NOTA: Ontem, dois dias depois de ter publicado esta crónica musical, James Horner faleceu num desastre de avião que o próprio pilotava. A coincidência chocou-me bastante e não desejo mudar uma única palavra do que escrevi em baixo para ter em conta esse facto. Prefiro recordá-lo assim. RIP James Horner (1953-2015)
James Roy Horner. 61 anos. Compositor de bandas sonoras. Vencedor de 2 Óscares (pela banda sonora e pela canção de 'Titanic') e nomeado mais 8 vezes. Vencedor de 2 Globos de Ouro e 5 Grammys. Vencedor do prestigiado prémio carreira Max Steiner Award em 2013.
Juntamente com John Williams ou Hans Zimmer esteve na elite dos compositores no último grande período áureo da banda sonora sinfónica no cinema americano: os anos 1980 e 1990. Começando a fazer o seu nome no cinema de animação de Don Bluth e no sci-fi, são de sua autoria as magnificas composições para 'Aliens' (1986), 'Glory' (1989), 'Legends of the Fall' (1994), 'Braveheart' (1995), 'Titanic' (1997) ou 'Enemy at the Gates' (2001).
Por vezes acusado de se auto-citar em excesso, na minha lista 'TOP 15 - Os melhores compositores de bandas sonoras', preferi descrever o seu estilo como soberba magia sinfónica, aninhada num manto de familiaridade temática, como o revisitar de um velho amigo que nos aconchega e nos guia emocionalmente.
Se o contributo de Horner para a música instrumental de filmes no final do século XX é inegável, também se distingue pelos seus inúmeros contributos à indústria da música em geral. Aliás, é de sua autoria um dos singles mais vendidos de todos os tempos: 'My Heart Will Go On'. Horner teve a felicidade (ou o engenho) de ter o seu período mais prolífero numa era em que a canção do genérico final era uma importante parte de um filme, especialmente de um filme com ambições na bilheteira. Hoje em dia, fazem-se acordos com músicos famosos para associar as suas canções (a maior parte das vezes já escritas) aos filmes. Por um breve momento no tempo, nos anos 1990, estas músicas estavam intrinsecamente ligadas à banda sonora instrumental. A título de exemplo, 'My Heart Will Go On' nada mais é do que o tema instrumental 'Rose' da banda sonora de 'Titanic' com uma orquestração mais ousada e a letra de Will Jennings (o lendário colaborador de Horner) por cima.
Compositores como Burt Bacharach ou Georgio Moroder revolucionaram cada um no seu tempo as canções comerciais para cinema (cada um tem dois Óscares de Melhor Música e um de Melhor Banda Sonora obtidos nos anos 1970 e 1980), mas eram autores pop. Horner conseguiu o inaudito. Com uma base sinfónica, e mantendo um estilo clássico instrumental e orquestral, conseguiu influenciar o rumo a industria musical de singles cinematográficos, mesmo que apenas por um breve conjunto de anos.
Acompanhe-me caro leitor, nesta viagem musical que começa no bem amado 'Fievel, An American Tail' (1986), cuja canção venceu 2 Grammys, e termina, mais de 20 anos depois, em 'Avatar' e em Leona Lewis. Hoje as composições de Horner ainda podem ser ouvidas, de forma subtil é certo (os efeitos especiais agora abafam as sinfonias e o interesse na música instrumental esmoreceu abissalmente), em filmes como 'The Amazing Spider-Man' (2012) ou no recente 'Southpaw' (2015). Mas já desde 'Avatar' (2009) que não ouvimos um destes singles. O cinema moderno pede agora outras coisas. Os tempos mudaram, como sempre mudam inevitavelmente, mas as memórias ficam. E algumas destas memórias são eternas.
James Roy Horner. 61 anos. Compositor de bandas sonoras. Vencedor de 2 Óscares (pela banda sonora e pela canção de 'Titanic') e nomeado mais 8 vezes. Vencedor de 2 Globos de Ouro e 5 Grammys. Vencedor do prestigiado prémio carreira Max Steiner Award em 2013.
Juntamente com John Williams ou Hans Zimmer esteve na elite dos compositores no último grande período áureo da banda sonora sinfónica no cinema americano: os anos 1980 e 1990. Começando a fazer o seu nome no cinema de animação de Don Bluth e no sci-fi, são de sua autoria as magnificas composições para 'Aliens' (1986), 'Glory' (1989), 'Legends of the Fall' (1994), 'Braveheart' (1995), 'Titanic' (1997) ou 'Enemy at the Gates' (2001).
Por vezes acusado de se auto-citar em excesso, na minha lista 'TOP 15 - Os melhores compositores de bandas sonoras', preferi descrever o seu estilo como soberba magia sinfónica, aninhada num manto de familiaridade temática, como o revisitar de um velho amigo que nos aconchega e nos guia emocionalmente.
Se o contributo de Horner para a música instrumental de filmes no final do século XX é inegável, também se distingue pelos seus inúmeros contributos à indústria da música em geral. Aliás, é de sua autoria um dos singles mais vendidos de todos os tempos: 'My Heart Will Go On'. Horner teve a felicidade (ou o engenho) de ter o seu período mais prolífero numa era em que a canção do genérico final era uma importante parte de um filme, especialmente de um filme com ambições na bilheteira. Hoje em dia, fazem-se acordos com músicos famosos para associar as suas canções (a maior parte das vezes já escritas) aos filmes. Por um breve momento no tempo, nos anos 1990, estas músicas estavam intrinsecamente ligadas à banda sonora instrumental. A título de exemplo, 'My Heart Will Go On' nada mais é do que o tema instrumental 'Rose' da banda sonora de 'Titanic' com uma orquestração mais ousada e a letra de Will Jennings (o lendário colaborador de Horner) por cima.
Compositores como Burt Bacharach ou Georgio Moroder revolucionaram cada um no seu tempo as canções comerciais para cinema (cada um tem dois Óscares de Melhor Música e um de Melhor Banda Sonora obtidos nos anos 1970 e 1980), mas eram autores pop. Horner conseguiu o inaudito. Com uma base sinfónica, e mantendo um estilo clássico instrumental e orquestral, conseguiu influenciar o rumo a industria musical de singles cinematográficos, mesmo que apenas por um breve conjunto de anos.
Acompanhe-me caro leitor, nesta viagem musical que começa no bem amado 'Fievel, An American Tail' (1986), cuja canção venceu 2 Grammys, e termina, mais de 20 anos depois, em 'Avatar' e em Leona Lewis. Hoje as composições de Horner ainda podem ser ouvidas, de forma subtil é certo (os efeitos especiais agora abafam as sinfonias e o interesse na música instrumental esmoreceu abissalmente), em filmes como 'The Amazing Spider-Man' (2012) ou no recente 'Southpaw' (2015). Mas já desde 'Avatar' (2009) que não ouvimos um destes singles. O cinema moderno pede agora outras coisas. Os tempos mudaram, como sempre mudam inevitavelmente, mas as memórias ficam. E algumas destas memórias são eternas.
"Somewhere Out There" (do filme 'An American Tail', 1986)
Música: James Horner e Barry Mann | Letra: Cynthia Weil | Interpretação: Linda Ronstadt e James Ingram
Numa frase: Simples e sincera, como o próprio Fievel. Daquelas canções que se ouvem em criança (no meu caso assim foi) e nunca se esquecem.
Numa frase: Simples e sincera, como o próprio Fievel. Daquelas canções que se ouvem em criança (no meu caso assim foi) e nunca se esquecem.
"If We Hold On Together" (do filme 'The Land Before Time', 1988)
Música: James Horner | Letra: Will Jennings, David Campbell | Interpretação: Diana Ross
Numa frase: Uma delicada balada inspiracional (usada desde então repetidas vezes em causas nobres) interpretada de uma forma suave e cristalina por Diana Ross.
"Dreams to Dream" (do filme 'An American Tail: Fievel Goes West', 1991)
Música: James Horner | Letra: Will Jennings | Interpretação: Linda Ronstadt
Numa frase: Épica. A explosão musical incontida do final iria tornar-se a marca desta dupla de compositores e Linda Ronstadt domina-a com uma mão atrás das costas. A versão a ouvir é a do videoclip, porque termina com a voz do eterno Jimmy Stewart, no seu último papel no cinema. Comovente.
"Reach for the Light" (do filme 'Balto', 1995)
Música: James Horner e Barry Mann | Letra: Cynthia Weil | Interpretação: Steve Winwood
Numa frase: Uma balada gospel que fica no ouvido e que funciona melhor quando cantada por um coro enorme de criancinhas, muito embora possua uma letra pontilhada de lugares comuns.
Música: James Horner e Barry Mann | Letra: Cynthia Weil | Interpretação: Steve Winwood
Numa frase: Uma balada gospel que fica no ouvido e que funciona melhor quando cantada por um coro enorme de criancinhas, muito embora possua uma letra pontilhada de lugares comuns.
"My Heart Will Go On" (do filme 'Titanic', 1997)
Música: James Horner | Letra: Will Jennings | Interpretação: Celine Dion
Numa frase: Mais um produto de marketing do que propriamente uma obra prima, este single cinematográfico que vendeu como batatas quentes parte contudo de uma melodia bem escrita e goste-se ou não da sua inerente pastosidade, a verdade é que Dion manda a casa abaixo no clímax.
"I Want To Spend My Lifetime Loving You" (do filme 'The Mask of Zorro', 1998)
Música: James Horner | Letra: Will Jennings | Interpretação: Marc Anthony e Tina Arena
Numa frase: Definitivamente a pior música desta lista. Nem mesmo ter sido produzida pelo grande Jim Steinman salva a melodia enfadonha que anda em círculos num ritmo arrastado sem chegar a lado nenhum.
"Then You Look at Me" (do filme 'Bicentennial Man', 1999)
Música: James Horner | Letra: Will Jennings | Interpretação: Celine Dion
Numa frase: Pensada como a sequela musical de 'My Heart Will Go On', o lançamento e a promoção do single foi cancelado quando o filme provou ser um fiasco de bilheteira. Parvoíce. O que tem a cara a ver com a careta? E aliás, esta música é melhor. Quando finalmente se lançou o single e se fez o videoclip a música já tinha levado umas voltas portanto sugiro que se ouça sempre a versão original, do álbum da banda sonora.
Música: James Horner | Letra: Will Jennings | Interpretação: Marc Anthony e Tina Arena
Numa frase: Definitivamente a pior música desta lista. Nem mesmo ter sido produzida pelo grande Jim Steinman salva a melodia enfadonha que anda em círculos num ritmo arrastado sem chegar a lado nenhum.
"Then You Look at Me" (do filme 'Bicentennial Man', 1999)
Música: James Horner | Letra: Will Jennings | Interpretação: Celine Dion
Numa frase: Pensada como a sequela musical de 'My Heart Will Go On', o lançamento e a promoção do single foi cancelado quando o filme provou ser um fiasco de bilheteira. Parvoíce. O que tem a cara a ver com a careta? E aliás, esta música é melhor. Quando finalmente se lançou o single e se fez o videoclip a música já tinha levado umas voltas portanto sugiro que se ouça sempre a versão original, do álbum da banda sonora.
"Yours Forever" (do filme 'The Perfect Storm', 2000)
Música: James Horner | Letra: George Green e John Mellencamp | Interpretação: John Mellencamp
Numa frase: O outsider em termos musicais desta lista; uma balada country/folk de contornos simples mas não simplória, ciente das dificuldades da vida mas com um olhar esperançoso para o futuro.
"Where are You Christmas" (do filme 'How the Grinch Stole Christmas', 2000)
Música: James Horner | Letra: Will Jennings e Mariah Carey | Interpretação: Faith Hill
Numa frase: Pensada, digo eu, como uma sequela natalícia de 'All I Want for Christmas is You' para Mariah Carey, a música acabou por ser interpretada por Faith Hill quando motivos legais impediram Carey de se chegar à frente. Para hino de Natal não é muito memorável e tem os clichés forçados da quadra, mas vale por Faith Hill saber cantar, e bem.
"All Love Can Be" (do filme 'A Beautiful Mind', 2001)
Música: James Horner | Letra: George Green e John Mellencamp | Interpretação: John Mellencamp
Numa frase: O outsider em termos musicais desta lista; uma balada country/folk de contornos simples mas não simplória, ciente das dificuldades da vida mas com um olhar esperançoso para o futuro.
"Where are You Christmas" (do filme 'How the Grinch Stole Christmas', 2000)
Música: James Horner | Letra: Will Jennings e Mariah Carey | Interpretação: Faith Hill
Numa frase: Pensada, digo eu, como uma sequela natalícia de 'All I Want for Christmas is You' para Mariah Carey, a música acabou por ser interpretada por Faith Hill quando motivos legais impediram Carey de se chegar à frente. Para hino de Natal não é muito memorável e tem os clichés forçados da quadra, mas vale por Faith Hill saber cantar, e bem.
"All Love Can Be" (do filme 'A Beautiful Mind', 2001)
Música: James Horner | Letra: Will Jennings | Interpretação: Charlotte Church
Numa frase: Não há muita diferença entre a versão instrumental, na qual Charlotte Church contribui com a sua voz como se fosse mais um instrumento, e esta versão single , em que ela forma palavras com a voz. Ambas delicadas peças entre o sinfónico e o operático que nos envolvem na sua espiral melódica.
"Remember Me" (do filme 'Troy', 2004)
Música: James Horner | Letra: Cynthia Weil | Interpretação: Josh Groban e Tanja Tzarovska
Numa frase: Canção (e filme) de pouco sucesso crítico, anda sempre à volta do mesmo em termos de letra e música, mas é a voz de Groban que lhe dá aquele extra necessário para que a fiquemos a ouvir até ao fim. Já a voz de fundo de Tzarovska tenta dar aquele toque de 'Gladiador' que não cai bem.
"Listen to the Wind" (do filme 'The New World', 2005)
Música: James Horner | Letra: Glen Ballard | Interpretação: Hayley Westenra
Numa frase: Magnífica. Reflecte na perfeição a liberdade, a beleza e a poesia do cinema de Malick. E é um hino à natureza.
Numa frase: Magnífica. Reflecte na perfeição a liberdade, a beleza e a poesia do cinema de Malick. E é um hino à natureza.
"I See You" (do filme 'Avatar', 2009)
Música: James Horner | Letra: Kuk Harrell | Interpretação: Leona Lewis
Numa frase: A seguir aos efeitos visuais, bem que pode ser o melhor que este filme tem para oferecer. Ao contrário do filme, ao menos aqui as emoções são sinceras e Leona explode como as melhores quando é preciso.
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