Realizador: Jacques Demy
Actores principais: Catherine Deneuve, George Chakiris, Françoise Dorléac
Duração: 120 min
Crítica: Quando as pessoas descobrem que eu sou um cinéfilo muito dedicado, é natural perguntarem-me, quase imediatamente, qual é o meu filme preferido. Eu geralmente respondo com uma palavra: "Chaplin". Antes que o leitor se assuste, quero afirmar peremptoriamente que não me estou a referir ao filme biográfico ‘Chaplin’ de 1992 realizado por Richard Attemborough, para mim um fiasco a todos os níveis. Na realidade, ao dizer "Chaplin" não me estou a referir a um filme, mas ao homem. Como que diz "tudo o que Chaplin alguma vez fez". Se as pessoas querem mais especificidade, eu costumo dizer que o seu canto de cisne; ‘Limelight’ (1952), é o meu filme preferido. Mas se retirarmos Chaplin da equação, então há um filme que para mim se destaca claramente acima de todos os outros. E esse filme é o musical mágico de Jacques Demy, ‘Les Demoiselles de Rochefort’.
Como descrever o que é indescritível? ‘Les Demoiselles de Rochefort’ é uma explosão de cor (muita cor!), música, dança e boa disposição, perfeitamente condensada em 120 minutos. É, sem qualquer sombra de dúvida, o maior e o mais bem conseguido filme ‘feel good’ de todos os tempos. E quando digo ‘feel good’ não me estou a referir a uma comédia, a uns momentos engraçados que oferecem boa disposição mas depois se esquecem. Estou a referir-me a um estado de espírito, a um elevar da alma, a uma vontade inacreditável de viver e dançar e ser feliz, que o filme transmite a cada frame. Estou a referir-me a algo que perdura, não como exemplo do brilhantismo da técnica cinematográfica (que também tem, como descreverei de seguida), não como exemplo da maior mestria literária do argumento, mas como o exemplo dos princípios mais básicos do Cinema (com ‘C’ grande): entretenimento, escapismo, beleza visual e inspiração. Torrentes de inspiração.
"Como descrever o que é indescritível? ‘Les Demoiselles de Rochefort’ é uma explosão de cor (muita cor!), música, dança e boa disposição, perfeitamente condensada em 120 minutos. É, sem qualquer sombra de dúvida, o maior e o mais bem conseguido filme ‘feel good’ de todos os tempos."
Na minha opinião pessoal, Jacques Demy é, dos grandes realizadores da história do cinema, aquele que é mais vezes negligenciado. E é-o por uma razão muito simples. As suas grandes obras não são épicos colossais, não são dramas pungentes, não são filmes de gangsters. Todos estes géneros são ‘populares’, e portanto os Coppolas e os Scorseses desta vida detêm um lugar de destaque que Demy deveria ter mas não tem. Demy está lá em cima com Chaplin, Mallick, Kurosawa, Leone, Ford ou Kubrick. Mas, tirando em França, nunca se ouve o seu nome nos grandes ciclos. Pois o género de Demy era o musical. E como todos sabemos, os musicais raramente são tidos como grandes ‘obras’. Mas um grande filme pode surgir num musical como pode surgir em qualquer outro género. E ninguém fazia musicais como Demy.
Demy proveio do anonimato de uma pequena aldeia francesa, e ganhou uma bolsa de estudos de cinema em Paris graças a curtas-metragens em stop-motion que realizou na sua adolescência. Aos 30 anos de idade, em 1961, no despertar da ‘Nouvelle Vague’, fez o seu primeiro filme, o impactante e intimista ‘Lola’. ‘Lola’ era suposto ser um grande musical, mas a falta de fundos transformou-o no único filme musical da história sem música. Já é mágico, já é balético. Mas não tem as sequências ‘sonhadas’ de canto e dança que tornam um filme verdadeiramente musical. Seguiu-se ‘Le Baie des Anges’ em 1963, o seu primeiro (e quase único) drama assumido, sobre o vício do jogo. Mas se estes dois filmes são marca de um grande realizador a crescer, com um olho atento e subtil não só para o visual como para o humano, o melhor estava para vir. Em 1964 Demy ganhou a Palma D’Ouro com ‘Les Parapluies de Cherbourg’ o seu musical/melodrama inteiramente cantado, altamente experimental e sentimental; uma ópera de fazer chorar baba e ranho sobre uma trágica história de amor. ‘Les parapluies de Cherbourg’ fez com que Demy ganhasse fama internacional e seguiu-se uma aventura em Hollywood que, por divergências artísticas, acabou por não resultar em nenhum filme. Demy voltou para França e o seu filme seguinte acabou por ser um regresso às origens, um decompor da essência do musical e a revelação da sua forma mais pura.
O universo mágico de Jacques Demy nunca esteve tão animado e colorido como em ‘Les Demoiselles de Rochefort’. Se os seus musicais são caracterizados por muita cor, movimentos teatrais e decompostos, épicas bandas sonoras de Michel Legrand, subtis homenagens à época de ouro dos musicais de Hollywood (1940/1950), filmagem em cidades médias francesas, e alguma crítica social, o seu filme em Rochefort detém todos estes elementos mas mais um. É talvez o seu filme mais ‘despreocupado’. Não no sentido em que é desleixado, mas no sentido em que há uma enorme sensação de alegria na sua execução, no sentido em que se nota perfeitamente que é um trabalho de amor, de dedicação, com uma história e uma técnica de filmagem que sai do coração e por isso não há qualquer tensão, ou necessidade de provar um ponto, ou a pressão de ter um sucesso na bilheteira, ou de fazer algo ‘socialmente relevante’, ‘inteligente’ ou qualquer outra coisa que geralmente apela à crítica. Não. ‘Les Demoiselles de Rochefort’ é alegria condensada. É amor em bruto, não trabalhado. É um filme sem pretensões, que é a vida. Mas a tudo isto é dada uma camada sonhada, surreal, tão típica dos musicais, uma auto-consciência às personagens que parecem estar cientes da teatralidade e da encenação. Portanto é um filme em que colidem a magia do cinema, um mundo utópico que o espectador tem perfeita consciência que é artificial, e a alegria e os sentimentos de estar vivo no mundo real, de ser, de amar, de sorrir e de dançar. O filme balança-se despreocupadamente neste limbo sem nunca se decidir pelo lado que mais prefere.
"‘Les Demoiselles de Rochefort’ é alegria condensada. É amor em bruto, não trabalhado. É um filme sem pretensões, que é a vida. Mas a tudo isto é dada uma camada sonhada, surreal, tão típica dos musicais, uma auto-consciência às personagens que parecem estar cientes da teatralidade e da encenação. Portanto é um filme em que colidem a magia do cinema, um mundo utópico que o espectador tem perfeita consciência que é artificial, e a alegria e os sentimentos de estar vivo no mundo real, de ser, de amar, de sorrir e de dançar."
Desta forma, ‘Les Demoiselles de Rochefort’ completa a trilogia não oficial de Demy sobre as cidades médias francesas. ‘Lola’ passa-se em Nantes. ‘Parapluis de Cherboug’ passa-se em Cherburgo e detém uma personagem comum a ‘Lola’, que faz a ponte entre os filmes. ‘Les Demoiselles de Rochefort’ passa-se, claro está, em Rochefort, e numa cena (a do jantar no café) há a clara referência às personagens dos dois filmes anteriores. Embora os três filmes sejam estruturalmente e conceptualmente diferentes, possuem o mesmo fio condutor. É algo que se sente, não que se vê.
‘Les Demoiselles de Rochefort’ já não é todo cantado, ao estilo operático, como o filme em Cherburgo. É um musical ‘à antiga’, com cenas de diálogo que são constantemente interrompidas por números de canto e de dança ‘no meio da rua’, ou seja, sem que haja quebra no espaço e no tempo, e oferecendo continuidade à história. Aliás, esta continuidade é das coisas mais maravilhosas que o filme contém. É só ver a cena em que Catherine Deneuve vai da praça principal à galeria de arte. Estes trinta segundos são do melhor Cinema que alguma vez poderá haver. Enquanto caminha, de repente o passo transforma-se em dança, e os transeuntes transformam-se no corpo de baile. Mas não há quebra. Deneuve continua a dirigir-se para a galeria no quarteirão seguinte. É esse o objectivo do plano. Só que o faz de uma forma muito mais harmoniosa. E bela. E poética. Esta é a magia do cinema de Demy.
A história passa-se toda ao longo de três dias, de sexta a domingo. É o fim-de-semana de Feira em Rochefort, e acompanhamos a chegada dos feirantes na sequência inicial. Enquanto rolam os créditos, acontece o mesma magia a que me referi no parágrafo anterior. Uma viagem de ferry transforma-se de repente num número de dança perfeitamente sincronizado com as letras do genérico, a deslocação do barco e a música de Legrand. Os dois feirantes principais são interpretados por George Chakiris (que seis anos antes ganhara o Óscar de Melhor Actor Secundário em ‘West Side Story’) e Grover Dale, dois homens que gostam de animação e mulheres, e, como cantam na música ‘Nous voyageons de ville en ville’ não se importam de andar de terra em terra a vender motas, ter novas aventuras e novos romances.
"É um musical ‘à antiga’, com cenas de diálogo que são constantemente interrompidas por números de canto e de dança ‘no meio da rua’, ou seja, sem que haja quebra no espaço e no tempo, e oferecendo continuidade à história. Aliás, esta continuidade é das coisas mais maravilhosas que o filme contém. É só ver a cena em que Catherine Deneuve vai da praça principal à galeria de arte. Estes trinta segundos são do melhor Cinema que alguma vez poderá haver"
Em Rochefort vão-se cruzar com as restantes personagens deste filme. Tudo gira à volta da praça central e do seu café de vidro, cuja dona, a grande Danielle Darrieux, nunca parece sair de lá. Aliás, só na sua última cena é que é filmada fora, algo que tem um óbvio simbolismo na história, mas que não irei revelar nesta crítica. Darrieux é mãe de duas gémeas, interpretadas pelas irmãs na vida real Catherine Deneuve e Françoise Dorleac (o verdadeiro nome de Deneuve é Catherine Dorleac). Este também foi um dos últimos filmes de Dorleac antes da sua trágica morte nesse mesmo ano, com apenas 25 anos de idade, num acidente de viação. Juntas, têm uma química incrível, e o espectador acredita que as actrizes são realmente gémeas (o que não é verdade!). Uma ensina dança e a outra música. Ambas sonham mudar-se para Paris para fugirem do tédio de Rocheford e tornarem-se, respectivamente, uma dançarina e uma compositora famosas. Deneuve também procura um homem que pintou um retrato estranhamente parecido com ela, e Dorleac anseia conhecer um famoso compositor americano. O pintor é interpretado por Jacques Perrin, um soldado da marinha que procura o seu ideal feminino que imortalizou numa pintura. O compositor é o grande Gene Kelly (numa aparição especial), que vem à cidade visitar o seu amigo de escola interpretado por Michel Piccoli, que por sua vez tem uma loja de música, é o melhor amigo de Dorleac (e poderá estar apaixonado por ela) e é um amor de juventude da mãe desta. As irmãs Dorleac vão, por sua vez, obviamente cruzar-se também com os feirantes.
Em suma, o argumento consiste numa comédia de enganos, de encontros e desencontros, ao estilo shakespeariano, em que todos buscam o amor, a felicidade e o destino pelas ruas da cidade de Rocheford. Pelo meio, há músicas e números de dança a um ritmo frenético (bem superior ao dos musicais normais), todos eles magníficos e fluídos, e todos eles sob a batuta do grande maestro Michel Legrand, que apresenta aqui a banda sonora mais inspirada da sua carreira. ‘Chanson des jumelles’ ou ‘Chanson d'un jour d'été’ são hinos à alegria e à vida, enquanto outras músicas como ‘Chanson de Maxence’ ou o concerto composto pela personagem de Dorleac são delicados hinos ao amor. São músicas que os grandes fãs deste filme trauteiam sem se aperceber disso no dia a dia, e que cantam em conjunto com o filme cada vez que o revêem. Só é de lamentar que a maior parte das vozes de canto seja dobrada. Estávamos ainda num tempo em que isto era prática comum, e cantores profissionais eram usados para dar credibilidade ao canto de actores conhecidos (por exemplo Audrey Hepburn em ‘My Fair Lady’, Natalie Wood em ‘West Side Story’ e Marilyn Monroe nalgumas cenas de ‘Gentlement Prefer Blondes’ são dobradas quando cantam exactamente pela mesma pessoa: a soprano Marni Nixon). Mas neste filme esta dobragem está tão bem feita que, verdade seja dita, passa completamente despercebida.
Para além da música e da infinita sensação de felicidade (que surge sem uma única piada fácil ou qualquer cena explícita de comédia) há que destacar também o próprio trabalho de técnica cinematográfica. A fotografia colorida (ainda mais colorida após o restauro em 1991 sob a supervisão de Agnes Varda, a famosa documentarista e esposa de Demy que, especulam muitos, foi co-realizadora deste filme) capta na perfeição o ‘velho’ look do Tecnicolor (que diga-se fica bem melhor em Blu-ray que os filmes de hoje em dia), e Demy tem uma realização delicada mas claramente intrusiva, a demarcar uma posição: o ângulo emocional do espectador. As suas escolhas de planos fazem lembrar os elaborados shots em estúdio dos clássicos dos anos 1950, sendo que a importante diferença é que os realiza num exterior real, o que contribui ainda mais para a dicotomia mágica a que já aludi. E como se não bastasse, Demy faz outras escolhas muito inteligentes. Dou dois exemplos destas escolhas, pormenores alguns dirão, mas que revelam a consciencialização perfeita do tipo de produto que Demy queria produzir.
"Há que destacar também o próprio trabalho de técnica cinematográfica. A fotografia colorida (...) capta na perfeição o ‘velho’ look do Tecnicolor (...), e Demy tem uma realização delicada mas claramente intrusiva, a demarcar uma posição: o ângulo emocional do espectador. As suas escolhas de planos fazem lembrar os elaborados shots em estúdio dos clássicos dos anos 1950, sendo que a importante diferença é que os realiza num exterior real"
Por um lado há a brilhante cena, no domingo, em que as gémeas cantam ‘Chanson d'un jour d'été’ a pedido dos feirantes. Todas as personagens passaram 1h45min de filme a cantar e a dançar como ninguém. No único momento de todo o filme em que há alguma personagem que está realmente a cantar e a dançar na acção (a fazer um espectáculo para os visitantes da feira) a dança já não é mágica, nem perfeita nem sem falhas. É a dança de duas raparigas hesitantes, nervosas pela sua aparição em palco, e um pouco atabalhoadas (como são), embora graciosas, a tentar dar o seu melhor para não desapontar os seus novos amigos. Estão um pouco dessincronizadas, estão claramente a pensar nos movimentos e a contar passos, e só no clímax da dança ganham confiança. Ou seja, Demy claramente demarca o ‘dançar e cantar’ irreal na acção, que em prol do espectador do filme é filmado como perfeito e imaculado – a magia do musical - e o ‘dançar e cantar’ real na acção, e que portanto é terra-a-terra – a realidade.
Um segundo pormenor está na forma como Demy escolhe acabar o filme. Considero este um dos melhores finais da história do cinema. Não por aquilo que mostra, mas precisamente por aquilo que não mostra. Quando a maior parte das linhas argumentais já estão fechadas e os vários casais do filme finalmente se encontram e unem, fica a parecer que o casal principal: Deneuve e Perrin; o ideal feminino e o seu pintor, não se vão encontrar. Até que chegamos ao último plano. Demy habilmente descarta uma cena previsível e desnecessária, tão típica de Hollywood, e em vez disso mantém o filme no nível em que ele deve estar, ou seja, no reino do sonho e da fantasia. Não há o encontro dos amantes. Mas há a certeza inequívoca, à medida que a sucessão de camiões da feira de afasta de Rochefort, que eles se irão encontrar…
‘Les Demoiselles de Rochefort’ tem uma história simples e pouco profunda, o que não quer dizer que não esteja bem trabalhada. Mas ao mesmo tempo tem referências ousadas ao ‘free-love’ dos anos 1960 e até, para mim das poucas falhas do filme, uma história secundária que envolve um assassinato (que facilmente poderia ser descartada). A quase ininterrupta musicalidade e a sucessão de cenas de dança, bem como a contínua sensação de boa disposição poderá fazer esquecer que na realidade o filme tem várias camadas sentimentais, que vão para além do pastiche melodramático. A personagem de Deneuve, por exemplo, hesita até à última se mantém a relação sem amor com o interesseiro negociante de arte. E se algumas coisas na história são um pouco o estofo de conto de fadas (Darrieux tinha acabado a sua relação antiga só para não casar com um homem chamado Dame, e portanto não ser a Madame Dame) outras não podiam ser mais na muche no que respeita as relações reais entre homem e mulher. De novo a dualidade entre o real e o imaginário. E, como já referenciei, ao mesmo tempo o filme é executado com uma técnica soberba, e com um respeito enorme ao género musical de Hollywood. A aparição especial de Gene Kelly como o compositor americano, é o ponto alto desta homenagem. Com 55 anos, e numa das suas últimas aparições num filme de relevo, Kelly dança melhor que qualquer outra pessoa no filme, incluindo os jovens dançarinos. Se não tivesse mais valências, o filme valeria só pela primeira dança de Kelly, uma clara homenagem ao seu ‘An American in Paris’ (1951).
"‘Les Demoiselles de Rochefort’ é o filme perfeito. Tem alegria, tem música, tem dança, tem grandes actores, exibe uma brilhante técnica cinematográfica e respeita e homenageia o cinema. Para mim é o Cinema, mas mais que isso. É a razão pela qual amo o cinema, a razão pela qual os filmes me inspiram e me dão vida. Volta e meia meto o DVD a dar e vejo cenas ao acaso (...) É o meu filme preferido porque (...) cada canção, cada passo de dança, cada detalhe, me diz qualquer coisa, e o todo levanta-me o espírito"
‘Les Demoiselles de Rochefort’ é o filme perfeito. Tem alegria, tem música, tem dança, tem grandes actores, exibe uma brilhante técnica cinematográfica e respeita e homenageia o cinema. Para mim é o Cinema, mas mais que isso. É a razão pela qual amo o cinema, a razão pela qual os filmes me inspiram e me dão vida. Volta e meia meto o DVD a dar e vejo cenas ao acaso. Nenhum outro filme me desperta esta necessidade. É o meu filme preferido porque o posso ver uma e outra vez sem me fartar. Porque cada canção, cada passo de dança, cada detalhe, me diz qualquer coisa, e o todo levanta-me o espírito de uma forma que não consigo descrever. Sussurro as músicas no dia a dia, sorrio sempre que penso no filme, dá-me prazer falar dele a outras pessoas, quero vê-lo sempre mais uma vez. Que outras provas posso dar mais que estas?
Eu sei que talvez não tenha feito a melhor crónica de sempre sobre ‘Les Demoiselles de Rochefort’. Mas por ser um filme tão desconhecido do grande público tentei falar um pouco sobre todos os seus aspectos, e todas as sensações que me inspira. Comecei por perguntar como se poderia descrever o que é indescritível. Não sei, talvez seja essa a melhor descrição de todas, o facto de ele para mim ser indescritível. É um musical, sim, mas é, antes disso, um grande filme. É a obra mais duradoira e mais bem amada de Demy. Há legiões e legiões de fãs por esse mundo fora que adoram as gémeas de Rochefort. Creio que só poderá haver dois tipos de pessoas. As que viram o filme mas que não sentem nada em relação a ele, e as que viram o filme e o idolatram. Não há meio termo. É como as melhores fantasias da Disney, ou os melhores musicais de Fred e Ginger. Ou se entra no universo mágico ou não se entra. O leitor terá que ver o filme para poder saber de que lado do portal mágico fica.
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