusivo à sua odisseia de crescimento. ‘The Hardys Ride High’ já havia demonstrado que Andy poderia crescer perante os nossos olhos. Mas é em 'Andy Hardy Gets Spring Fever' que Andy, com 17 anos (Rooney tinha 19) atinge a sua definitiva maturidade, quer dentro, quer fora do ecrã. E isso torna este filme um marco incontornável.

Um pormenor interessante que poderá justificar essa decisiva mudança é que este é o primeiro filme da saga que não é realizado por George B. Seitz (que realizaria 13 dos 16 filmes). Não parece haver um motivo documentado para esta decisão, a não ser talvez incompatibilidade da parte do realizador que entre ‘The Hardys Ride High’ e ‘Judge Hardy and Son’, o oitavo filme, realizou dois filmes diferentes. Assim sendo, poderá simplesmente não ter tido tempo para entrar nesta bem oleada linha de montagem (o importante era sair mais um ‘Hardy’ o mais brevemente possível), e portanto a cadeira de realizador foi ocupada por W.S. Van Dyke. Dyke era um prolífero realizador responsável pela saga ‘The Thin Man’, pelo primeiro ‘Tarzan’ (1932) ou ‘It’s a Wonderful World’ (1939), e que, ponto importante, já havia dirigido Rooney três vezes (por exemplo em ‘The Devil Is a Sissy, 1936). A saga estava há tanto tempo a ser liderada por Seitz que poderá ter sido esta simples mudança para Dyke que permitiu olhar para o material com uma fresca perspectiva, que diga-se era bem necessária. 

Mas curiosamente o início do filme não deixa em nada antever que esta é uma das melhores entradas da saga até este ponto, já que as primeiras cenas seguem a mesma rotina clássica e batida. O filme começa, como todos os anteriores, no tribunal, onde na habitual cena o Juiz (Lewis Stone em piloto automático) tem em mãos mais um pequenino problema local que resolve rapidamente. A segunda cena, também habitual, leva-nos ao seu gabinete no tribunal, onde recebe a visita de dois homens, que afirmam ter descoberto alumínio nos terrenos não utilizados do Aqueduto (ver primeiro filme) e pretendem que o Juiz invista na sua empresa. Para o espectador que já viu seis filmes anteriores, é mais do que óbvio que estes dois homens são uns aldrabões e que o negócio que propõem esconde mais uma falcatrua nesta pacata cidade. E para todas as personagens com o mínimo de sensibilidade, a marosca deveria ser cheirada a quilómetros de distância. Mas o Juiz, tão sábio em tudo o resto, continua incrivelmente muito crente em relação a estas coisas e aquiesce, feliz pela ideia de gerar rendimentos de um terreno que só lhe dá despesas… Depois do que se passou no filme anterior relacionado com a temática “o dinheiro não trás felicidade”, é algo estranho que o Juiz fique de novo tão excitado com uma iminente riqueza…

"O enquadramento, que segue a tradição da saga de oferecer histórias moralistas em que a integridade prevalece perante a corrupção do sistema, é extremamente pobre e pouco trabalhado. (...) Felizmente  o filme vai ter a enorme classe de esquecer estes à partes para se dedicar quase em exclusivo a Andy (...) Durante quase todo o filme, Rooney e só Rooney brilhará. Demora a chegar, mas quando finalmente chega, chega com tudo. E é fantástico."

Este enquadramento, que segue a tradição da saga de oferecer histórias moralistas em que a integridade prevalece perante a corrupção do sistema, é extremamente pobre e pouco trabalhado. Só existe porque faz parte do molde, e os argumentistas claramente atiram-no à força, mas sem grande convicção, para o meio desta trama. Felizmente, se voltamos a este problema mais cena menos cena, e no final há uma espécie de resolução que é igualmente pouco inspirada (embora o filme seja crente de que é uma boa solução…), o filme vai ter a enorme classe de esquecer estes à partes para se dedicar quase em exclusivo a Andy. A mãe (Fay Holden) e a Tia Milly (Sara Hayden), que havia tido o seu momento de glória no filme anterior, mal abrem a boca e são, também felizmente, maioritariamente esquecidas. E a irmã de Andy, Marian (Cecilia Parker) tem a mesma sina. Os argumentistas finalmente lembraram-se que ela não fez nada da vida desde que acabou a faculdade no início da saga, e decidem dar-lhe a vontade de querer ganhar o seu pão trabalhando. Mas isso resume-se a tornar-se secretária na empresa dos aldrabões, o que lhe permitirá mais tarde perceber que algo está errado e informar o Juiz. Assim sendo, durante quase todo o filme, Rooney e só Rooney brilhará. Demora a chegar, mas quando finalmente chega, chega com tudo. E é fantástico.

Enquanto vai estabelecendo esta linha argumental secundária, a vertente ‘Andy’ da história também se vai arrastando um pouco. Tal como no filme anterior, a primeira vez que o vemos está a correr e a gritar rua acima, excitadamente, rumo a casa de Polly (Ann Rutherford; excelente vê-la com mais destaque neste filme – já não era sem tempo!). Mas Polly tem uma companhia que é o oposto de Andy; alto, encorpado, atlético, bem-parecido – um jovem militar filho de uns amigos dos pais dela (o actor Robert Kent). Isto faz com que Andy fique amuado e ciumento, e segue-se alguma lamechice sentimental por várias cenas, que de novo nada fariam antever o brilhantismo que o filme nos reservaria poucos minutos depois. De repente, esquecemos a corrupção, a vontade da irmã de ganhar a vida, e até o vai-não-vai adolescente entre Andy e Polly. De repente, o filme explode numa brilhante e virtuosa odisseia cómico-dramática coming-of-age, quando Andy se apaixona perdidamente pela professora substituta de teatro, Miss Rose Meredith. Esta é interpretada com uma simplicidade e uma assertividade cativantes pela belíssima estreante Helen Gilbert (e que voz!), que havia sido “descoberta” por um produtor quando tocava violoncelo na orquestra da MGM.

Apaixonando-se de corpo e alma por esta mulher alguns anos mais velha, como só um adolescente pode, Andy decide fazer tudo para a impressionar (“Before I met Miss Meredith” diz “I used to think that kissing Polly Benedict was more important than Shakespeare!”). E Rooney impressiona-nos, a nós espectadores, com a sua arte, naturalmente exagerada bem entendido (mas também que adolescente não exagera?), mas invulgarmente sentida. No filme anterior o despertar da maturidade de Andy era gerada de uma forma algo artificial, no modo como reagia às tentações da adolescência: o tabaco, a bebida, o dinheiro fácil e as mulheres de má vida. Aqui, o seu salto para a maturidade vem de dentro, das dores da sua primeira grande paixão não correspondida (a “spring fever” do título) e da compreensão de que não pode ser criança para sempre. Portanto, é muito mais impactante e memorável. 

"De repente, o filme explode numa brilhante e virtuosa odisseia cómico-dramática coming-of-age, quando Andy se apaixona perdidamente pela professora (...)  Rooney impressiona-nos com a sua arte, naturalmente exagerada (...), mas invulgarmente sentida. (...) O seu salto para a maturidade vem de dentro, das dores da sua primeira grande paixão não correspondida (...) e da compreensão de que não pode ser criança para sempre."

Mas o crème de la crème desta obra surge quando a professora decide fazer um concurso de peças de teatro, para que a vencedora seja montada pela turma como projecto de final de ano. A peça que Andy, com o seu virtuosismo inimitável, escreve para impressionar a professora, ganha o concurso, o que nos permite passar o último terço do filme com os ensaios, ao bom estilo dos filmes musicais da década de 1930. Obviamente, o mítico ‘Babes in Arms’, um filme em que Rooney e Garland também montam um espectáculo, vem à memória do cinéfilo. Mas curiosamente, esse filme foi lançado nos cinemas dois meses depois de ‘Andy Hardy Gets Spring Fever’. Terá a genialidade de Rooney nesta sequência originado ‘Babes in Arms’, cujas filmagens se iniciaram umas breves duas semanas depois deste filme ter sido completado? Ou é uma grande coincidência?

A própria peça, ‘Adrift in Tahiti’, na qual Andy e Polly detêm os papéis principais como respectivamente um almirante da marinha e uma nativa de uma ilha do Pacífico; é uma mini-obra prima da comédia. É uma clara paródia aos estereótipos dos filmes dos ‘mares do Sul’ que eram populares em Hollywood por esta altura como ‘Mutiny on the Bounty’ que havia ganho o Óscar de Melhor Filme em 1935. E de novo, Rooney é exímio na sua persona cómica, primeiro quando ensaia em casa e depois quando toma o palco de assalto, e toda a logística dos bastidores da peça está pontilhada de hilariantes momentos de comédia. Destaques para Ann Rutherford, naquele que é praticamente o único filme da saga em que Polly tem grande destaque no miolo (e isso é excelente!); e para o pequeno Terry Kilburn (o angelical jovem actor que foi Tiny Tim no clássico ‘A Christmas Carol’, 1938; ou Colley em ‘Goodbye, Mr. Chips’, 1939) cuja única missão na peça é gerir a entrada da Lua (nada fácil!).

Mas a manobra de mestre de ‘Andy Hardy Gets Spring Fever’ é que nunca perde o seu rumo emocional e entrecruza-o habilmente com a comédia e a peça. A paixão de Andy pela professora, que levará ao seu primeiro grande encontro com a maturidade, está incrivelmente bem gerida, evitando o cliché e o pastoso, para ser realmente algo de extremamente identificável para todos nós que um dia fomos adolescentes. Apesar da sua exuberância e do seu bravado cómico, Rooney demonstra que consegue também ser introspectivo, comovendo o espectador quando engole em seco e sentimos o seu coração a partir. Este filme é muito mais do que “Andy Hardy apaixona-se por uma mulher mais velha”. É uma sentida e comovente lição de vida. A cena íntima no jardim de casa dela em que Andy, talvez algo exageradamente, abre o coração e até a pede em casamento, é o momento exacto em que deixa de ser criança. E mais tarde, depois da peça (enriquecida por esta complexidade emocional), quando finalmente percebe porque é não se deve agarrar a esta paixão, é o momento exacto em que passa a ser adulto. E isso aconteceu, inesperadamente, perante os nossos olhos.

"O crème de la crème desta obra surge quando a professora decide fazer um concurso de peças de teatro (...) A própria peça, ‘Adrift in Tahiti’ (...) é uma mini-obra prima da comédia (...) Mas a manobra de mestre é que o filme nunca perde o seu rumo emocional e entrecruza-o habilmente com a comédia (...) Apesar da sua exuberância e do seu bravado cómico, Rooney demonstra que consegue também ser introspectivo, comovendo o espectador"

Mas ao mesmo tempo, outro trunfo do filme é que nunca se consegue levar inteiramente a sério. Ou melhor, sabe que para fazer passar a sua mensagem não precisa de ser forçadamente dramático como seriam inúmeros filmes a contar uma história semelhante. Pode muito facilmente manter a comédia porque entende que os adolescentes podem já não ser crianças e até já ter dado uns passos na idade adulta, mas no fundo não deixam de ser adolescentes. O típico melodramatismo exagerado de Andy, após um momento sério, até provoca uma risada de Meredith (que reflecte o que o espectador está a pensar), algo que seria impensável noutro filme. É difícil de encontrar uma saga que tenha conseguido captar tão bem a volatilidade da adolescência, e de um filme que a equilibra tão bem, como este. Isso só mais prova a universalidade e capacidade de identificação de Andy (que já a tinha, imenso). Portanto, quando o filme termina com Andy, agora satisfeito por ter esta paixão no seu “currículo” de crescimento, pronto para mais uma dose de Polly, o nosso sorriso é inevitável.

'Andy Hardy Gets Spring Fever' destaca-se porque não é um filme que se rege pelos moldes anteriores da saga. Esquecemos a falcatrua clássica e esquecemos a restante família; são meros sussurros ao longe. Este é um filme muito mais maduro, consciente e introspectivo (como se vê pelas múltiplas cenas de noite, em cenários escuros). Mas ao mesmo tempo é um filme muito mais virtuoso, até na comédia. Se 'Love Finds Andy Hardy’ foi a primeira pista de que a saga podia almejar a imortalidade no cânone do cinema familiar através da excelência de Rooney, 'Andy Hardy Gets Spring Fever' é a consagração definitiva da saga como a mais extraordinária bíblia da adolescência que o cinema americano alguma vez produziu. Existe uma poderosa força que sustenta o filme e que os anteriores não possuíam. É uma força que está na forma como Rooney concentra comédia e drama num pacote dinâmico e verdadeiro, tornando-se o arquétipo supremo da nossa juventude no grande ecrã. 

"Este filme é muito mais do que “Andy Hardy apaixona-se por uma mulher mais velha”. É uma sentida e comovente lição de vida (...) É um filme muito mais maduro, consciente e introspectivo (...). Mas ao mesmo tempo é um filme muito mais virtuoso, até na comédia. (...) 'Andy Hardy Gets Spring Fever' é a consagração definitiva da saga como a mais extraordinária bíblia da adolescência que o cinema americano alguma vez produziu."

A cada cena o filme leva-nos de volta às nossas respectivas adolescências e esse é o maior elogio que se lhe pode dar. Porque tem esse poder é intemporal. Porque nos faz rir e comover ao mesmo tempo é cativante. Porque tem Mickey Rooney é imortal. É ele que nos lidera por esta oscilação brilhante entre comédia e emoção com uma naturalidade invejável. 'Andy Hardy Gets Spring Fever' é apenas mais uma aventura de teor familiar e high-school. É apenas o sétimo filme de uma saga que parecia que já tinha dado tudo o que podia. Mas é uma extraordinária surpresa. Não só é uma excelente comédia como tem realmente profundidade e uma mensagem importante, muito bem construída. Portanto no final aplaudimos. Andy Hardy, o nosso vizinho, o nosso amigo, nós próprios, cresceu. E o filme mostrou-o de uma forma brilhante. Agora, só tem a vida toda para continuar a crescer. E nós cresceremos com ele, porque ainda há mais 9 filmes da saga para descobrir…

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Miguel. Portuense. Nasceu quando era novo e isso só lhe fez bem aos ossos. Agora, com 31 anos, ainda está para as curvas. O primeiro filme que viu no cinema foi A Pequena Sereia, quando tinha 5 anos, o que explica muita coisa. Desde aí, olhou sempre para trás e a história do cinema tornou-se a sua história. Pode ser que um dia consiga fazer disto vida, mas até lá, está aqui para se divertir, e partilhar com o insuspeito leitor aquilo que sente e é, quando vê Cinema.

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