Depois de ter aprofundado os anos 1980 no post recentemente publicado: 'Vencedores do Óscar de Melhor Música: 1980-1989 - a era da balada pop', chega a vez de mergulharmos nos anos 1990, nos incríveis anos 1990! Foi a década que me viu crescer para o mundo, para a música, para o cinema. Vivi os anos 1990 entre os meus seis e os meus dezasseis anos de idade e não tenho pudor em afirmar que foi uma boa década para crescer. Os extravagantes e extrovertidos anos oitenta tinham ficado para trás, e com eles a consciência de que o despreocupado e massivo consumismo, e a excessiva exuberância cultural e social não podiam continuar, pelo menos nesses moldes. Nos anos 1990, com a proximidade do milénio, o Mundo ganhou consciência. Foi a década em que finalmente se reconheceu que o nosso planeta não conseguia aguentar o ritmo da excessiva poluição. Foi a década em que se abraçou abertamente o multiculturalismo e se demarcou uma posição tolerante em prol da homosexualidade. Foi a década em que se finalmente se quebrou o tabu das doenças sexualmente transmissíveis. Foi a década da comunicação em massa, do nascimento da TV por cabo, dos telemóveis, e daquilo que marcaria o século XXI: a internet.
Mas, talvez porque o alheamento social causado pelo advento das novas tecnologias ainda não atingira as preocupantes proporções que hoje toma, os anos 1990 foram para mim sinónimo de outros valores mais condignos: o entretenimento e a família. Os grandes centros comerciais destruíram os pequenos cinemas de bairro, mas isso fez com que houvesse de novo um êxodo em massa da família, dos amigos, dos namorados, para a sala de cinema. O cinema dos anos 1990 é uma consequência natural do dos anos 1980, mas com subtis diferenças que o tornaram muito mais apelativo dos 8 aos 80, com uma enganadora simplicidade e uma constante consciência da sinceridade dos valores a transmitir. Os filmes de acção tornaram-se os blockbusters de acção, cheios de kitsch one-liners, mais preocupados com o espectáculo do que com o realismo. As comédias tornaram-se filmes de família ou autênticas parvoíces, mas parvoíces com uma inocência não ofensiva. Os filmes de adolescentes tornaram-se as comédias de adolescentes ou auto-conscientes filmes de terror. Os romances deram lugar ao popular género da comédia romântica. E os dramas reverteram para um estilo mais clássico, ganhando contornos de incrível epicidade e pungência, deitando a casa abaixo e fazendo chorar as pedras da calçada. E depois, claro, tivemos as músicas, sempre as músicas.
"Ao contrário dos anos 1980, em que conseguíamos ver reflectida toda a década nas dez músicas vencedoras, (...) nos anos 1990 os filmes de animação (...) dominaram completamente a categoria (...) Eram músicas entre o estilo teatral e o comercial pop-rock, de bases mais sinfónicas do que sintéticas, em consonância com a renovada paixão pelo teatro musical, (...) bem como com o último grande Hurrah! da banda sonora instrumental"
Antes da internet dar uma volta de 180º à indústria musical, os anos 1990 foram uma época dourada de comercialismo musical e de novos horizontes. As divas amadureceram, o grunge e o hip-hop nasceram, as boys-bands e as girls-bands causaram um furor que já não se via desde os Beatles. Bateram-se todos os recordes de vendas de CDs. E todos os filmes saíam acompanhados do seu single, com um olho no cobiçado Óscar de Melhor Música e o outro nas vendas dos CDs das bandas sonoras. Foi nesta década que o 'music inspired by' começou a aparecer nas capas dos CDs, ou seja, quando se começaram a lançar bandas sonoras sem uma única música constante no filme, apadrinhadas pelos mais populares artistas musicais da década.
Mas ao contrário dos anos 1980, em que conseguíamos ver reflectida toda a década nas dez músicas vencedoras do Óscar de Melhor Música, aconteceu um fenómeno muito particular nos anos 1990. Primeiro, com o renascimento da Disney e a entrada em cena de um génio musical chamado Alan Menken, os filmes de animação, aqueles que marcaram a infância da minha geração, dominaram completamente a categoria, com nada menos que seis dos dez vencedores. Depois, é fascinante notar que estas músicas já não eram as baladas pop dos anos 1980, nem realmente o género de canção que estava a vincar a indústria por esta altura. Eram músicas entre o estilo teatral e o comercial pop-rock, de bases mais sinfónicas do que sintéticas, em consonância com a renovada paixão pelo teatro musical da Broadway e do West End que a época trouxe (Stephen Sondheim, Tim Rice e Andrew Lloyd Webber foram todos Óscarizados nesta década), bem como com o último grande Hurrah! da banda sonora instrumental, encabeçado por nomes como John Williams, James Horner, Hans Zimmer e o próprio Menken. Só três vencedores (Sondheim, Bruce Spingsteen e Phil Collins), é que compuseram as suas canções à parte da banda sonora instrumental do filme, algo impensável nos anos 1980, e até mesmo agora! E praticamente só o Boss é que introduziu uma música fora do modelo da balada pop sinfónica que conseguiu vencer ano após ano. Mas também não podemos descurar a importância das divas na promoção das músicas óscarizadas: Madonna e Celine Dion (duas vezes cada), Mariah Carey e Whitney Huston interpretaram temas vencedores.
De canções que ainda hoje não nos saem do ouvido - os eternos clássicos Disney - a um dos singles mais vendidos da história da música, associado a um determinado barco que chocou contra um iceberg, estas músicas possuem contudo uma qualidade conjunta que é rara ver nas várias décadas deste Óscar. E é isso que mais deve ser recordado e louvado. Portanto prepare-se, caro leitor, para entrar no viciante mundo dos singles cinematográficos mais populares dos anos 1990. E se der por si a cantarolar durante e depois da leitura/escuta deste post, não se preocupe. Acontece aos melhores.
1990 - "Sooner or Later" (do filme 'Dick Tracy')
Música e Letra: Stephen Sondheim | Interpretação: Madonna
Num parágrafo: Confesso que nunca fui grande fã do trabalho de Stephen Sondheim, o famoso compositor de musicais (West Side Story, Sweeney Todd, Into the Woods). As suas letras são artificialmente intrincadas e muitas vezes não parecem encaixar bem nas frases musicais, ao contrário, por exemplo, dos trabalhos de Jim Steinman. Mas a sua popularidade é imensa, os Grammys e Tonys que arrecadou múltiplos, e portanto seria difícil deixar escapar o Óscar nesta que foi a sua única nomeação, visto que a maior parte dos filmes que usam a sua obra do palco não têm composições originais. Mas a popularidade de Maddona na viragem da década também terá ajudado, e muito, a selar o prémio, já que a música em si, uma simples balada ao estilo jazzistico da década de 1940, é perfeitamente anónima. Verdade que estaria à vontade quer num clube nocturno quer num palco da Broadway, mas é música ambiente, pouco mais...
1991 - "Beauty and the Beast" (do filme 'Beauty and the Beast')
Música: Alan Menken | Letra: Howard Ashman | Interpretação: Angela Lansbury (versão do filme); Celine Dion e Peabo Bryson (versão single)
Num parágrafo: Eu considero 'Beauty and the Beast' o melhor filme animado de sempre. E muito se deve à partitura musical, genialmente concebida por Alan Menken, que arrecadou os seus Óscares números três e quatro, depois de já ter feito a dobradinha Melhor Música/Melhor Banda Sonora com 'The Little Mermaid' em 1989. O filme dominou completamente a categoria de Melhor Música: três das cinco nomeações pertenceram-lhe. Para mim 'Belle' é uma obra-prima e 'Be Our Guest' não lhe fica atrás, com uma extraordinária letra de Howard Ashman. Em comparação, a balada 'Beauty and the Beast' é muito menos exuberante, e muito mais singela, mas a sua simplicidade é incisiva e fascinante. Uma música de amor que evita todos os clichés e reverte para a essência básica de cada romance, a "história tão velha como o tempo" que se repete continuamente, mas que parece sempre nova. Porque o é, para cada novo casal de apaixonados. Sempre irei gostar mais, muito mais, da versão terna de Angela Lansbury (reza a lenda que gravou apenas um único take) do que da balada de instrumentalização nineties (como é possível estragar assim uma música?!) cantada por Celine Dion e Peabo Bryson, que para mim não existe.
1992 - "A Whole New World" (do filme 'Aladdin')
Música: Alan Menken | Letra: Tim Rice | Interpretação: Brad Kane e Lea Salonga (versão do filme); Peabo Bryson e Regina Belle (versão single)
Num parágrafo: Um novo ano, um novo Disney, o mesmo Menken. Os Óscares número cinco e seis vieram-lhe parar às mãos pela Banda Sonora e a Música de 'Aladdin'. O choque do falecimento repentino e prematuro de Ashman (infeliz parte do leque de celebridades que faleceram devido ao vírus da SIDA no início da década de 1990), com quem já tinha composto metade das músicas (incluindo a outra nomeada, 'A Friend Like Me'), não deteve Menken de terminar em beleza a sua partitura. Com um novo letrista, o celebrado nome do teatro Tim Rice, compôs a balada central: 'A Whole New World'. De novo, pode não ser tão exuberante ou liricamente soberba como precisamente 'A Friend like Me', mas é uma música que capta a extasiante sensação de aventura, a inebriante sensação de voo, em formato de balada romântica jovem. A música leva-nos de uma corrida dançante ao aconchegado íntimo, a jovem Lea Salonga está soberba vocalmente, e de novo recuso-me a falar do single, mais uma vez encabeçado por Peabo Bryson.
Música, Letra e Interpretação: Bruce Springsteen
Num parágrafo: Num ano de folga da Disney, quem aproveitou a deixa foi o Boss, mesmo concorrendo directamente contra Neil Young e a sua música 'Philadelphia' escrita para o mesmo filme. Como filme, 'Philadelphia' procurava ir ao âmago da essência da verdadeira América e das pessoas que a constituem, e não há nada mais americano que Bruce Springsteen. Mesmo num registo mais contido, utiliza a sua presença e a sua voz rouca e quase sussurrada para demarcar uma forte posição social. Numa sentida balada cíclica, como a inevitabilidade da vida, Springsteen faz um apelo aos desesperados e à sociedade para que lhes estique uma mão amiga. "So receive me brother with your faithless kiss, Or will we leave each other alone like this?". A Academia adora dar prémios aos grandes músicos americanos se eles se põem a jeito. Ser um ano não-Disney foi uma vantagem. A instituição que é Boss foi a outra. Mas não podemos descreditar a qualidade da música, como não podemos descreditar a sua mensagem sussurrada. Se for sussurrada por mil vozes tornar-se-á um grito ensurdecedor. Há muito que já se tornou. Há muito que já o é.
1994 - "Can You Feel the Love Tonight" (do filme ' The Lion King')
Música: Elton John | Letra: Tim Rice | Interpretação: Kristle Edwards, Joseph Williams, Sally Dworsky, Nathan Lane, e Ernie Sabella (versão do filme); Elton John (versão single)
Num parágrafo: Após 'Aladdin' a Disney dividiu o seu estúdio. Os artistas mais conceituados foram postos a trabalhar em 'Pocahontas', concebido para ser a grande obra de arte da Disney dos anos 1990, enquanto os restantes foram alocados a um filme que pretendia "apenas" ser um sucesso comercial: 'The Lion King'. Isso significou que Alan Menken, o grande génio musical do estúdio, ficou do lado de 'Pocahontas', e a Disney optou por um nome de peso para suportar as ambições financeiras do filme: Elton John. O facto de John e Rice comporem as canções separados de Hans Zimmer, que ficou a cargo da banda sonora instrumental, originou um produto final menos coeso musicalmente, mas o resultado para o público foi o mesmo (um sucesso que excedeu todas as expectativas) e para a Academia também. Zimmer levou o seu único Óscar até hoje para casa, Rice arrecadou o segundo da década (chegaria aos três) e Elton John esteve entre os nomeados pela única vez na sua carreira, e logo a triplicar. 'Circle of Life' é expansivo e excitante, 'Hakuna Matata' é uma música divertidamente viciante, mas a grande balada 'Can You Feel the Love Tonight' é daquelas de deitar a casa abaixo pela sua pura simplicidade, delicadeza e alegre esperança. A versão do filme ganha pontos pela presença de Pumbaa e Timon e pelos coros africanos no refrão, mas não há dúvidas que foi o mega-sucesso do single de Elton John que garantiu a estatueta. Ao contrário das outras entradas desta lista, é esse single que partilho aqui. Mas este tem todo o direito. Afinal, foi o próprio Elton que o compôs.
Música: Alan Menken | Letra: Stephen Schwartz | Interpretação: Judy Kuhn (versão do filme); Vanessa Williams (versão single)
Num parágrafo: 'Pocahontas' é o último grande filme da segunda idade de ouro da Disney, que havia começado em 1989 com 'The Little Mermaid'. A sua temática mais séria, a sua concepção mais artística, e a ausência de elementos de conto de fadas ou de aberto humor tornaram o filme menos popular para o público, mas é inegável que tecnicamente é um dos melhores filmes que a Disney já produziu. Os desenhos são soberbos (blu-ray, meus senhores, é a versão a ver) e a banda sonora de Menken (que lhe valeu o Óscar número sete) é intensa e magistralmente lírica. O seu Óscar número oito (e último, apesar de mais 6 nomeações, sempre pela Disney) deve-se ao single 'Colors of the Wind', composta com um novo letrista, Stephen Schwartz (mais sobre ele em 1998). Uma canção que começa de forma melodiosa, conduzida pela voz incrivelmente cristalina de Judy Kuhn, desliza lentamente, à medida que a batida acelera, para o formato de épico hino; um hino extraordinário de tolerância e de comunhão com a natureza. Sempre adorei a passagem: "The rainstorm and the river are my brothers, The heron and the otter are my friends, And we are all connected to each other, In a circle, in a hoop that never ends, How high does the sycamore grow? If you cut it down, then you'll never know". Já o single de Vanessa Williams peca de novo pela péssima instrumentalização e deslizou há muito para as páginas esquecidas da História. E já agora, aquele penhasco na parte final da cena não é o do 'Rei Leão'? Nunca tinham reparado nisso, pois não?
1996 - "You Must Love Me" (do filme 'Evita')
Música: Andrew Lloyd Webber | Letra: Tim Rice | Interpretação: Madonna
Num parágrafo: Em 1996, pela primeira vez na década, as composições de Alan Menken para um filme da Disney, neste caso 'The Huchback of Notre Dame', não foram nomeadas para Melhor Música. Assim sendo, quem aproveitou a oportunidade foi Madonna, que depois de Sondheim, apadrinhou até ao Óscar outro mago (segundo dizem, não concordo muito) do musical da Broadway e do West End: Andrew Lloyd Webber. Esta foi apenas a segunda nomeação para o homem que compôs 'Cats' ou 'The Phantom of the Opera', depois de duas décadas antes ter sido nomeado por 'Jesus Christ Superstar'. É compreensível, porque as adaptações das suas obras ao cinema não são elegíveis, a não ser que tenham uma composição original. E por isso mesmo, este 'You Must Love Me', escrita propositadamente para o filme baseado no musical originalmente composto em 1978, não é nem de perto nem de longe um dos showstoppers do espectáculo. Mas é uma simples balada bem orquestrada, ideal para uma interpretação a solo num palco escuro, à qual, em abono da verdade, Madonna faz totalmente jus, demonstrando melhor as suas qualidades vocais aqui do que praticamente em toda a sua restante carreira. Mas sabemos perfeitamente que não foi a pouco merecedora música que garantiu o Óscar, mas sim a vontade de distinguir o mediático Webber com o prémio que lhe faltava, a par da eterna popularidade de Madonna. Destaque ainda para o letrista Tim Rice; terceiro Óscar em cinco anos.
1997 - "My Heart Will Go On" (do filme 'Titanic')
Música: James Horner | Letra: Will Jennings | Interpretação: Celine Dion
Num parágrafo: Que um épico romance do cinema tenha uma galardoada banda sonora já estamos bem habituados, mas seria difícil de imaginar 'Gone With the Wind' ou 'Doctor Zhivago' a ganhar também o Óscar de Melhor Música. Mas nos anos 1990, a grande era do consumismo musical, e em que todos os filmes vinham com o seu single de encomenda, já não é tão difícil fazer esse esforço mental. E o maior épico romântico deles todos, 'Titanic', o massivo sucesso de bilheteira que definiu o final cinematográfico do século XX, veio associado a um single que vendeu como batatas quentes, tornando-se um dos singles mais bem sucedidos de sempre com 15 milhões de cópias vendidas. O Óscar, um dos 11 de 'Titanic', era pois inevitável, mesmo perante mais uma música de Menken ('Go the Distance' de 'Hercules'). Mas o que é mais incrível é o tanto que atingiu com relativamente pouco. A grande vantagem é que 'My Heart Will Go On' não existe à parte da banda sonora do filme, como costuma acontecer nos blockbusters. Mas não extravasa essa banda sonora da autoria de James Horner, que venceu aqui, com um dos seus menores trabalhos, os dois únicos Óscares da sua brilhante carreira. 'My Heart Will Go On' é "apenas" a versão cantada do tema instrumental 'Rose' que acompanha a personagem de Kate Winslet ao longo do filme. A melodia está bem escrita mas está imbuída de uma inerente pastosidade que já se tornou mais que datada com a excessiva repetição nas últimas duas décadas. A música sempre foi mais um produto de marketing do que propriamente uma obra prima, mas se temos de reprimir um espasmo involuntário sempre que a re-ouvimos, a verdade é que Dion manda sempre a casa abaixo no clímax. E isso não é fácil.
1998 - "When You Believe" (do filme 'The Prince of Egypt')
Música e Letra: Stephen Schwartz | Interpretação: Sally Dworsky, Michelle Pfeiffer e coro (versão do filme); Whitney Houston e Mariah Carey (versão single)
Num parágrafo: Das seis canções vencedoras de Óscar de Melhor Música nesta década pertencentes a filmes de animação, apenas uma não corresponde a um filme da Disney. A notória excepção ocorreu em 1998 com o primeiro filme da Dreamworks Animation, 'The Prince of Egypt'. Não é segredo que a Dreamworks nos primeiros anos tentou reciclar a fórmula da Disney, incluindo contratar Hans Zimmer para a composição da banda sonora e de Stephen Schwartz para a composição das canções. E não é segredo que o seu trabalho em 'The Prince of Egypt' está muito bem conseguido, captando a forte componente religiosa da história mas ao mesmo tempo produzindo músicas com grande potencial de apelo a um público jovem. E essa dupla vertente está mais perfeitamente limada em 'When You Believe', uma balada religiosa poderosa que faz também as vezes de música inspiracional com uma clareza e uma segurança invejáveis. Contudo, a indiscutível qualidade da versão fílmica de 'When You Believe' não seria normalmente digna de Óscar não fosse o seu single cantado no genérico final por Whitney Houston e Mariah Carey. Há muita gente que acha que o Óscar vai parar às mãos do intérprete e não do compositor. Quando Huston faleceu ouvi uma jornalista a dizer claramente que ela "tinha ganho um Óscar". Lá está, é por isso que estas manobras de marketing resultam, mesmo sendo esta versão dez mil vezes pior que a do filme. Mas Stephen Schwartz agradece o mal entendido. Levou o seu terceiro Óscar para casa.
1999 - "You'll Be in My Heart" (do filme 'Tarzan')
Música, Letra e Interpretação: Phil Collins
Num parágrafo: Depois de uma década de gigantesco poderio nesta categoria, seria estranho se não fosse a Disney a fechá-la. Após 'Hercules' (1997) a Disney decidiu dar uma pausa na sua longa colaboração com Alan Menken e começou a explorar outras potencialidades musicais, muitas vezes associadas a nomes sonantes da indústria cinematográfica. Num estilo que se tornaria voga na animação em anos subsequentes, 'Tarzan' é um filme que não tem músicas cantadas pelas personagens. Em vez disso ouvimos as canções como os seus pensamentos, e aí a voz de Phil Collins impera por toda a banda sonora. Ao longo da década, muitos foram os pilares da música anglosaxónica a associar-se a filmes para vender CDs e ganhar o Óscar como bónus. Alguns tiveram azar no ano e na concorrência (por exemplo Sing e Bryan Adams têm 3 nomeações cada sem vitórias), mas outros foram mais sortudos. Phil Collins pareceu jogar bem as cartas ao associar-se à Disney, obtendo assim o seu Óscar à terceira nomeação. O videoclip oficial de 'You'll be in My Heart' não tem uma única imagem de 'Tarzan', o que nos leva a pensar se a associação não foi apenas de conveniência. Mas marketings à parte, resta a música: um clássico pedaço de pop rock do Collins mais comercial, com uma mensagem referente ao amor que conquista barreiras e diversidades. É uma daquelas músicas românticas simpáticas que electrizavam as rádios nos anos 1990 e que nos deixavam um sorriso no rosto. Pessoalmente gosto mais do trabalho de Collins para 'Brother Bear' (2003) mas admito que esta foi uma boa maneira de dançar um adeus a uma incrível era da história da música cinematográfica.
O filme Dunkirk foi incrível! Amei cada detalhe deste filme, e pessoalmente adorei o filme pela trilha sonora que teve. Acho que não pode existir melhor eleição de musica para Dunkirk que Zimmer, além de que é umas das minhas preferidas. Realmente vale a pena todo o trabalho que a produção fez no filme Dunkirk 2017 legendado, cada detalhe faz que seja um grande filme. Cuida todos os detalhes e como resultado recebeu indicações ao Oscar. Vale muito à pena, é um dos melhores do seu gênero. Além, tem pontos extras por ser uma historia criativa. É algo muito diferente ao que estávamos acostumados a ver.
ResponderEliminar